Ruínas de São Gonçalo/Barreiros |
Por uma concessão régia
de Portugal, existiu uma aldeia de índios, cujo chefe se dizia descendente do
grande Camarão e que ficava localizada onde hoje é o engenho Benfica, fundado por João Paes Velho Barreto. A referida aldeia ficava entre os engenhos Caraçu e Buenos Aires. Os índios faziam grandes e frequentes estragos nas lavouras circunvizinhas.
João Paes Velho Barreto como uma medida protetora, procurou conseguir do Governo a permuta dos terrenos dos índios por outros mais próximos do rio Una, onde eles pudessem viver da pesca e da caça com relativa facilidade. Deslocaram-se então, os índios para as margens do rio Una e situaram-se no ponto mais elevado. Aí foi levantada uma capela, hoje em ruínas, sob a invocação de São Miguel.
João Paes Velho Barreto como uma medida protetora, procurou conseguir do Governo a permuta dos terrenos dos índios por outros mais próximos do rio Una, onde eles pudessem viver da pesca e da caça com relativa facilidade. Deslocaram-se então, os índios para as margens do rio Una e situaram-se no ponto mais elevado. Aí foi levantada uma capela, hoje em ruínas, sob a invocação de São Miguel.
O aldeamento vinha do
princípio do século XVII e naturalmente fundado pelos padres franciscanos,
coube então dirigi-lo por quatro anos o religioso F. Luís da Anunciação,
perfeito conhecedor da língua dos índios, como narra Jaboatão; e segundo o padre
Antônio Vieira, na sua Ânua da província do Brasil, a aldeia de Una existia já
em 1625, dirigida por um sacerdote secular, passando então, a requerimento dos
índios, à direção dos missionários jesuítas. Com a ocupação dos holandeses em
Pernambuco, foi extinto o aldeamento, dispersos os seus habitantes, e quando
invadiram eles a localidade em 1636, nada escapou do que restava, nem mesmo a
própria igreja, que deixaram saqueada e bastante danificada, e fora do altar, e
aos pedaços, a imagem do seu padroeiro, que o tenente-general Andrade recolheu,
e a colocou de novo no seu lugar, até que se fizesse outra.
Vista do mirante do Rio Una/Barreiros |
O engenho do Una era movido a bois, possuía uma igreja dedicada a
Nossa Senhora da Guia. Localizado na margem esquerda do Rio Una, sob a
jurisdição Vila Formosa de Sirinhaém (ou Freguesia do Una, em alguns documentos).
Seu proprietário pagava de pensão 20.000 réis em dinheiro de contado.
Nomes históricos: Engenho de (do)
Una; Engenho Nossa Senhora de Montserrat (N S. de Montƒerato; N. S. di
Montferato); Engenho Nossa Senhora da Guia; Engenho São Gonçalo (Gonsaluo). Nome atual: Usina Barreiros. (mapa
IBGE Geocódigo 2601409 Barreiros-PE).
O engenho de Una foi fundado por João
Paes Velho Barreto
João Paes Velho Barreto – Segundo Pereira da Costa
(Anais Pernambucanos, 1557), João Paes Velho Barreto era o segundo filho de
Antônio Velho Barreto, nobre de Viana/Foz do Lima/PT, e de Mariana Pereira da
Silva. Nasceu em 1556 ou 1560/Viana do Castelo/PT e faleceu em 21/05/1617 -
Olinda, no Hospital Paraíso, sendo sepultado na Capela do Hospital da Santa
Casa da Misericórdia/Olinda, em jazigo próprio localizado na Capela-mor, cuja
laje de mármore ostenta o brasão das suas armas. Quando faleceu ganhou a
distinção de ingressar no hagiológio de varões santos ou virtuosos de Portugal
e por suas conquistas, conforme escreveu Jorge Cardoso em meados do século
XVII. Para a fama de piedoso concorreu, sobretudo o ter sido provedor e grande
benfeitor da Santa Casa de Misericórdia de Olinda.
O nobre de Viana do
Castelo, descendente dos morgados de Bilheiras e da nobre faília dos Barreto
daquela Vila, que segundo alguns historiadores procedem de Florentino Barreto
que era Senhor da Torre, e de Marianna Pereira da Silva, da ilustre e antiga
Casa de Regalados, conhecida em todo o reino português. Imigrou para o Brasil
com treze anos, trazendo apenas RS 60$000 (sessenta mil réis), como muitos
moços que os morgadios minhotos destinavam à aventura ultramarina, pois tinham
o título de nobreza, mas como não era o filho primogênito que herdava toda a
fortuna dos pais, e teriam que se sujeitar ao trabalho duro, o que na época era
uma desonra e um tributo da classe baixa. Nota: Pereira da Costa e Borges da
Fonseca assinalam a vinda de João Paes Barreto em 1557. Outros historiadores
dizem que desembarcou em 1558. O “Relatório” de 1878, de Oliveira Maciel,
Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, dá a entrada de Paes Barreto,
na Nova Lusitânia, em 1560, data que também é citada por Borges da Fonsecca.
Quando João Paes Velho
Barreto ao chegar a Pernambuco o 1º donatário Duarte Coelho Pereira (1485/1554)
já havia falecido, e a capitania estava sendo administrada por Brites de
Albuquerque (517/1584), sua esposa, enquanto seu filho mais velho não atingia a
maior idade. Paes Barreto ao chegar deve ter começado logo a trabalhar e depois
entrado para as milícias para conquista da Capitania de Pernambuco.
Capitão de Cavalaria;
Capitão do Cabo de Santo Agostinho; Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo,
Fidalgo da Casa Real da Espanha; Chanceler-mor do Reino. Herói da expedição da
Baía da Traição, cujo comando lhe foi confiado. Prestou serviços de alta monta
na colonização da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Herói da batalha da
Baía da Traição/PB (1584), onde com seus 300 homens, após 05 dias de viagem,
lutou heroicamente, que ficou conhecido como um dos heróis do feito por ele
comandado. Quando o Ouvidor, Martim Leitão, teve ordem de organizar a bandeira
para a conquista da Paraíba, recorreu a João Paes Velho Barreto, a João Velho
Rego e a Cristóvão Lins.
Na famosa missa
pela conquista da Fortaleza dos Santos Reis/rio Grande do Norte, em
24/06/1588, estava presente João Paes Velho Barreto, Feliciano Mascarenhas,
Matias de Albuquerque, Francisco e Antônio do Rego Barros, Felipe Cavalcanti,
Simão Falcão, Álvaro Barreto e muitos outros.
O Capitão de Cavalaria,
João Paes Barreto participou de várias campanhas militares (1560) contra os
índios da Mata Sul da Capitania de Pernambuco. Como recompensa pelos serviços
prestados recebeu do Donatário ou do Reino de Portugal uma sesmaria (1571) no
Cabo de Santo Agostinho, ao sul do Rio Jaboatão, no baixo Pirapama (antes rio
Arassuagipe). Paes Barreto se torna o homem mais rico da Capitania,
proprietário de muitos imóveis e de 08 engenhos, que foram deixados para seus
filhos, são eles: Algodoais/Cabo de Santo Agostinho; Garapu/Cabo de Santo
Agostinho (herdado pelo seu filho Filipe Paes Barreto); Guerra/Cabo de Santo
Agostinho; Ilha/Cabo de Santo Agostinho; Jurissaca; Madre de Deus ou Velho/Cabo
de Santo Agostinho; Massangana/Cabo de Santo Agostinho; Santo Estêvão/Cabo de
Santo Agostinho; São João/Cabo de Santo Agostinho; Trapiche/Cabo de Santo
Agostinho. Segundo Evaldo Cabral de Mello afirmar (O Nome e o Sangue), essa
distribuição patrimonial fez de João Paes Velho Barreto o primeiro senhor de
engenho a realizar o sonho de deixar um engenho para cada filho e orgulho para
seus descendentes como Joaquim Nabuco, progênitos pelo lado materno, que se
gabava do ancestral rico, de quem, no fim da vida, diria haver herdado a
atração atávica pelas paisagens do rio Lima.
Em seus engenhos João
Paes Velho Barreto não foi displicente. Cuidou das famílias dos colonos e da
sociedade local. Desenvolveu as propriedades, deu conforto aos seus e ajudou
aos necessitados. Proporcionou instrução aos filhos e servidores, mantendo em suas
terras escolas para o ensino de leitura, latim e aritmética, que em 1588 estava
a cargo de Bento Teixeira Pinto, autor da Prosopopeia, poemeto laudatório a
Jorge de Albuquerque. Mantinha em seus engenhos pedreiros, marceneiros e
obreiros para levantamento de casas. Segundo Almeida Prado, em “Pernambuco e as
Capitanias do Norte”, móveis de valor nas casas grandes só quem tinha era João
Paes Velho Barreto, um perdulário como Felipe Cavalcanti ou os donatários.
Em 1560 João Pais Barreto
instituiu o primeiro Morgado1 no Brasil chamado Morgado do Cabo ou
dos Paes, com a competente permissão régia, cuja escritura foi lavrada em
28/10/1580. Do instrumento público de instituição do morgado, conhecido depois
por Morgado dos Pais, ou do Cabo, consta que os bens vinculados foram os
engenhos: da Madre de Deus ou Velho, Santo Estêvão, Pirapama
(Santa Apolónia ou Ilha) e Guerra, todos situados no Cabo de Santo
Agostinho, e duas casas situadas na vila de Olinda, cujos bens, tirados das
terças de cada um deles, constituiriam o patrimônio do vínculo, sendo a sua
renda, então, estimada em 1.000 cruzados anuais, exclusivamente destinadas à
satisfação dos encargos pios e religiosos da instituição. Esse morgado foi
instituído para seu filho primogênito João Paes Barreto, o Moço, e seus
sucessores igualmente primogênitos, e na falta destes os seus imediatos,
segundo a ordem de sucessão por direito estabelecida; e submetido depois o
instrumento de instituição à aprovação régia (Alvará de 25/07/1603). O Morgado
de Nossa Senhora da Madre de Deus do Cabo de Santo Agostinho, depois de
atravessar uma existência de mais de dois séculos e meio, foi extinto, em
virtude da Lei de 06/10/1835, e durante tão longo período teve 07
administradores ou morgados.
1 O morgadio ou morgado teve origem na legislação castelhana,
embora que já vinha sendo usada pelo reino português, mas só foi legalizada em
Portugal com as Ordenações Filipinas de 1603 e extintos em 19/05/1863,
no reinado de D. Luís I. O termo morgado é também utilizado para
designar o possuidor do morgadio. A criação do Morgado visava reforçar
socialmente a nobreza e evitar o seu empobrecimento. O Morgado ou Morgadio era uma forma de
organização familiar que cria uma linhagem, bem como um código para
designar os seus sucessores, estatutos e comportamentos. No regime de morgadio
os domínios senhoriais eram inalienáveis, indivisíveis e insusceptíveis de
partilha por morte do seu titular, transmitindo-se nas mesmas condições ao
descendente varão primogénito e na falta deste ao parente mais próximo. Assim,
o conjunto dos bens dum morgado constituía um vínculo, uma vez que esses
bens estavam atrelados à perpetuação do poder económico da família de que
faziam parte, ao longo de sucessivas gerações. No Brasil, o Parlamento proibiu
a instituição do morgadio em 1835, sendo extinto definitivamente em 1837,
pois era uma forma de empobrecimento dos filhos não primogénitos.
Depois de ter criado o
morgado do Cabo, João Paes Barreto criou o Morgado de São João de
Jurissaca/Cabo de Santo Agostinho, que vinculou ao engenho com a mesma
denominação. Em 1614, o morgado foi dado como dote de casamento a D. Luís de
Sousa Henriques quando este se casou com sua filha D. Catarina Paes Barreto,
com a condição de nele se instituir um Morgado de mil cruzados para sempre com
as obrigações de 05 missas rezadas, e que a sucessão fosse dada ao primeiro
filho homem, caso o casal não tivesse filho, sucederia a filha mais velha. Dom
Luís, contudo, não formalizou a instituição do morgado, o que só veio a ocorrer
em 1673, através de seu filho Dom João de Souza. Nota: Em 1837, o Parlamento
brasileiro proibiu a instituição de novos morgadios e, em 1837 foram instintos
os já existentes. Em Portugal, só foram abolidos em 1863, no reinado de D. Luís
I. Uma das razões que levou à sua extinção foi o empobrecimento dos filhos não
primogênitos.
Casamento 01: (1544) D. Inês
Guardês de Andrada, falecida em Olinda/PE, filha de Francisco Fernandes
Carvalho de Andrade (eng. São Paulo/Recife) e de Maria Tavares Guardês. Através
dessa ascendente já pernambucana, é que vem a procedência de um remoto sangue
indígena que ainda no século XVIII atribuía-se à família Paes Barreto. Nota: Duzentos
anos depois, uma descendente do casal recolheu a tradição e o texto de carta
régia, que autorizava D. Inês a usar o título de “Dona”, então reservado às
mulheres de qualidade, mas que já começava a ser empregado sem licença régia.
Como ela se recusasse a ser assim tratada, "dizendo o não admitiria sem
ser concedido por El-Rei", João Paes Barreto conseguiu obtê-lo para lhe
fazer as vontades.
Filhos: João Paes Barreto,
“o Moço” – 1ª Morgado do Cabo. Falecido sem sucessão. Falecido solteiro e sem sucessão;
Estêvão Paes Barreto – 2º Morgado do Cabo de Santo Agostinho. c.c. Catarina de
Castro de Távora, filha de Martim Fernandes Távora e de Margarida Castro; Filipe
Paes Barreto c.c. Brites de Albuquerque; Luís Paes Barreto; Cristóvão Paes Barreto
c.c. Margarida de Melo; Miguel Paes Barreto, faleceu solteiro; Diogo Paes
Barreto falecido solteiro e sem sucessão; Catarina Paes Barreto c.c. D. Luís de
Sousa Henriques, com geração; Maria Paes Barreto, freira.
Fontes:
Bandeira, Luiz
Alberto Moniz. Em memória de José Gabriel Calmon da COSTA PINTO..
Aspectos feudais da colonização do
Brasil. Publicado na Revista Espaço Acadêmico – nº 52, 09/2005
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Quatro volumes, Olinda 1748. Bibliotheca
Nacional, Rio de Janeiro 1935.
BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1971. Pág. 48
CALMON, Pedro. História Social do Brasil. São
Paulo: Companhia Editora Nacional, vol. 1., 4ª edição, s/d. Pág. 31
MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o
Sangue. Uma parábola famililar no Pernambuco colonial. 2ª edição revista. Edt.
Topbooks. Rio de Janeiro, 2000.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A
Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª Edição. CEPE/Companhia Editora de
Pernambuco. Recife, 2004.
MELO, Hildete Pereira de. Teresa
Cristina Novaes Marque. A partilha da riqueza na ordem patriarcal.
Pergunte a Pereira da Costa. Disponível
em: http://www.liber.ufpe.br
ROSA, Maria de Lourdes - O Morgadio em Portugal. Lisboa:
Editorial Estampa, 1996
O engenho do Una foi herdado pelo
seu filho Diogo Paes Barreto, que instituiu
um patrimônio a Santo Antônio, abrangendo meia légua desses terrenos, sob a
condição de que nele se erigisse uma capela ao referido Santo. Os seus herdeiros
ratificaram essa disposição e a capela foi edificada, consoante o desejo do
doador. Data daí o início do povoamento do município de Barreiros.
Diogo Paes Barreto
– Filho de João Paes Velho Barreto e de D. Inês Guardês de Andrada. Falecido em batalha
contra os holandeses. Durante a ocupação holandesa fugiu de Pernambuco (1635),
juntamente com seus irmãos e famílias, no êxodo dos senhores de engenho
pernambucanos, abandonando suas terras e seguindo por terras estranhas aonde
padeceram de comodidades, trabalhos e aflições de uma jornada dilatada e cheia
de perigos, sendo-lhes necessário se juntar a mais de 8.000 pessoas, nesta
peregrinação, para se livrarem dos assaltos holandeses, que os perseguiu até a
passagem do Rio São Francisco. Seus engenhos foram confiscados pela Companhia
das Índias Ocidentais.
Casamento
01:
Senhor
dos engenhos: Benfica,
ou Una/Cabo de Santo Agostinho, hoje Barreiros, de onde foi tirada a área para
o aldeamento indígena, hoje município de Barreiros; Ilhetas (Nossa Senhora de
Guadalupe ou de Nossa Senhora de França)
Fontes consultadas:
O engenho de Una é citado nos
seguintes mapas holandeses:
- Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado com o símbolo de engenho, "Ԑ. St. Gonsaluo", na m.e. do 'Rº. Huna'.
- Mapa PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado com o símbolo de engenho, 'N. S. di Montferato', na m.e., do rio 'Tuna' (Rio Una).
Segundo o relatório de Broeck
(1651) os eventos acontecidos em 18/09/1645 os holandeses chegaram a povoação
de Una e encontraram muitos indígenas e camponeses armados, temerosos
pernoitaram no engenho de Diogo Paes Barreto que estava abandonado. Pereira da
Costa (1951, Volume 03, Ano 1636 pg. 52-53) relata que na frente do engenho de
Una existia uma casa fortificada, na margem direita do Rio, à vista da povoação
ou aldeamento de São Gonçalo de Una, assim chamado do orago da sua capela. Esse
posto era ocupado pelo Martins Soares Moreno e pouco antes estivera o
Tenente-General Manuel Dias de Andrade à frente de uma forte guarnição.
Nada consta sobre a época da instituição
da freguesia São Gonçalo de Una; mas segundo informações do Vigário Vicente
Férrer de Melo, em 1827, como escreve Figueira de Melo, — "parece ter-se
verificado esta nos princípios do século XVII, porque, em 1624 para 1625, Diogo
Pais Barreto fez doação do monte em que está situada a matriz do glorioso São Gonçalo,
padroeiro da mesma, para seu patrimônio". — Tirara o doador essas terras
do eng. Una/Serinhaém, sob a invocação de N. S. da Guia, e que o abandonando à
entrada dos holandeses, foi por eles confiscado em 1637.
A Companhia das Índias Ocidentais confiscou o engenho, pois se
encontrava abandonado, com interesse nessas terras convocaram Filipe Paes
Barreto, irmão de Diogo Paes Barreto, que tinha voltado para Pernambuco, e
fizeram um acordo com ele onde a família teria que pagar pelo engenho 18.000 florins,
dividido em 04 parcelas de 4500 florins cada, dos quais o primeiro pagamento deveria
ser efetuado em 01/01/1641. A Companhia cobrou a soma de 18000 florins,
dividido em 4 parcelas de 4500 florins cada, dos quais o primeiro pagamento
cairá no dia um de janeiro do ano 164, pois levou em consideração o fato de que
Filipe e D. Ignez, sua mãe herdeira de direito do engenho do Una, já se
encontram há muito tempo em Pernambuco e que por conta da guerra tinham tido
muitos prejuízo. Por isto sua mãe deverá receber este engenho com as terras que
a ele pertencem assim como alguns pastos que também lhe pertenceram e que se encontra
com os arredores, e o comprador que for encontrado, e um fabrica parecida. Sem
contar com os negros e bois que eles não poderão vender e também as terras onde
o povoado de Una se encontra que fica como propriedade da Companhia. Por esta
soma Filipe Paes pagou, especialmente, este engenho e o que nele se encontra em
mais em geral todos os seus bens.
Em razão do
falecimento de seus irmãos mais velhos o engenho passou a pertencer a Filipe
Paes Barreto.
Filipe Paes Barreto – Falecido em 1651. Durante
a ocupação holandesa não acompanhou seus irmãos na fuga para a Bahia. Quando
resolveu partir foi capturado pelos holandeses na travessia do Rio São
Francisco, junto ao seu irmão Miguel e outros senhores de engenho. Na volta
para o Cabo os dois irmãos encontraram seus engenhos confiscados pelo governo
neerlandês, que se recusou a devolvê-los, concordando, porém, em revendê-los a
crédito a seus donos. Em 1637, Filipe achava novamente à frente do engenho
Garapu, para o que contraíra uma dívida de 39.000 florins (13.000 cruzados). Em
1639, Filipe foi preso novamente por conspirar contra os invasores, juntamente
com outros proprietários de terra. Posteriormente regressou ao seu engenho,
aonde viveu pelo resto de sua vida, até 1652, quando a família de sua esposa D.
Catarina ainda vivia no exílio baiano. Durante a ocupação holandesa fez amizade
com Dieerick van Hooghstraeten, comandante da fortaleza de Nazaré. Morgado da
Conceição do Cabo de Santo Agostinho.
Casamento 1: D. Brites
de Albuquerque. Filha António de Sá Maia e de Catarina de Albuquerque..
Filhos: Luís Paes Barreto,
falecido solteiro; Felipe Paes Barreto, falecido solteiro; Antônio Paes
Barreto c.c. D. Margarida de Barros; Gonçalo Paes Barreto viveu solteiro,
mas com geração; Catarina de Melo de Albuquerque c.c. seu tio José de Sá
Albuquerque; Inês Barreto de Albuquerque c.c. D. João de Sousa; Maria Barreto
Albuquerque c.c. Estêvão Paes Barreto; Brites de Albuquerque c.c. Cristóvão de Albuquerque
de Melo; Joana Barreto de Albuquerque faleceu solteira.
Senhor dos engenhos: Espírito
Santo ou Garapu/Cabo de Santo Agostino, Nossa Senhora de França; Una ou Benfica/Sirinhaém
depois Barreiros; Guerra; Ilhetas; Madre de Deus, Santo Estêvão.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antonio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana.
Quatro volumes, Olinda 1748. Bibliotheca Nacional, Rio de Janeiro 1935.
GeneAll.net. TGM - Tombo do Guarda-Mór. Guarda-Mór-Edição de
Publicações Multimédia, Lda. Lisboa, 2000. http://geneall.net/P/per_page.php?id=291171
lhs.unb.br/biblioatlas/Guaxapĩ_(engenho)
MELLO, Evaldo Cabral de. O Nome e o Sangue. Uma parábola familiar no
Pernambuco colonial. Editora Topbooks. 2ª edição revisada. Rio de Janeiro, 2000
O engenho foi herdado pelo seu
filho Antônio Paes Barreto.
Antônio Paes Barreto
– Filho de Filipe Paes Barreto e de D Brites de Albuquerque. Sargento-mor.
Casamento
01: D. Margarida de Barros.
Filhos:
Margarida Barreto de Albuquerque c.c. Capitão-mor Felipe Paes Barreto.
Casamento
02: D. Leonor Figueira de Moura, filha de Fernando Figueira de Moura. D. Leonor
faleceu antes do casamento, mas deixando um filho.
Filho:
Felipe de Moura de Albuquerque c.c. D. Joana Bezerra Peçanha (ou Pessoa).
Senhor
do engenho de Una
ou Benfica/Sirinhaém depois Barreiros.
Fontes consultadas:
Hoje
suas terras pertencem a Usina Barreiros.
Usina
Barreiros – Situada ao sul do
município de Barreiros, foi fundada entre 1885 e 1890, com o nome de Carassu,
por João Carlos de Mendonça Vasconcelos e João Paulo Moreira Temporal. Sua
capacidade de moagem era de vinte mil toneladas de cana esmagada por safra. Foi
desativada e substituída pela usina Central Barreiros, construída pela
Companhia A. M. de Pernambuco, pertencente a Alfredo Osório e Estácio de
Albuquerque Coimbra.
Em 1929, possuía vinte propriedades agrícolas, 28
quilômetros de ferrovia, quatro locomotivas e cinqüenta vagões. O transporte da
cana e da lenha era feito pela via férrea e caminhões e o do açúcar e do álcool
por via marítima. Durante a época da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 180
operários. Toda a maquinaria da usina, com estrutura metálica, foi adquirida na
Holanda. Comentava-se que era a usina mais moderna e eficiente da época. Tinha
capacidade para trabalhar 500 toneladas de cana e fabricar 3.000 litros de
álcool. A exploração das terras era feita por arrendamento e administração
direta da fábrica.
Com a morte de Estácio Coimbra, em 1937, a usina
passou, por herança, para João Coimbra, Jaime Coimbra e outros irmãos que a
administraram até ser adquirida pelo Grupo Carlos de Brito, da fábrica de doce
Peixe, de Pesqueira.
De propriedade do Grupo Othon Bezerra de Melo,
a Usina Central Barreiros faliu em 1999, quando inha cerca de 5.000
trabalhadores, 20 hectares de terra e era a principal fonte de emprego e renda
da região.
Antiga usina Barreiros |
Fontes consultadas:
ANDRADE,
Manuel Correia de. História das
usinas de açúcar de Pernambuco. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114
p. (República, v.1)
GONÇALVES
& SILVA, O assucar e o
algodão em Pernambuco. Recife: [s.n.], 1929. 90 p.
MOURA,
Severino. Senhores de engenho e
usineiros, a nobreza de Pernambuco. Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar,
1998. 320 p. (Tempo municipal, 17).
PEREIRA, Levy. "N S. de Montƒerato
(engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas
Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_S._de_
Mont%C6%92erato_(engenho_de_bois). Data de acesso: 04/11/2013.
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