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27/11/2013

Engenho Sibiró de Cima, Santa Cruz, hoje Sibiró do Mato/Ipojuca


A conquista de Ipojuca teve início em 1560, após a escravização dos índios caetés. A partir daí, os colonos de origem europeia puderam ocupar suas terras férteis e ricas em massapê, e que eram propícias para o cultivo da cana-de-açúcar e construindo de diversos engenhos na região. Entre os pioneiros, estavam as famílias Lacerda, Cavalcanti, Rolim e Moura.
Mapa Ipojuca/Pernambuco
Hoje suas terras fazem parte da Região Metropolitana do Recife. Administrativamente, o município é formado pelo distrito-sede, pelos distritos de Camela e de Nossa Senhora do Ó e pelos povoados das praias de Porto de Galinhas, Muro Alto, Cupe, Maracaípe, Serrambi, Touquinho e seus engenhos. Na região existem vário engenhos como o: Água Fria, Amazonas, Arendepe, Arimbi, Belém, Benfica, Boacica, Bonfim, Cachoeira, Caetés, Canoas, Canto, Conceição, Crauassu, Daranguza, Dois Mundos, Dourado, Esmeralda, Jenipapo, Jussaral, Macaco, Maranhão, Mauá, Mirador, Pará, Penderama, Pindoba, Pirajá, Queluz, Saco, Santa Rosa, São Paulo, Sibiró do Mato, Sibiró da Serra, Supitanga, Tapera, de Todos os Santos.
           No século XVII, existiam na Capitania de Pernambuco vários engenhos denominados Sibiró: Sibiró de Baixo, em Ipojua e o Sibiró de Cima ou do Mato e o de Baixo em Serinhaém. (cf. Diário ou Breve Discurso, XV, pág. 143 e 145).
Segundo Pereira da Costa (1812, vol. 07. Pág. 91), quando os holandeses invadiram Pernambuco a freguesia de Ipojuca, que na época chamavam a Bela Pojuca, contava no seu termo os seguintes engenhos: Sibiró de Baixo sob a invocação de São Paulo, pertencente a Francisco Soares Ganha; Sibiró de Cima, a Manuel de Novalhas; Maranhão e Bertioga, a João Tenório; Trapiche, sob a invocação do Bom Jesus, a Francisco Dias Delgado; Santa Luzia, e o denominado Salgado, sob a invocação de S. João, a Cosme Dias da Fonseca; Pindoba, a Gaspar da Fonseca Carneiro; Caroaçu, a Manuel Vaz Vizeu; Guerra, e o de nome Nossa Senhora do Rosário, sem menção.
                O engenho Sibiró de Cima era movido à água e possuía um a igreja dedicada a Santa Cruz, sob a jurisdição de Olinda e freguesia de Ipojuca. Situado a uma milha de distância do engenho Pindoba, possuía duas milhas de terras, muito montanhosa, mas bem plantada de cana.
          Nota: A Jurisdição de Olinda e nas freguesias que dela faziam parte, inclusive Ipojuca, existiam 67 engenhos, sendo que quando os holandeses invadiram Pernambuco haviam 20 de fogo morto e 47 moentes e destes 05 foram confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais.
Nomes históricos:  Sibiró (Çebiró, Sibero) de Cima (di Riba.), Santa Cruz; atualmente se chama, possivelmente, engenho Sibiró do Mato, de acordo com o mapa IBGE Geocódigo 2607208 Ipojuca - PE.
            O engenho Sibiró foi fundado antes da invasão holandesa por Manoel de Nobalhas Yurrea, antes de 1623, pois neste ano moeu 6.550 arrobas de açúcar branco e 700 de açúcar mascavo.

Manoel de Nobalhas Yurrea (Urrêa) – Filho de Francisco de Nobalhas Yurrea e de Maria de Mello. Neto paterno de Manoel Nobalhas Yurrea, nobre espanhol e senhor de vários engenhos, que em 1617 era casado com D. Anna Costa, segundo o Livro Velho da Sé de Olinda. Manoel de Nobalhas durante a ocupação holandesa fugiu de Pernambuco com o General Mathias de Albuquerque (1635) durante o grande êxodo dos senhores de engenhos pernambucanos. (Schott, 1636, pg. 6)
Casamento 01: D. Luísa de Mello, viúva de seu tio João de Nobalhas. Filha de Pedro Marinho Falcão e de D. Maria de Mello, s.g.
Casamento 02: D. Sebastiana de Mello, sua tia, filha de Bernardo Vieira de Mello (Cavaleiro Fidalgo) e de Maria Camello. Faleceu em 1748/eng. Sibiró, s.g..
Senhor dos engenhos: Sibiró de Cima ou Sibiró do Bom Jesus foi comprado a Manuel de Nobalhas.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.
Acioli, Vera Lúcia Costa. Informações sobre senhores de engenho de Pernambuco no século XVII. Estrutura: Nome do proprietário e do engenho/local/atividade-ofício/outros dados relevantes Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638, pg.83

ROTA: Engenho Sibiro do Mato - Ipojuca, Mapa Google

Em terras de Ipojuca, o primeiro golpe dos holandeses foi em 12/03/1634 quando após tomarem o Forte Nazaré em Cabo de Santo Agostinho, os holandeses se dirigiram mais ao sul desembarcando em terras de Ipojuca (engenho Salgado). Consolidando o domínio na região alguns proprietários resolveram abandonar seus engenhos queimando suas canas para que os holandeses não dessem continuidade no plantio. Em 1635, se deu o grande êxodo dos senhores de engenhos, que fugiram para a Bahia com o General Matias de Albuquerque, cerca de 8.000 pessoas. Entre eles se encontrava o proprietário do engenho Sibiró de Cima, Manoel de Nobalhas Yurrea e sua família.
Devido ao abandono dos engenhos pelos seus proprietários a Companhia das Índias Ocidentais vendeu a sua maioria a pessoas ligadas ao Alto Conselho Holandês ou que eram simpáticas a invasão. Em 20/06/1637, o engenho Sibiró de Cima foi vendido a João Carneiro de Mariz, por 40.000 florins, a serem pagos em prestações de 5.000 florins, a primeira a vencer em 01/01/1640.
Nota: O engenho foi citado pelos holandeses no Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ ∫ibԐro ∂ĭ Riba.'

João Carneiro de Mariz nasceu em 1582, segundo declaração feita em 20/04/1648, quando declarou que tinha 66 anos de idade: Torre do Tombo (Lisboa), Inquisição de Lisboa, processo 306 de Mateus da Costa. De acordo com Borges da Fonseca tudo indica que tenha nascido na Vila do Conde-PT. Filho de Francisco Carneiro da Costa, que foi Desembargador do Porto, e de Isabel de Mariz Pinheiro, batizada em /09/1536.
Chegou a Pernambuco antes de 1630, juntamente com seu irmão José Carneiro da Costa, que em 1620 era Morgado de São Roque e Orta Grande, da dita Vila do Conde. Foi Vereador da 1ª Câmara dos Escabinos (1637/38). No começo da invasão holandesa fora um dos que mais se aproveitou dos benefícios oferecidos pelos holandeses, se tornando um dos maiores devedores da Companhia das Índias Ocidentais holandesas. Durante a Restauração Pernambucana se voltou para o lado luso-brasileiro e lutou na guerra, juntamente com seu irmão José Carneiro da Costa e de seu sobrinho Pedro Álvares Carneiro.
Casamento 01: Na freguesia de Ipojuca com D. Maria Quaresma, filha de seu tio Pedro Alves Carneiro e de D. Maria Velha Ferreira.
Filhos: Francisco Carneiro da Costa c.c. Ana da Costa, filha de Gonçalo Dias da Costa (primeiro senhor do eng. Pirajui/Igarassu) e de Catharina Gil.. Francisco foi sucessor de seu tio José Carneiro da Costa no senhorio da Casa e do Morgado de São Roque e Orta Grande, em Portugal, onde tomou posse por procuração. Em 08/05/1653, morava na Várzea/Recife, de acordo com uma provisão que alcançou para não ser executado por um ano pelas suas dívidas. C.g.; Gonçalo Carneiro da Costa que sucedeu seu irmão, por procuração, no Morgado de São Roque e Orta Grande, em Portugal, que logrou por muitos anos. Foi Vereador de Olinda, de acordo com os livros da Câmara de 1680. Juiz Ordinário, em 1697. Capitão na guerra holandesa. Casou com D. Brites de Sá (viúva de Domingos de Oliveira Monteiro). irmão da Misericórdia, em 23/04/1696. S.g; João Carneiro de Mariz c.c. D. Ângela de Mello, filha de José de Albuquerque de Mello e de D. Brásia Baptista. C.g; D. Maria Carneiro de Mariz c.c. Gaspar Pereira Castelhano; D. Margarida Carneiro, falecida solteira; José de Jesus, nada consta; Manoel Carneiro de Mariz (eng. do Meio ou São Sebastião/Recife-Várzea) Vereador, em 1657, Juiz Ordinário em 1688 e 1702, e Provedor em 1704. Casado com sua prima D. Cosma da Cunha. C.g; D. Úrsula Carneiro de Mariz c.c. Paulo Carvalho de Mesquita; Isabel Carneiro (não se sabe se realmente existiu esta filha, citada no site Geneall.pt).
Senhor do engenho Sibiró de Cima/Ipojuca; Salgado/Ipojuca, Nossa Senhora do Rosário/Ipojuca (do qual foi rendeiro desde antes a invasão holandesa)
Fontes consultadas:
Acioli, Vera Lúcia Costa. Informações sobre senhores de engenho de Pernambuco no século XVII. Estrutura: Nome do proprietário e do engenho/local/atividade-ofício/outros dados relevantes.
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de:  1925 Vol. 47
Gonsalves de Mello, 1985, pg. 192.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Governo do Estado de Pernambuco. CEPE. 2ª Edição.  Recife, 2004

Em 1639, os holandeses estabelecem em Ipojuca através do Convento de Santo Antônio, prendem os frades franciscanos enviando-os para Recife sendo confinados em Itamaracá, deportam-nos para as Índias.  Foram presos os donos de engenho: João Carneiro de Mariz, Francisco Dias Delgado, João Carneiro de Moraes e Miguel de Sá.
Com a conquista assegurada, o governo holandês ofereceu aos imigrantes e aos senhores de engenho que não fugiram para a Bahia, diversos incentivos fiscais e empréstimos a prazo para a reconstrução dos engenhos arrasados pela guerra, com gado morto e escravos fugidos.
Em 1642, os senhores-de-engenho se tornaram os grandes devedores da Companhia, segundo informa o conde João Maurício de Nassau, estimando a dívida global em 75 tonéis de ouro, o que representava 7,5 milhões de florins; dois anos depois, a dívida já alcançava a elevada importância de 130 tonéis de ouro, correspondentes a 13 milhões de florins. Mas a Companhia continuou a ajuda-los financeiramente, facilitando a construção dos engenhos Aratangil, de Miguel Fernandes de Sá, Sibiró de Baixo, de Francisco Soares Cunha, ou pagando dívidas particulares de alguns senhores, como Jorge Homem Pinto, da Paraíba, João Carneiro de Mariz, de Ipojuca, e D. Catharina de Albuquerque, do eng. Santo Antônio da Muribeca.
Segundo Bullestrat em seu relatório de 1642, pág. 153, relatou que falou com João Carneiro de Mariz a propósito de suas dívidas para com a Companhia, de prestações atrasadas. E que ele prometeu entregar à Companhia metade do açúcar que produziria naquela safra para diminuição do seu débito.
Após a Restauração Pernambucana a maioria dos engenhos voltaram para as mãos dos seus antigos proprietários, não sendo diferente o eng. Sibiró de Cima cujo proprietário passou a ser João Noballas e Urreya.

João Noballas e Urreya – Filho de Manuel Noballas e Urreya, nobre espanhol que chegou a Pernambuco antes dos holandeses, e de D. Anna Soares.
Casamento 01: D. Joanna da Câmara de Albuquerque, filha de Mathias de Albuquerque Maranhão e de Catarina Feijó Guardes. Depois de viúva D. Joanna foi a segunda esposa de Domingos de Albuquerque Montenegro, s.g.
Filhos: Francisco de Nobalhas Yurrea c.c. Maria de Mello; Isabel da Câmara.
Senhor dos engenhos: Sibiró de Cima/Ipojuca
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.
Henry Levi Kaminski e Elite do Judiciário Paranaense. Anais do IV Seminário Nacional Sociologia & Política: Pluralidade e Garantia dos Direitos Humanos no Século XXI. 2012. Pág. 13.

                        O próximo proprietário encontrado foi Braz Vieira Rebello.

Braz Vieira Rebello Filho de Sebastião Maurício Wanderley e de sua segunda esposa D. Tereza Xavier de Mello. Exerceu o cargo de Capitão-mor e de Juiz Ordinário de Serinhaém.
Casamento 01: D. Anna Luiza Cavalcanti, filha de Antônio Cavalcante Correia e de D. Maria da Rocha de Luna, nascidos no engenho Sibiró do Bom Jesus.
Filhos: Anna Vieira c.c. João Marinho Falcão, residentes em Santa Maria Madalena/AL; João da Rocha Vieira Cavalcanti, sucessor no eng., Sibiró do Cavalcante, c.c. Marianna Cavalcanti; Manoel Gomes de Mello, Coronel, c.c. Antônia de Mello.
Senhor do engenho Sibiró do Bom Jesus/Serinhaém
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.

                O engenho foi herdado pelo seu filho João da Rocha Vieira Cavalcanti.

João da Rocha Vieira Cavalanti – Filho do Capitão-mor Braz Vieira Rebello e de Joanna Gomes de Mello.
Casamento 01: Marianna Cavalvante, viúva do Cel. Leão de Amorim Évora, filho do Cap. Domingos de Amorim Bittencoutr, sem sucessão desse casamento.
Filhos: João Cavalcante de Sá; Pedro; D. Marianna; D. Anna; D. Joanna.
Senhor do engenho Sibiró do Bom Jesus (sucessor de seu pai)
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional.Anais de 1925 pág. 214.

                Moradores ou proprietários encontrados:

Antônio Cavalcante Correia – Nascido no eng. Sibiró de Bom Jesus/Ipojuca.
Casamento 01: D. Maria da Rocha de Luna, nascida no eng. Sibiró de Bom Jesus.
Filhos: Anna Luiza Cavalcanti c.c. Braz Vieira Rebello
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.

João Cavalcante
Casamento 01: D. Francisca Caldas, o casamento foi realizado no eng. Sibiró.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925. Pág. 103

        Suas terras hoje pertencem a Usina Ipojuca.


Fontes consultadas:
Mello, Evaldo Cabral de. Olinda restaurada: guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Editora 34, 3a. ed., 2007.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Governo do Estado de Pernambuco. CEPE. 2ª Edição.  Recife, 2004
PEREIRA, Levy. "Cebiró de Riba". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Cebir%C3%B3_de_Riba. Acesso em: 26/11/2013.
Pergunte a Pereira da Costa. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/pc2/get.jsp?id=2033&year=1812&page=92 &query=1812&action=previous

2 comentários:

Guilherme Rocha disse...

Bom dia, tenho uma dúvida sobre um possível engenho\morgadio em Pernambuco.Uma ancestral minha seria proprietária de ''um engenho de fazer açúcar denominado Jussara de SantAna'', situado na freguesia do Ipojuca, além de serem proprietários e possuidores de uma parte do Engenho Sibiró de Santa Cruz (seria esse?).Os proprietários se denominavam ''morgados do Sibiró'' e tinham em regra o nome Sebastião de Mello Accioli (3 pessoas com esse nome). Existe declaração sobre esses engenhos no Arquivo Público de Pernambuco, sendo todas as informações prestadas pelo Dr. Ignacio Nery da Fonseca (ancestral do Edson Nery da Fonseca), casado com a viúva de um desses supostos morgados. Essas informações são datadas de 1858. Será que alguém poderia me dar algumas informações sobre esses supostos engenhos? Grato desde já.

Aluce disse...

Parabéns pela matéria, gosto muito de História, principalmente relacionada à Engenhos de rapadura do Nordeste.