Fontes

A maioria das informações vêem com a devida validação abaixo da publicação. Algumas não foram possíveis de indicar a fonte, mas demos à informação o valor e a importância que mereceu e esperamos poder validá-la com posteriores pesquisas.

27/06/2014

Pintos/Moreno

            O engenho Pintos foi fundado na segunda metade do século XVII, por Gonçalo Carneiro da Costa, em terras vizinhas ao engenho Moreno/Moreno, às margens do Rio Jaboatão, distante 16 km do Centro.

Gonçalo Carneiro da Costa – Filho de Francisco Carneiro da Costa (Morgado de São Roque/Portugal) e de D. Anna da Costa. Sucessor de seu irmão no Morgado de São Roque/Portugal, do qual tomou posse por procuração e o logrou por muitos anos. Vereador de Olinda (1680). Capitão de Infantaria de Ordenança de Pernambuco (1684). Juiz Ordinário, 23/11/1697.
Casamento 01: D. Brites de Sá, viúva de Domingos de Oliveira Monteiro. Filha de Simão Rodrigues (natural de Viseu/PT) e de Maria de Sá (natural de Pernambuco). Irmã do Cônego Simão Rodrigues de Sá. Neta materna de Francisco Velho Romeiro e de Beatriz de Sá, segundo o inventário do dito Simão, cujo testamento que foi feito no dia 01/11/1680, aprovado pelo Tabelião Diogo Cardoso. S.g.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (17).

Em 1693, o engenho Pintos foi vendido a João de Barros Rego, dono de vasta extensão territorial.

João de Barros Rego – Nasceu em1653/Olinda. Filho de com André de Barros Rego e de Adriana Wanderley, filha de Gaspar Wanderley (Van der Ley) e D. Maria de Mello. Neto materno de João Gomes de Mello (eng. Trapiche/Cabo de Santo Agostinho) e de D. Anna de Hollanda.
Capitão-mor de Olinda. Capitão de Cavalos de São Lourenço da Mata, por patente do Gov. João da Cunha Souto Maior, em 05/03/1688 e confirmada em 13/12 do mesmo ano. Vereador em Olinda (1685). Provedor da Fazenda Real (07/10/1690). Juiz Ordinário (1691). Provedor da Fazenda Real, pelo falecimento de seu primo João do Rego Barros, durante a menoridade de seu cunhado e sobrinho João do Rego Barros (2º Provedor proprietário). Cavaleiro da Ordem de Cristo, professo em 22/03/1633, nas mãos do Bispo D. Mathias de Figueiredo e Mello, que lhe lançou o hábito na Igreja Catedral de Olinda.
Instituidor da Colegiada da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, dotando-a a capelães para rezarem em coro (17/06/1702), depois eleito Provedor (1701 a 1702), fazendo, por sua conta, festas de ação de graças como o Santíssimo Sacramento exposto, cheio de jubilo por ver completos os seus desejos, que sempre tivera desta colegiada, e nesta ocasião orou o Padre João Máximo de Oliveira, (Arcebispo e depois Mestre Escola da Catedral de Olinda, aonde se conservam suas memórias de sua vida exemplar); assentando, no mesmo dia, renda para serem rezadas 1.025 missas anuais, por sua tensão e pela de sua 2ª esposa e tia D. Margarida Arcângela Barreto.
Um dos chefes do partido da nobreza (1710-1711). Durante a Guerra dos Mascates participou das batalhas e acabou preso em maio de 1712, vindo a falecer no mesmo ano na prisão (Fortaleza do Brum, Recife).
Casamento 01: Maria Vidal, filha de Lopo Curado e de Isabel Ferreira. Meia irmã do Gov. André Vidal de Negreiros. S.g;
Casamento 02: D. Margarida Arcângela Barreto, sua tia, filha de Francisco do Rego Barros (Fidalgo da Casa Real) e de D. Arcângela da Silveira. s.g;
Casamento 03: Margarida Cavalcante d’Albuquerque, filha de João Cavalcante de Albuquerque, o Bom, e de D. Simoa Fragoso. D. Margarida depois de viúva c.c. Pedro Cavalcante Bezerra (s.g.).
Filhos: 01- D. Maria, falecida criança.
Senhor dos engenhos: Bulhões/Moreno, Buscau, Camarão, Capim-assu, Catende/Catende, Estiva, Jaboatão/Jaboatão dos Guararapes, Moreno/Moreno, Pereiras/Moreno, Pintos/Moreno, Quilombo, Sapucaia, Viagens e Xixaim
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais: 1925 Vol. 47 e 1955 Vol. 75

O morgadio de Pintos foi instituído por sua esposa, D. Margarida Cavalcante d’Albuquerque.

Margarida Barreto de Albuquerque – Filha do sargento-mor Antônio Pais Barreto. Instituidora do Morgado dos Pintos, em 1794, que durou até 1843, mas o vínculo não abrangia Moreno.
Casamento 01: João de Barros Rego – Nasceu em1653/Olinda e faleceu antes de 1748-eng. Curado ou São Sebastião/Recife-Curado. Filho de com André de Barros Rego e de Adriana Wandereley, filha de Gaspar Wanderley (Van der Ley) e D. Maria de Mello. S.g. (dados acima);
Casamento 02: Pedro Cavalcante Bezerra – Filho de Cosme Bezerra Monteiro e de sua terceira esposa D. Leonarda Cavalcante de Albuquerque. Capitão. Cavaleiro da Ordem de Cristo. S.g.
Senhora dos engenhos:  Pintos/Moreno
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (17).
           
NOTA: Um dos lavradores do engenho Pintos casou com Joanna Carneiro, c.g. D. Joanna era filha de D. Maria Carneiro e de José da Silva, morador do engenho Emboassica/Ipojuca.
           
         O próximo proprietário encontrado foi Francisco de Barros Rego.

Francisco do Rego Barros – Filho primogênito de João do Rego Barros (Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo) e de D. Luzia Pessoa de Mello.
Provedor proprietário da Fazenda Real. Fidalgo da Casa Real. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real. Juiz da Alfândega de Pernambuco. Padroeiro da Igreja de Nossa Senhora do Pilar/Recife e do Capitulo do Convento de Nossa Senhora das Neves da Ordem de São Francisco/Olinda. Senhor das capelas vinculadas nos engenhos: Água Fria e Pintos.
Francisco do Rego Barros era um genealogista escreveu, sem muito método, porém verdadeiras, umas memórias sucintas, porém verdadeiras s, à maneira de árvore de costado de várias famílias nobre e especialmente dos descentes de Arnau de Hollanda c.c. D. Brites Mendes de Vasconcellos, de quem era descendente. 
Casamento 01- D. Maria Manoela de Mello, sua prima. Filha de Manoel Gomes de Mello (Fidalgo da Casa Real, Sargento-mor da Ordenança, Senhor do eng. São João/Cabo de Santo Agostinho, encapelado por seu pai) e de D. Ignes de Goes de Mello - primos. Neta paterna de João Gomes de Mello e de Ignez de Almeida Pimentel. Neta materna de André de Barros Rego (Cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor do eng. São João/São Lourenço da Mata) e de D. Adrianna de Almeida Wanderley.
Filhos: 01- João do Rego Barros – Nasceu em Olinda. Fidalgo da Casa Real. Cavaleiro da Ordem de Cristo; 02- Sebastião Antônio de Barros Rego – nasceu em Recife. Fidalgo da Casal Real; 03- D. Luzia Anna de Mello c.c. Antônio Luiz de Siqueira Varejão Castello Branco, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real. S.g. até 1748; 04- D. Adrianna Thereza de Mello – c.c. Felippe de Moura Accioli, falecido antes de 1748, filho de João Baptista Accioly de Moura (eng. Itabatinga/Ipojuca, Fidalgo da Casa Real, Alcaide-mor de Olinda, em 1711), S.g.
Senhor dos engenhos Pintos/Moreno; Água Fria/São Lourenço da Mata.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (17) e de 1926 Vol 48 (16). Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Em 1983 o engenho Pintos foi desapropriado para reforma agrária pelo INCRA, e transformado no assentamento Herbert de Souza, onde moram hoje 400 famílias que conquistaram o direito de viver por lá e ou que receberam moradias por herança. No princípio as terras do engenho foram divididas em 147 lotes, administrados por pequenos agricultores. Atualmente, cada um tem seu espaço e todos plantam nas áreas comuns.
Casa grande Eng. Pintos 
Foto: James Davidson
A casa grande do engenho Pintos, em Moreno, foi construída no século XIX e tinha o estilo de falso bangalô, onde as casas eram adaptadas à nova moda de alpendres. Hoje se encontra em ruínas seu telhado e paredes inteiras estão caídas no chão. Touceiras de avenca em seu interior e a cozinha ganhou aspecto de floresta, mas podemos os pilares de sustentação da varanda. Contudo, pouco resta da balaustrada que contornava todo o alpendre.
A capela que existia na sala desmoronou. Sobrou apenas o altar vazio, com os anjos da decoração destruídos e um buraco na parede que indica o lugar onde antes repousava a santa. Segundo Geraldo Gomes (Engenho e Arquitetura, Fundação Gilberto Freyre, 1997), apesar de curioso, montar um oratório dentro de casa era comum, pois “grande parte dos ofícios religiosos era acompanhada apenas pelo senhor de engenho e seus familiares. Ter a capela privativa seria mais cômodo, no período da escravidão, os escravos assistiam à missa do lado de fora, pela janela, e quando o número de escravos aumenta, eram construídas capelas fora da casa-grande”. 

Capela do Eng. Pintos

Hélia Scheppa/JC Imagem

Em 2012, a Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA), Governo de Pernambuco, fez um projeto para construção da Barragem Engenho Pereira, para controle de enchentes do Rio Jaboatão que costumam afetar o município e parte de cidades vizinhas (Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, e Vitória de Santo Antão, Zona da Mata) e reforçar do abastecimento de água de Moreno e Jaboatão dos Guararapes. Igual ao Engenho Verde, em Palmares, o casarão do Engenho Pintos e seu entorno ficarão submersos numa represa.
Eng. Pintos. Capela -  Vista interna
Fot: JC Online
Caberá à COMPESA recompensar as famílias pela destruição de suas casas. "Cada morador vai ter o direito de escolher se prefere ser indenizado ou reassentado. O valor da indenização e os detalhes dessa negociação ainda serão acertados", disse o diretor regional metropolitano da COMPESA, Rômulo Aurélio de Melo, durante audiência pública ocorrida na última quinta-feira no Centro de Moreno. Na ocasião, foi apresentado à população o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da barragem, desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP) e uma das ações que deverá ser posta em prática pela COMPESA é o replantio das espécies encontradas na área a ser inundada.
Os animais identificados no engenho deverão ser encaminhados para outros territórios e os peixes tenderão a buscar outras áreas quando perceberem a mudança no meio, que acontecerá gradualmente. O Rima da Barragem do Engenho Pereira está disponível no site da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). 
NOTA: Ainda não há previsão de data para o início das obras.
Barragem do Eng. Pereira - Área que vai ser inundada



Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (17)
PEREIRA, Levy. "Nicas (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Nicas_(engenho_de_bois). Data de acesso: 9 de abril de 2014

11/06/2014

Araripe de Cima, Espírito Santo, Spiritus San/Igarassu

Nome históricoEngenho Araripe de Cima, Espírito Santo, Spiritus San.
O mapa IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 Capitania de Itamarica também plota 04 engenhos no vale do Rio Araripe, que, na mesma sequencia acima citada, são: o Araripe (m.d.), o Spirito Santo (m.d.), 'o Araripe de Baixo (m.e.) e o Velho (m.e.), o que permite seguramente correlacionar um a um e sequencialmente os topônimos.
O mapa IT (Orazi, 1698) Provincia di Itamaracá mescla essa situação, plotando no vale do 'R. Araripe' 06 engenhos, que, na mesma sequencia acima citada, são: o Araripe (m.d.), 'São Felipo São Tiago' (m.d.), 'Spirito Santo (m.d.), Bon Iesus (m.e.), 'e o Araripe de Baxo (sem símbolo, presumivelmente na m.e. ou com seu símbolo próximo à 'Arari', possível denominação do rio - situação no mínimo confusa) eVelho' (m.e.), o que nos faz descartar, neste caso, a utilidade dessa referência.
No relatório (Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638), o único que sita as invocações de santos das capelas desses engenhos, podemos identificar os seguintes engenhos:
     - Araripe de Baixo (Bom Jesus, Velho), capela sob a invocação de Nossa Senhora do Ó, pertence a Francisco Lopes Orosco.
     - Araripe de Cima, sob a invocação do Bom Jesus, pertence a Francisco Lopes Orosco.
    - Araripe de Cima (Espírito-Santo, Spiritus San. = spirito Santo = Espírito Santo), sob a invocação do Espírito Santo, pertencente a Gonçalo Novo de Lira;
    - Araripe (Araripe de Riba, Jaracutinga, São Filipe o Lago, Garasutinga, Araripe de Cima), sob a invocação de Saão Filipe e Santiago, pertencente a Domingos da Costa Brandão.
     - Velho, pertencente a Francisco Lopes.

Nome atual: Araripe de Cima. (Araripe é de origem Tupi e, segundo Teodoro Sampaio, significa "no rio dos papagaios")
Hoje em suas terras existe um estabelecimento (Companhia Agroindustrial de Igarassu), segundo o mapa IBGE: Geocódigo 2606804 Igarassu-PE.

NaturezaEngenho movido à água, com igreja sob a invocação do Espírito Santo e depois a Santa Luzia.
LocalizaçãoCapitania de Itamaracá  e freguesia de Igarassu - Vila Antiga de Iguarassu.
NOTA: Nos relatórios Nassau-Siegen; Dussen; Keullen - 1638) e (Dussen, 1640) o eng, Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe, hoje Araripe de Cima, é citado como sendo da Capitania de Pernambuco.
Situado na margem direita do Rio Catucá-Rio Botafogo (Arari)
O engenho Araripe fica hoje situado a 14km de Igarassu, à margem da PE 41- Rodovia Transcanavieira.

O engenho foi citado nos seguintes mapas colonial:
     - Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ.
     - IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 Capitania de Itamarica, plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ: Ԑspirito Santo', na m.d. do 'R.Araripĭ' (Rio Catucá-Rio Botafogo).
     - IT (Orazi, 1698) Provincia di Itamaracá, representado como engenho, 'Spirito Santo', na m.d. do 'R. Araripe'.
     - PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'Spirito Sant.', na m.d. do rio 'Arari' (Rio Catucá-Rio Botafogo).
Segundo o mapa BQPPB na margem do Rio Catucá-Rio Botafogo (Arari) existiam 04: São Felipe o Lago (na margem direita do Rio, em Pernambuco); e na Capitania de Itamaracá: Espírito Santo (margem direita),Bom Jesus (na margem esquerda) e o Velho (margem esquerda).

História/Proprietários/Moradores

Localização Igarassu/PE
Por volta do ano 1.000, os índios tapuias que habitavam a região foram expulsos para o interior do continente devido à chegada de povos tupis: os caetés, procedentes da Amazônia.  
Sítio dos Marcos - Localizado na barra sul do
Canal de Santa Cruz, Pernambuco
Em 1516, foi implantada, ´por Cristóvão Jacques, a Feitoria de Pernambuco, na Ilha de Itamaracá, em local hoje conhecido por Sítio dos Marcos, pois nesta área posteriormente foram fincados os marcos de pedra divisórios das Capitanias de Itamaracá e de Pernambuco, por meio da qual os portugueses exploravam o pau-brasil, a cana de açúcar e detinham o controle no comércio da especiaria.
As ameaças de conquista do território pelos franceses e a necessidade de implantação de uma forma de ocupação que garantisse maior proteção à terra conquistada fizeram com que, em 09/03/1535, o 1º donatário Duarte Coelho Pereira, aportasse no então Porto de Pernambuco, desembocadura do canal de Santa Cruz, permanecendo no local por tempo indeterminado. Mas, como  o local era inseguro e possibilitava o aprisionamento do donatário em um possível cerco, apenas limitando a passagem nas duas extremidades longitudinais da Ilha de Itamaracá (LEMOINE, 2008), adotou-se a opção de ocupar a porção territorial mais a oeste do rio Igarassu, conhecido atualmente como rio São Domingos.
Igreja de São Cosme e São Damião
(pintura de Frans Posto, 
século XVII)
Em 27/09/1535, após vitória dos portugueses sobre os índios Caetés, fundou-se Igarassu, e no local foi construída uma igreja em homenagem aos santos protetores na batalha contra os índios, os Santos Cosme e Damião (BARRETO, 2007; LEMOINE, 2008).
A documentação existente sobre os engenhos fundado em Igarassu é muito escassa, porém a partir de pesquisas realizadas no Museu Histórico de Igarassu, foi possível obter maiores informações sobre sobre alguns dos principais engenhos da região: o eng. Araripe (fundado por Gonçalo Mendes Leitão) e eng. Inhamã (fundado por Antônio Jorge e Maria Farinha), que se ramificaram e se subdividiram dando origem a outros engenhos.
            No fim do século XVI ou princípio do XVII Gonçalo Novo de Lira (I) funda o engenho Espírito Santo/Igarassu. Em 1623, o engenho mói 4.304 arrobas de açúcar, sendo: 3.091 arrobas de açúcar branco e 1.213 arrobas de açúcar mascavo. 

Ruínas da Ig. Nossa Sra. da Misericórdia, século XVI.
Local onde eram realizados os autos da inquisição em Igarassu.

Gonçalo Novo de Lira (I) – Nascido na Ilha da Madeira. Chegou a Pernambuco no princípio de sua colonização com Duarte Coelho Pereira (1º Donatário).
CURIOSIDADES: Segundo o livro “Os Liras: o nome e o sangue – uma charada familiar no Pernambuco Colonial”, a família Lira tem origem na Ilha da Madeira/PT, onde ocuparam vários cargos no Santo Ofício de Portugal e na Madeira. Porém, chegaram a Pernambuco sem cor definitiva, e tomaram as cores raciais da Capitania se misturaram com várias famílias pernambucanas.
Mas, os “Novos de Lira” possuíam sangue judeu, pois Gonçalo Novo de Lira casou com uma provável neta de Branca Dias e Diogo Fernandes, denunciados pelo Santo Ofício de Pernambuco (1593-1595). O estudo ainda aponta que Gonçalo Novo de Lira IV se casou com uma mulher da família Pacheco, descendente do judeu Ruy Capão, que trazia da Ibéria além desse sangue, os traços do muçulmano semita e do muçulmano negro da África do Norte.
Casamento 01: Isabel de Lira, nascida na Ilha da Madeira/PT.
Filhos (04): 01- Gonçalo Novo de Lira, nascido na Ilha da Madeira. Sucessor de seu pai no engenho. C..c. Joanna Serradas. C.g; 02- Gaspar Novo de Lira c.c. Margarida Alves de Castro;  03- João Dias de Lira, nascido na Ilha da Madeira. C.c. Maria Ferraz; 04- Maria Nova de Lira, nascida na Ilha da Madeira.  C.c. Thomé de Castro.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana, 04 volumes. Olinda, 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935. Anais de 1625
Dussen. Relatório de 1640 (pag 156/157).
SANTOS, Maria Licínia Fernandes dos. Os Madeirenses na Colonização do Brasil. Centro de Estudos de História do Atlântico. Secretaria Regional do Turismo e Cultura. 1ª edição. Funchal-Ilha da Madeira, 1999.

Igreja de São Cosme e Damião/Igarassu, fundada em 1535.
A mais antiga em funcionamento no País.
Quando os holandeses invadiram Pernambuco (1630) Gonçalo Novo já era falecido e o engenho pertencia o seu filho primogênito Gonçalo Novo de Lira (II) e os lavradores eram: Antônio Álvares com 08 tarefas; Antônio Coelho com 08 tarefas; Bartolomeu Gomes com 12 tarefas; Bartolomeu Lambertsz van Boucholt e João d'Abreu com 18 tarefas; Francisco Correia com 10 tarefas; Francisco da Rocha com 15 tarefas; Francisco de Sousa com 14 tarefas; e Francisco Dias de Oliveira com 10 tarefas, totalizando 95 tarefas.

Gonçalo Novo de Lira (II) – Nascido na Ilha da Madeira. Chegou a Pernambuco no princípio da colonização com seus pais Gonçalo Novo e Isabel de Lyra e seus irmãos.
Promotor Fiscal do Santo Ofício em Pernambuco (1599). Valendo-se de sua autoridade fez arrematar os bens de D. Beatriz Fernandes, filha do casal de judeus: Diogo Fernandes e Branca Dias (eng. Camaragibe/Camaragibe). Tesoureiro Fiscal do Santo Ofício da Capitania de Pernambuco (1600), quando o Ouvidor de Pernambuco.
De acordo com o Frei Manoel Calado (O Valeroso Lucideno) viveu, como sucessor de seu pai, no eng. Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe no tempo dos holandeses ficando do lado dos inimigos (1630-1655). Quando os holandeses invadiram Pernambuco foi um dos seus aliados e continuou vivendo no seu eng. Espírito Santo e Santa Luzia do Araripe, em que sucedeu seu pai, segundo o autor de Valeroso Lucideno (fl. 216). NOTA 01: As atas do Alto Governo holandês incluem a concessão de licença para o carregamento de açúcar: Jerônimo Serrão de Paiva, Rodrigo de Barros Pimentel, Gonçalo Novo de Lira e Antônio Barbalho.
Escabino de Igarassu e Procurador do Povo. Em 1640, o conde Maurício de Nassau reuniu os principais proprietários de engenhos, representando suas freguesias, em uma assembleia de conteúdo democrático, para ouvir suas opiniões ...; Antonio Bulhões (Jaboatão dos Guararapes); Fernão do Vale (Muribeca); Gonçalo Novo de Lira (Igarassú); Rui Vaz Pinto (Itamaracá); Antonio Pinto de Mendonça (Paraíba) e Francisco Rabelo (Porto Calvo).
Ainda, segundo Frei Manoel Calado (12/1645), o Governador Geral da Bahia mandou que João Fernandes Vieira e Antônio Cavalcanti, quando foram socorrer os moradores de Goiana e da Paraíba, com seu 300 homens, prendessem quando passassem em Igarassu Gonçalo Novo de Lira e seus filhos e lhe mandou dizer que eram acusados de darem alvitres ao inimigo. Antônio Cavalcanti se deteve por alguns dias em Igarassu, para trato de assuntos particulares, e mandou um recado para Gonçalo Novo de Lira, para que andasse precatado enquanto ele ali se encontrasse, pois trazia ordem de prendê-lo. Gonçalo tratou logo de sair de seu engenho e de sua casa e foi se esconder no Recife, entre os holandeses, levando consigo dois frade de São Francisco (Frei João da Cruz e Frei Ângelo).
Gonçalo Novo de Lira alegando sua fidelidade ao domínio holandês, obteve autorização (1650) para receber 20 caixas de açúcar e para enviar aos seus filhos alguns tecidos. Entre 1645 e 1663, Gonçalo Novo de Lyra contraiu diversos empréstimos a WIC, tanto é que seu nome aparece na lista dos senhores de engenho que deviam a Companhia das Índias Ocidentais holandesas no montante de 16.500 florins.
Senhor dos engenhos: Araripe de Cima, antes Espírito Santo; Santa Lusia de Araripe
Casamento 01: Joanna Serradas. Filha de Gonçalo Dias Costa (eng. Peraju/Igarassu) e de Catharina Gil.
Filhos (06): 01- Domingos Velho Freire c.c. com uma sobrinha do Padre Loyo da Terra de Vera. Segundo as memórias do Cap. Jerônimo Faria de Figueiredo Domingos casou por procuração, mas nunca chegou a ver a sua esposa. Do seu relacionamento com Isabel Correia teve uma filha: 01- Maria Velha c.c. Antônio Varela de Lyra (natural da Ilha da Madeira), com quem teve os seguintes 02 filhos: 01- Antônio Varela; 02- Francisco Varela; 03- Manoel Varela; Maria Varela c.c.Antônio Borges de Lemos. C.g; Margarida Varella c.c. Mathias de Siqueira, filho de Lourenço de Siqueira. C.g; 02- Gonçalo Novo de Lira, o Ruivo. De acordo com o Frei Manoel Calado (O Valeroso Lucideno) viveu, como sucessor de seu pai, no eng. Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe no tempo dos holandeses. C.c.  Anna Correia de Brito, filha de Vicente Correia da Costa (natural de Alcobaça, que em 1616 servia de Feitor e Almoxarife da Fazenda Real em Pernambuco) e de Ignez de Brito Bezerra, segundo marido,  (irmã de Antônio Bezerra Barrida, naturais de Viana, da Casa dos Morgados de Paredes). C.g; 03- Joanna Serradas casou no Rio Grande do Norte com (?), o Minhoto.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana, 04 volumes. Olinda, 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935. Anais de 1625
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1634. Pág. 132. Edt. 34. 3ª edição. Rio de Janeiro, 2007.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.. 1ª edição. São Paulo, 2012.
Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil. Por Johannes Nieuhof, José Honório Rodrigues, Moacir Nascimento Vasconcelos. Livraria Martins, 1682 - pág. 389 
PEREIRA, Levy. "Spiritus San (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Spiritus_San_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 21 de dezembro de 2013.
           
O sucessor do engenho Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe/Igarassu foi seu segundo filho Gonçalo Novo de Liyra, o Moço.
            Em 1633, os holandeses atacaram o engenho; e, em 1636, o engenho é novamente atacado, desta vez pelos campanhistas luso-brasileiros, em represália pelo colaboracionismo de Gonçalo Novo de Lyra, o Moço, invadem o engenho pondo em pedaços todas as formas e caixas de açúcar (...) atirando a maior parte na água.
            No ano de 1638, o engenho contava com 09 partidos de lavradores, sem partido da fazenda, num total de 95 tarefas (4.750 arrobas).
           Em 1645 deu-se início ao longo processo de expulsão dos holandeses, a chamada Insurreição Pernambucana, que durou aproximadamente dez anos. Gonçalo Novo de Lyra temendo ser preso por João Fernandes Vieira e Antônio Cavalcanti, a mando do Governador Geral da Bahia, foge para o Recife e se refugia junto aos holandeses. O engenho Espírito Santo fica abandonado, entra em crise, e em 1646 estava de fogo morto.
             Após o falecimento de Gonçalo Novo de Lyra, o Moço, o engenho passa a pertencer ao seu 2º filho Gonçalo Novo de Lira (III).

Gonçalo Novo de Lira (III) Filho de Gonçalo Novo de Lyra e de Joanna Serradas. Falecido antes de 1726.
Senhor do engenho: Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe
Casamento 01: Anna Correia de Brito, nascida em Olinda, filha de Vicente Correia da Costa (Feitor e Almaxarife da Fazenda Real em Pernambuco, em 1616) e de Ignez de Brito Bezerra, natural de Alcobaça/PT, irmã de Antônio Bezerra Barrica, naturais de Viana, da Casa dos Morgados de Parede. NOTA: D. Ignez foi casada em primeiras núpcias com Henrique Leitão. Com geração nos dois casamentos.
Filhos (7): 
01- Francisco Correia de Lyra que sucedeu seu pai no engenho Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe. C.c. Maria Borges Pacheco, natural da Paraíba, filha de João de Souto (eng. das Tabocas/PB). C.g; 02- Gonçalo Novo de Lyra, em terras do engenho Araripe, que lhe coube em legítima, fundou o eng. Nossa Senhora da Piedade de Araripe. C.c. Paula Vieira de Mello, filha de Antônio Vieira e de Margarida Muniz (Sargento-mor da Comarca, Cavalheiro Fidalgo. Natural de Catanhede) e de Margarida Muniz. Neta paterna de Manoel Francisco e de Francisca Gonçalves. Neta materna de Marcos Fernandes Bittencourt e de Paula Antunes Muniz (naturais da Ilha da Madeira). C.g; 03 – Ignez de Brito Lira c.c. o Cap. Manoel de Mesquita da Silva e depois com o Cap. Jerônimo de Faria de Figueiredo. S.g. nos dois casamentos; 04- Joanna Serradas de Lira c.c. Francisco Mesquita da Silva (irmão de seu cunhado o Cap. Manoel de Mesquita da Silva), c.g. Depois de viúva c.c. o Sargento-mor Domingos de Sá Bezerra; 05- Isabel Correia06- Maria de Brito c.c. Manoel Dias de Sá. S.g; 07- (?).
Fontes consultadas:
Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil. Por Johannes Nieuhof, José Honório Rodrigues, Moacir Nascimento Vasconcelos. Livraria Martins, 1682 - 389 páginas
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana, 04 volumes. Olinda, 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935. Anais 1925
CALADO, Manoel (Frei). O Valoroso Luxideno. Vol. II. Pág 39. Edt. CEPE. Recife, 2004
Johannes Vigboons, 1665. Acervp do Museu Histórico de Igarassu

O próximo proprietário encontrado foi Francisco Correia de Lira, filho de Gonçalo Novo de Lira (III).

Francisco Correia de Lira – Filho de Gonçalo Novo de Lyra, o “Ruivo” e de Anna Correia de Brito. Sucessor de seu pai no engenho Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe.
O Sargento-mor Gabriel Figueiroa da Cunha, como administrador de sua esposa Ângela Vieira de Mello, e de seu primo José Pacheco de Lira, e de Antônio Vieira de Mello procurador de seus irmãos: Francisco Correia de Lira e José de Mello, ao Rei D. João V, solicitou em 12/01/1726,  a nomeação de um Juiz privativo para cobras ao tutor José Fernandes da Silva o pagamento dos bens de seu pai Gonçalo Novo de Lira.
Senhor dos engenhos: Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe
Casamento 01: Maria Borges Pacheco, natural da Paraíba, filha de João de Souto (eng. das Tabocas/PB) e de Anna R..., ambos naturais da Ilha da Madeira/PT
Filhos (2):
01- Gonçalo Novo de Brito, sucessor de seu pai no engenho: Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe. C.c. D. Cosma da Cunha de Andrada, filha de Zacharias de Bulhões (eng. São João/Jaboatão dos Guararapes) e de D. Jerônima da Cunha de Andrada; 02- João de Souto Maior c.c. sua prima Margarida Muniz, filha de Gonçalo Novo de Lyra e de Paula Vieira. O casal teve um filho único: João de Souto Maior (senhor do eng. Pirajeu, que pertenceu ao seu 4º avô), c.c. D. Francisca de Albuquerque, filha de Lourenço d e Castro (Alferes) e de D. Maria Magdalena de Albuquerque. S.g. NOTA: D. Francisca após ficar viúva voltou a casar com (?).
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana, 04 volumes. Olinda, 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935. Anais 1925

            Após o falecimento de Francisco Correia de Lyra o engenho passou a pertencer ao seu filho primogênito Gonçalo Novo de Brito.

Gonçalo Novo de Brito – Filho de Francisco Correia de Lyra (eng. Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe) e de Maria Borges Pacheco.
Senhor dos engenhos: Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe
Casamento 01: D. Cosma da Cunha de Andrada, filha de Zacharias de Bulhões (eng. São João/Jaboatão dos Guararapes) e de D. Jerônima da Cunha de Andrada. Neta paterna de Antônio de Bulhões (natural de Viseu/PT) e de Maria de Figueiroa. Neta materna do Cel. Pedro da Cunha de Andrada (Moço da Casa Real) e de D. Cosma Froes, filha de Diogo Gonçalves (Auditor da Gente da Guerra de Pernambuco e um dos primeiros senhores de engenho de Pernambuco – Casa Forte, Santo Antônio e Beberibe, que legou para cada um de seus filhos) e de D. Isabel Froes (açafata da Senhora Rainha D. Cathariana, filha de Álvaro de Campo, que serviu na Índia e era 3º neto do General Francisco de Brito Freire que foi Almirante da Armada). Neta paterna de Antônio de Bulhões (eng. Bulhões antes São João Baptista/Jaboatão dos Guararapes), Cavalheiro da Ordem de Cristo, e de Maria de Figueiroa (nascida em Olinda).
Filhos (8): 
01- Zacharias de Bulhões c.c. sua prima Maria Pacheco de Lyra (primeiro marido), filha de Gonçalo Novo de Lyra e de Dionísia Pacheco Pereira. S.g; 02- Francisco Correia de Lyra que foi Clérigo Presbítero; 03- D. Cosma da Cunha de Andrade que foi a primeira esposa de Manoel de Mello Bezerra, filho de Bernardo Vieira de Mello e de Maria Camello. S.g; 04- D. Jerônima da Cunha c.c. Dr. José da Silva, irmão do Bispo D. Mathias de Figueiredo de Mello. S.g; 05- D. Antônia Borges Pacheco c.c. Bartholomeu Cristóvão Lins (senhor do eng. Maranhão/Porto Calvo). S.g; 06- D. Antônia da Cunha Souto Maior c.c. João Carneiro da Cunha (Capitão e Familiar do Santo Ofício), filho do Cel. Manoel Carneiro da Cunha (eng. Brum Brum/Recife) e de D. Sebastiana de Carvalho. Sucessor do eng. Espírito Santo e Santa Lusia de Araripe. C.g; 07- Francisco Correia de Lyra c.c. D. Mariana de Andrada, filha de Manoel Dias de Andrade (Fidalgo da Casa Real e Cavalheiro da Ordem de Cristo) e de D. Mariana Cavalcanti. S.g; 08- Paula Vieira c.c. Gaspar Fernandes, em Ipojuca. S.g; 08- Maria Borges primeira esposa de  João Cesar Falcão, filho de Fernão de Sousa Falcão e de D. Antônia Bezerra. C.g.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana, 04 volumes. Olinda, 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935. Anais 1925

A capela do engenho, sob a invocação de Santa Luzia, já figurava desde 1770 nos livros que registravam os batismos da Paróquia dos Santos Cosme e Damião. A respeito da imagem do orago, encontramo-la sob guarda do administrador paroquial na igreja dos Santos Cosme e Damião.
            O próximo proprietário encontrado foi João Carneiro da Cunha.
           
João Carneiro da CunhaBatizado na freguesia da Várzea na capitania de Pernambuco em 13/10/1692. Faleceu em junho de 1770. Filho do Cel. Manoel Carneiro da Cunha (eng. Brum Brum/Recife) e de D. Sebastiana de Carvalho. Vereador de Olinda (1725 e 1731). Serviu no terço de Infantaria de Olinda. Quando casou recebeu de dote o engenho Espírito Santo e Santa Luzia de Araripe/Igarassu. Familiar do Santo Ofício. Juiz Ordinário no Senado da Câmara de Natal, em 1718. Capitão-mor da Várzea. Capitão-mor de Igarassu.
Senhor do engenho: Espírito Santo e Santa Luzia de Araripe/Igarassu
Casamento 01: D. Antônia da Cunha Souto Maior, filha e herdeira do eng. de Gonçalo Novo de Brito  (eng. Espírito Santo e Santa Luzia de Araripe/Igarassu) e de D. Cosma da Cunha.
Filhos: (NI)
Fontes consultadas:
IHGRN, LTVSCN, Caixa 1, Livro 1709-1721, fl. 017-017v
FONSECA, 1935, v. 1, p. 201
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional de 1925
 
Tipo de edificações em um engenho do Brasil colonial
No século XIX foi construído, em terras do engenho “do Espírito Santo e Santa Luzia do Araripe”, depois Araripe de Cima e à margem da PE 41- Rodovia Transcanavieira, em frente à Produquímica Agro Industrial Igarassu, um Relógio Solar, considerado um dos poucos relógios solares que existem no Brasil. O monumento é formado por uma base quadrangular em 03 módulos, e sobre esta se erigiu uma coluna onde está afixado o relógio.
 Na década de 1970, suas edificações foram demolidas: a capela, a casa-grande e outros edifícios do conjunto que compunha o engenho visando à construção da Companhia Agro-industrial de Igarassu – CAII (NETO, 2007).
O restante das terras que pertenceram ao engenho e as dos engenhos que dele derivam, hoje integram o complexo produtivo da Usina São José e vêm sendo, paulatinamente, ocupados para dar lugar a mais áreas de plantio de cana-de-açúcar. Quanto às estruturas edificadas oriundas do sistema produtivo, os engenhos e as capelas são as permanências mais frequentes. Entretanto, por não terem uso e por estarem totalmente descontextualizas e isoladas pelas vastas plantações, perderam seus significados de local de encontro, têm reduzido o seu papel de referência cultural para a comunidade.

Usina São José – Localizada no município de Igarassu, a Usina São José foi fundada por Joaquim Coelho Leite e José Joaquim Coelho Pereira Leite, que em 1891, receberam uma concessão do Estado de Pernambuco para construir uma usina, a qual deram o nome de Coelho. Moeu pela primeira vez em 1906. Em 1900, tinha como proprietário a firma Pontual & Padilha, sendo vendida em 1917, à empresa Bandeira & Irmãos. 
Em 1929, possuía 14 propriedades agrícolas, uma ferrovia com 51 quilômetros, três locomotivas e 93 vagões. Tinha capacidade para trabalhar 600 toneladas de cana e fabricar 2.500 litros de álcool em 22 horas. No período da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 200 operários. Possuía uma grande vila operária, escolas, cinema e serviços de saúde (Fundação Joaquim Nabuco).

Em 1931, a usina dispõe de 60 km de linha férrea em tráfego, cortando suas terras. Medem as suas linhas 51 km (notar aqui a disparidade da afirmação, da mesma fonte), com a bitola de 0,75 m, compondo-se o seu material rodante de 3 locomotivas, 1 automóvel de linha, 90 vagões-lastro de 6 e 16 toneladas e 3 fechados para o transporte de açúcar. Suas canas eram plantadas em 14 engenhos: Água Mussepe, Araripe de Cima, Araripe do Meio, Botafogo, Cabu, Campinas, Canoas, Cumbe de Baixo, Hisca, Jarapia, Mussepinho, Pagetinga e Piedade. (Anuário dos Diários Associados, 1931).
Em 1946, a sociedade foi reorganizada e passou a chamar-se Alfredo Bandeira & Cia. Em 1952, a firma proprietária foi transformada em sociedade anônima, sob a denominação de Usina São José S/A, sendo vendida à Companhia de Cimento Portland Poty (José Ermírio de Morais). Atualmente, pertence ao grupo de Paulo Petribu. Não se sabe quando a ferrovia teria sido desativada.
Fontes consultadas:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/ferroviaspart_norte/efusinasjose.htm



Fontes consultadas:
MELLO, José Antônio Gonçalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 
Governo do Estado de Pernambuco. 2ª edição. Recife, 2004.

PEREIRA, Levy. "Spiritus San (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Spiritus_San_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 9 de junho de 2014
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.. 1ª edição. São Paulo, 2012.