O distrito de Serinhaém se
estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype, e está
perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertence
uma parte da freguesia de Ipojuca desde os currais de Marcaype, compreendendo
os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a
freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de
Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos.
Quando
os holandeses invadiram Pernambuco em Serinhaém existiam 29 engenhos dos quais:
18 engenhos estavam de fogo vivo, 11 não moerão e 07 foram confiscados.
História e Proprietários
Em 1612 se registra que D. Felipa de
Moura, de raízes fidalgas, descendente da família Moura Castro, viúva de Pedro
Marinho Falcão, foi contemplada com a doação de uma sesmaria no sul
da Capitania de Pernambuco, ao lado dos seus genros: Antônio Ribeiro de Lacerda
e Cosme Dias da Fonseca recebeu as terras marginais do rio São Miguel, chamada
pelos índios de sinimbys, onde ali foi edificado o engenho que
recebeu o mesmo nome do curso fluvial (eng. São Miguel).
Engenho movido a bois (eng. Trapiche) |
Na mesma região o português Antônio
Barbalho Feio recebeu outra sesmaria com cinco léguas, do engenho Sinimbu aos
campos e aos inhaúns (Anadia). Belchior Álvares de Carvalho recebeu uma légua
de terra, Manoel Pinto Pereira (nada foi encontrado) recebeu duas léguas
e Gonçalo da Rocha Barbosa a mesma quantidade; da mesma forma que aquelas concedidas
aos filhos do fidalgo Brásio Correia Dantas e algumas áreas ao mestre de campos
Antônio de Moura Castro, outras pessoas continuaram a ser beneficiadas, como foi o
caso de Manoel de Caldas, Gonçalo Ferreira Belchior Pinto e Sebastião Ferreira
- “O Mártir”.
Manoel
Pinto Pereira – Durante a
ocupação holandesa fugiu com Mathias de Albuquerque, deixando seu filho como
administrador de suas propriedades, mas o mesmo não ficou durante muito tempo
no engenho e fugiu também dos invasores..
Casamento 01: Francisca Simões.
Senhor dos engenhoss: : Palmeiras (antes Santa Cruz
e Mangaré) e Sangoa/Jaboatão dos Guararapes e Enxágoa/Sirinhaém
Nas terras recebidas Manoel Pinto Pereira levantou o engenho Enxágoa/Sirinhaém, situado a duas milhas mais ao sul do engenho Cucau, tinha uma moenda movida a bois e possuía uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Apresentação; localizado na margem esquerda do Riacho Araconda (Rio Ariquindá - Rio União), sob a jurisdição da Vila Formosa de Serinhaém.
Nomes históricos: Ĩagoà (Iagoá; Iangua; Sangoá; Enaxagoa; Jangua; Juangua); N. Sra. da Apresentação. Nome atual: Engenho Bom Conselho - vide mapa IBGE Geocódigo 2611903 Rio Formoso.
Durante a
ocupação holandesa o engenho foi citado no Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640)
#40 Capitania de Pharnambocqve - plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ: Jangua.',
na m.d. do 'Rº. Jangua’. Segundo Schott (1636) suas terras tinham uma milha, onde
grande parte consistia de matas e nas várzeas era plantada a cana; podia
fornecer anualmente 2.000 arrobas de açúcar e pagava de recognição 2 arrobas em
cada mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras tinham paredes de alvenaria e
nelas os holandeses encontraram: 3 caldeiras grandes, 4 tachos, 4 escumadeiras,
2 ditas menores, 2 pombas, 2 reminhóis, 1 tacho velho na casa de purgar, 3 escravas
velhas e um escravo.
Para
que o engenho voltasse a moer os holandeses contrataram o lavrador Manuel
Velho (nada foi encontrado) por uma boa remuneração paga após prestar,
devidamente, as contas, fora todas as despesas e sua parte do açúcar fabricado.
Para isso podia usar seus escravos e os que pudesse adquirir.
Segundo
Nassau-Siegen; Dussen; Keullen – 1638, Manuel Pinto Pereira, retornou a
Pernambuco e assumiu novamente a administração do seu engenho. Eram lavradores:
Domingos Gonçalves com 12 tarefas; João Cordeiro com 16 tarefas; Miguel Alvares
Maran com 10 tarefas; Violante d'Araújo com 15 tarefas (Dussen, 1640, pg. 159).
No
século XX o engenho Bom Conselho era um engenho que fabricava em sua fábrica
aguardente e rapadura, pertencia a Liberato José Marques.
Liberato
José Marques – Filho do
Coronel Liberato José Marques, engenheiro e proprietário dos engenhos. Engenheiro
Coronel. Prefeito de
Amaraji.
Curiosidades: Em 1908, surgiu uma forte animosidade
entre os chefes políticos dos municípios Amaraji e Escada. De um lado, o
coronel Liberato José Marques, prefeito de Amaraji, e do outro, o coronel
Manoel Antônio dos Santos Dias, prefeito de Escada e proprietário da usina
União e Indústria. O coronel Santo Dias, que desfrutava de grande prestígio
junto a Assembleia Legislativa do Estado e, sendo compadre e amigo do
governador Herculano Bandeira de Melo, fez valer sua amizade perante aquelas
autoridades, conseguindo passar para Escada, a vila de Primavera e a usina
União e Indústria. Em 1913, no governo de Estácio de Albuquerque
Coimbra, reparou em parte, essa injustiça, com a volta da vila de Primavera
para Amaraji.
Em 1921, Liberato José Marques funda uma Usina, localizada
no município de Amaraji, com seu nome, ajudado neste empreendimento pelo seu
grande amigo e benfeitor, o senhor Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, o
Barão de Suassuna, que lhe forneceu algum maquinário e emprestou dinheiro para
construção de sua usina. Porém, os débitos e as constantes crises das usinas de
açúcar fizeram com que esta tivesse vida muito curta, moendo apenas duas
safras. Ela foi desativada entre 1927-1928 antes da criação do IAA.
Senhor dos engenhos: Palmares, Bom Conselho, Riacho
de Pedra, Prata e Vila Acioly
Fontes consultadas:
Hoje suas
terras pertencem a Usina Catende.
Usina Catende – Situada no
município de Catende, na margem esquerda do rio Pirangi, numa altitude de 153
metros. Foi fundada, em 1890, com o nome de usina Correia da Silva, em
homenagem ao então vice-governador do Estado, foi originalmente construída pelo
inglês Carlos Sinden e seu sogro Felipe Paes de Oliveira. Esse nome, no entanto
nunca se consagrou, sendo a usina sempre chamada de Catende. Em 1892, passou a
ser usina Catende, construída no antigo engenho Milagre da Conceição, fundado
em 1829.
A usina não teve sucesso, sendo entregue a credores,
entre os quais o Banco de Pernambuco. Houve várias tentativas de exploração,
mas sem resultados, até que, em 1907, foi adquirida pela firma Mendes Lima
& Cia, que a reformou (1912), aumentando a sua capacidade de moagem de 200
para 1000 toneladas diárias. Como os novos proprietários só se interessavam em
vender o açúcar e não fabricá-lo, a usina foi novamente vendida, dessa vez para
a firma Costa, Oliveira & Cia. Em 1927, a usina passou a ser propriedade do
Cel. Antônio Ferreira da Costa Azevedo, “Seu Tenente”, que revolucionou toda a
zona canavieira da mata sul de Pernambuco, com seu sistema técnico e administrativo,
servindo de exemplo para diversas usinas da região.
Em 1929, a usina era considerada a maior do Brasil
em produção e capacidade. Possuía 43 propriedades agrícolas, uma via férrea de
140 quilômetros, 11 locomotivas e 266 vagões. O transporte da cana e seus
produtos eram feito pela Great Western. Tinha capacidade para processar 1.500
toneladas de cana e fabricar 4.000 litros de álcool em 22 horas. Na época da
moagem trabalhavam na fábrica cerca de 700 operários.
Quando morreu, em 1950, Antônio Ferreira da Costa
Azevedo, deixou a usina Catende com uma capacidade industrial para fabricação
de 1 milhão de sacos de açúcar, uma destilaria de álcool anidro (a primeira do
país), 36 mil hectares de terra, 165 quilômetros de estradas de ferro e 82
engenhos de cana. Seu filho mais velho, João Azevedo, assumiu a direção da
usina. Durante a sua gestão, a usina Catende absorveu a usina Pirangi e seus
dez engenhos.
Em 1973, a usina Catende foi adquirida por um grupo
formado por Rui Carneiro da Cunha (co-proprietário da usina Massauassu),
Alfredo Maurício de Lima Fernandes e Mário Pinto Campos. Este último, alguns anos
depois, vendeu sua parte para Inaldo Pereira Guerra, comerciante de açúcar no
Recife e criador de gado em Gravatá.
Entre 1922 e 1993 a usina Catende mudou sua razão
social para Companhia Industrial do Nordeste Brasileiro - Usina Nossa Senhora
de Fátima.
Fontes consultadas:
ANDRADE,
Manuel Correia de. História das usinas de açúcar de Pernambuco.
Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
GONÇALVES
& SILVA, O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife:
[s.n.], 1929. 90 p.
MOURA,
Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco.
Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal, 17).
Usina Catende |
Fontes
consultadas:
PEREIRA,
Levy. "Ĩagoâ". In: BiblioAtlas Biblioteca de Referências do Atlas
Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/%C4%A8ago%C3%A2.
Data de acesso: 08/11/2013
http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=313394&pagfis=117436&pesq=&esrc=s&url=http://memoria.bn.br/docreader#
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