Engenho de Ipojuca/PE |
A conquista de
Ipojuca teve início em 1560, após a escravização dos índios caetés. A
partir daí, os colonos de origem europeia puderam ocupar as terras férteis e
ricas em massapê de Ipojuca, que eram bastante propícias para o cultivo
da cana-de-açúcar, o que causou um rápido surgimento de diversos engenhos
na região. Entre os pioneiros, estavam as famílias Lacerda, Cavalcanti, Rolim e
Moura.
Assim na
Jurisdição de Olinda e freguesias que dela faziam parte, existiam 67 engenhos,
sendo que quando os holandeses invadiram Pernambuco haviam 20 de fogo morto e
47 moentes e destes 05 foram confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais.
Hoje suas terras fazem parte da Região Metropolitana do Recife.
Administrativamente, o município é formado pelo distrito-sede, pelos distritos
de Camela e de Nossa Senhora do Ó e pelos povoados das praias de Porto de
Galinhas, Muro Alto, Cupe, Maracaípe, Serrambi, Touquinho e seus engenhos.
Segundo Pereira
da Costa (1812, vol. 07. Pág. 91), quando os holandeses invadiram Pernambuco a
freguesia de Ipojuca, que na época chamavam a Bela Pojuca, contava no seu termo os seguintes engenhos: Sibiró de
Baixo sob a invocação de São Paulo, pertencente a Francisco Soares Ganha; Sibiró de Cima, a Manuel de Novalhas;
Maranhão e Bertioga, a João Tenório; Trapiche, sob a invocação do Bom Jesus, a
Francisco Dias Delgado ; Santa Luzia, e o denominado Salgado, sob a invocação
de S. João, a Cosme Dias da Fonseca; Pindoba, a Gaspar da Fonseca Carneiro;
Caroaçu, a Manuel Vaz Vizeu; Guerra, e o de nome Nossa Senhora do Rosário, sem
menção do proprietário
O engenho Nossa Senhora do
Rosário foi fundado antes da invasão holandesa, com igreja dedicada a Nossa
Senhora da Conceição. Situado a 1/2 milha de distância do engenho Bom Jesus, sob
a jurisdição da cidade Olinda e freguesia de Ipojuca, cujo proprietário era D. Fernando de Queiróz que morava na
Galiza/Espanha, (nada mais foi encontrado). Este engenho tinha uma moenda movida
à água fornecida por um bom açude, suas terras tinha de extensão 1/2 milha, com
lindas várzeas cheias de canas e matas, que forneciam toda a madeira de que se
precisa. Podia moer anualmente 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar e pagava 03% de
recognição. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram de taipa e nelas os
holandeses encontraram, antes da chegada do dito João Carneiro, 2 caixas
pertencentes a L. Dolvero, 17 caixas provenientes, segundo ele, de algumas
formas purgadas por .João Gonçalves.
Nomes históricos: Nossa
Senhora de Conceição (Nossa Senhora da Conceição; Nossa Senhora de Conçetion;
Conspsaõ); Nossa Senhora do Rosário. Hoje o engenho é chamado de Conceição
Velha - vide mapa IBGE Geocódigo 2607208 IPOJUCA - PE.
O engenho foi cidado nos
seguintes mapas: PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve,
plotado como engenho, Consepsaõ', na m.e. do 'Rº. Salga∂o' (Rio Ipojuca) e o PE
(Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado como engenho, 'N. S de
Conçetion', na m.e. do 'Ipoiucâ' (Rio Ipojuca).
Segundo o Relatório de Shott de
1636, e de acordo com documentos apresentados ao Alto Conselho holandês, o dito
engenho foi arrendado por 09 anos a João
Carneiro de Mariz,.
João Carneiro de
Mariz nasceu
em 1582, segundo declaração feita em 20/04/1648, quando declarou que tinha 66
anos de idade: Torre do Tombo (Lisboa), Inquisição de Lisboa, processo 306 de
Mateus da Costa. De acordo com Borges da Fonseca tudo indica que tenha nascido
na Vila do Conde-PT. Filho de Francisco Carneiro da Costa, que foi
Desembargador do Porto, e de Isabel de Mariz Pinheiro, batizada em 09/1536.
Chegou a
Pernambuco antes de 1630, juntamente com seu irmão José Carneiro da Costa, que
em 1620 era Morgado de São Roque e Orta Grande, da dita Vila do Conde.
Foi Vereador da 1ª Câmara dos Escabinos (1637/38). No começo da invasão
holandesa fora um dos que mais se aproveitou dos benefícios oferecidos pelos
holandeses, se tornando um dos maiores devedores da Companhia das Índias
Ocidentais holandesas. Durante a Restauração Pernambucana se voltou para o lado
luso-brasileiro e lutou na guerra, juntamente com seu irmão José Carneiro
da Costa e de seu sobrinho Pedro Álvares Carneiro. Em 16/08/1647, João
Carneiro de Mariz foi preso, juntamente com Francisco Dias Delgado, e
trazidos pelos holandeses para Recife.
Casamento 01: Na
freguesia de Ipojuca com D. Maria Quaresma, filha de seu tio
Pedro Alves Carneiro e de D. Maria Velha Ferreira.
Filhos: Francisco
Carneiro da Costa c.c. Ana da Costa, filha de Gonçalo Dias da Costa
(primeiro senhor do eng. Pirajui/Igarassu) e de Catharina Gil.. Francisco foi
sucessor de seu tio José Carneiro da Costa no senhorio da Casa e do Morgado de
São Roque e Orta Grande, em Portugal, onde tomou posse por procuração. Em
08/05/1653, morava na Várzea/Recife, de acordo com uma provisão que alcançou
para não ser executado por um ano pelas suas dívidas. C.g.; Gonçalo
Carneiro da Costa que sucedeu seu irmão, por procuração, no Morgado de
São Roque e Orta Grande, em Portugal, que logrou por muitos anos. Foi Vereador
de Olinda, de acordo com os livros da Câmara de 1680. Juiz Ordinário, em 1697.
Capitão na guerra holandesa. Casou com D. Brites de Sá (viúva de Domingos de Oliveira
Monteiro). irmão da Misericórdia, em 23/04/1696. S.g; João Carneiro de Mariz
c.c. D. Ângela de Mello, filha de José de Albuquerque de Mello e de D. Brásia
Baptista. C.g; D. Maria Carneiro de Mariz c.c. Gaspar Pereira
Castelhano; D. Margarida Carneiro, falecida solteira; José
de Jesus, nada consta;Manoel Carneiro de Mariz (eng. do Meio ou
São Sebastião/Recife-Várzea) Vereador, em 1657, Juiz Ordinário em 1688 e 1702,
e Provedor em 1704. Casado com sua prima D. Cosma da Cunha. C.g; D. Úrsula
Carneiro de Mariz c.c. Paulo Carvalho de Mesquita; Isabel
Carneiro (não se sabe se realmente existiu esta filha, citada no site
Geneall.pt).
Senhor do engenho
Sibiró de Cima/Ipojuca; Salgado/Ipojuca, Nossa Senhora do Rosário/Ipojuca (do
qual foi rendeiro desde antes a invasão holandesa)
Fontes
consultadas:
ACIOLI,
Vera Lúcia Costa. Informações sobre senhores de engenho de Pernambuco no
século XVII. Estrutura: Nome do proprietário e do
engenho/local/atividade-ofício/outros dados relevantes.
BORGES
DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de:
1925 Vol. 47
Gonsalves
de Mello, 1985, pg. 192.
MELLO,
José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do
Brasil Holandês. Governo do Estado de Pernambuco. CEPE. 2ª Edição.
Recife, 2004
NIEUHOFS, Johan. Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil. Biblioteca Histórica Brasileira. Direção de Rubens Borba de Moraes. Livraria Martins. São Paulo
NIEUHOFS, Johan. Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil. Biblioteca Histórica Brasileira. Direção de Rubens Borba de Moraes. Livraria Martins. São Paulo
No começo da
invasão holandesa João Carneiro de Mariz foi um dos que mais se aproveitou dos
benefícios oferecidos pelos holandeses, se tornando um dos maiores devedores da
Companhia das Índias Ocidentais holandesas. Entre suas dívidas está a compra, em
20/06/1637, à Companhia do eng. Sibiró de Cima, sob a invocação da Santa Cruz,
que pertencera a Manuel de Nabalhas, por 40.000 florins, a serem pagos em
prestações de 5.000 florins, a primeira a vencer em 01/01/1640. (Gonsalves de
Mello, 1985, pg. 192).
Em 1642, os senhores de engenho eram os grandes devedores da Companhia,
segundo informa o Conde João Maurício de Nassau, que estimou a dívida global em
75 tonéis de ouro, o que representava 7,5 milhões de florins; dois anos depois,
a dívida já alcançava a elevada importância de 130 tonéis de ouro,
correspondentes a 13 milhões de florins. Mas a Companhia visando o lucro obtido
com o açúcar no mercado internacional, continuou a ajuda-los financeiramente e
facilitando a construção dos engenhos ou pagando dívidas particular de alguns
senhores, como Jorge Homem Pinto (Paraíba), João
Carneiro de Mariz (Ipojuca), e D. Catharina de Albuquerque, proprietária do
engenho Santo Antônio da Muribeca.
Praia de Porto de Galinhas/Ipojuca-PE. |
Fontes consultadas:
PEREIRA, Levy. "N S. de Conçeição (Engenho
de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas
Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_
S._de_Con%C3%A7ei%C3%A7%C3%A3o_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de
acesso: 28/11/2013.
Um comentário:
Moro no engenho mercês, e tem muitos fatos históricos que só agora aprendi, ao fazer várias pesquisas sobre o lugar, o engenho Mercês hoje é reconhecido como comunidade remanescestes de quilombolas . portaria do diario oficial N° 74 , de fevereiro de 2017 seria bom atualizar pois acredito ser um fato histórico. Já que essa localidade sofre muitas degradações ambientais com os desmandos de SUAPE e suas empresas rumo ao progresso .
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