Fontes

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11/12/2013

São João Salgado, hoje Usina Salgado/Ipojuca

       
        O engenho São João Salgado foi fundado por Cosme Dias da Fonseca em 1615. Com capela sob a invocação a N. S. das Mercês, tinha duas moendas: uma de água e outra movida a bois, e pela comodidade do Rio Ipojuca podia moer o ano inteiro, podia anualmente fornecer 5.000 arrobas de açúcar e pagava de recognição 30 arrobas de açúcar branco encaixado. Localizado na margem direita do Rio Ipojuca, antes engenho do Salgado, reminiscência da antiga denominação do rio Ipojuca. O engenho, sob a jurisdição de Olinda, ficava localizado na freguesia de Ipojuca, a uma milha e meia do eng. Tabatinga de Santa Luzia/Ipojuca. tinha cerca de uma milha de terra, em sua maioria várzeas. Sua casa de purgar e das moendas eram feitas de taipa.
A capela  N. S. das Mercês foi construída em alvenaria de tijolo, em calçada alta. É bastante singela. Tem planta quadrangular e frontispício triangular, encimada por uma cruz. Possui pequena torre sineira, recuada, ao lado esquerdo. O telhado é em telha de amianto. Tem nave única e não possui forro. No altar-mor três nichos em cimento, tendo a imagem de Nossa Senhora das Mercês ao meio. Encontra-se em estado regular de conservação, pois o elemento está parcialmente alterado, necessitando de pequenas obras de conservação e/ou restauração. Ao seu redor, coqueiros, casa de moradores e canavial.
       Nomes históricos: São João; São João Salgado; dos Salgados; do Salgado; O Salgado; o Salgad; Salga∂os. Nome atual: Usina Salgado.
       O engenho foi citado nos seguintes mapas: IBGE Geocódigo 2607208 Ipojuca – PE; Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado como engenho, 'Salga∂os', na m.d. do 'Rº. Salga∂o' (Rio Ipojuca); e o Mapa PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'o Salgad', na m.e. do 'Mere' (Rio Merepe) - mais uma variação para pior das fontes originais desse mapa.
         Segundo Schott (Relatório Holandês de 1635, pág. 61) o engenho dos Salgados, pertencia a Cosmo Dias da Fonseca proprietário também do eng. Tabatinga de Santa Luzia/Ipojuca. Quando os holandeses chegaram as suas terras do engenho Cosmo Dias tinha fugido e suas edificações e as moendas tinham sido destruídas, já as caldeiras tinham sido retiradas e escondidas.

Cosme Dias da Fonseca – Natural de Pernambuco. Filho de Pedro Dias da Fonseca, nascido na família Carneiro Gasto, uma das mais nobres da Vila do Conde/PT, e de D. Maria Pereira Coutinho (viúva de Manoel Ribeiro de Lacerda que era irmão de Antônio Ribeiro de Lacerda c.c. Joanna de Góes). Neto paterno de Antônio Dias da Fonseca e de Joanna de Góes, filha de Pedro de Góes.  Recebedor do Consulado do Passo da Madeira. Participou na luta contra os holandeses. Após o seu falecimento recebeu o foro de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Fidalgo da Casa Real, alvará de 27/03/1638, que foi guardado pelo seu descendente o Cap. João Baptista Accioly de Moura, futuro proprietário do engenho Tabatinga (séc. XVII).
Casamento 01: D. Mécia de Moura. Durante a ocupação holandesa, já viúva, fugiu com sua irmã D. Isabel da Fonseca, viúva de Antônio Ribeiro de Lacerda, para a Bahia com o General Mathias de Albuquerque e cerca de 8.000 pessoas que em sua maioria eram senhores e lavradores de engenhos, com suas famílias, feitores e escravos. D. Mécia era a terceira e última filha de D. Felipe de Moura e de D. Genebra de Albuquerque.
Filhos encontrados: 01- Pedro de Moura Pereira, filho primogênito, nasceu em 1608 e faleceu em 1677. Fidalgo Cavaleiro. C.c. sua prima D. Francisca Cavalcante, filha do primo de seu pai Cosme da Silveira e de D. Margarida de Albuquerque Cavalcante, irmã de D. Genebra de Albuquerque, que depois de viúva casou com João Gomes de Mello. Com sucessão; 02- Felipe de Moura e Albuquerque, Fidalgo da Casa Real. Embarcou no ano de 1624, como Capitão de Infantaria, em companhia de seu tio D. Francisco de Moura em socorro da Bahia, onde permaneceu. Casou na Bahia com D. Felipa Pissarra, filha do nobre Diogo Pisara de Vasconcelos, e depois com D. Maria Pimentel, filha de Antônio da Silva Pimentel, cunhado de sua mãe no 1º casamento, e de D. Joanna de Araújo, pessoas nobres e conhecidas na Bahia. Sem sucessão nos dois casamentos; 03- Antônio de Moura, batizado em 12/06/1611, faleceu religioso da Ordem de São Francisco no Brasil; 04- Manoel de Moura Rolim, nascido em 1616. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real. Como Capitão de Infantaria participou do socorro feito a Bahia em companhia de seu tio D. Francisco de Moura. Durante a ocupação holandesa foi com sua mãe para a Bahia e lá casou com D. Anna Maria da Silva, irmã de sua cunhada D. Maria Pimentel, filha de Antônio da Silva Pimentel e de D. Joanna de Araújo, pessoas nobres e conhecidas na Bahia. Com sucessão; 05- Cosme Rolim de Moura que foi servir na Índia, onde faleceu sem sucessão; 06- Francisco de Moura Rolim, que foi servir na Índia, onde faleceu sem sucessão; 07- Paulo de Moura faleceu religioso da Ordem de São Francisco na província de Santo Antônio do Brasil; 08- D. Maria Pereira de Moura c.c. Zenóbio Accioly de Vasconcellos, natural da Ilha da Madeira, filho de Gaspar Accioly de Vasconcelos e de D. Anna Cavalcante, Fidalgo da Casa Real, Alcaide-mor de Olinda, Mestre de Campo de Infantaria do 3º pago do Recife. Com sucessão.
Senhor dos engenhos: Salgado/Ipojuca e Tabatinga de Santa Luzia/Ipojuca.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional. Anais de 1936 Vol 58; 1925, 1926.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª edição. Gov. de Pernambuco. CEPE. Recife, 2004
Alexandre José Mello Moraes, Basto (marquez de.), Ignacio Accioli de Serqueira e Silva Memorias diárias da guerra do Brasil por espaço de nove annos: começando em 1630 deduzidas das que escreveu o marquez de Basto, conde e senhor de Pernambuco. Typ. de M. Barreto, 1855 - 164 pág.

        Em terras de Ipojuca, o primeiro golpe dos holandeses foi a 12/03/1634 quando após tomarem o Forte Nazaré em Cabo de Santo Agostinho se dirigiram mais ao sul desembarcando em terras de Ipojuca no engenho Salgado, saqueando-o e incendiando-o. Em 10/07/1635, os holandeses mandaram, à noite, uma tropa com 200 homens ao engenho de Cosmo Dias, que vendo que não podia defender a casa onde estava armazenado o açúcar colocou fogo nela.
      Segundo Borges da Fonseca (Nobiliarquia Pernambucana, Anais de 1925, vol. 47) durante a guerra holandesa o Mestre de Campo Luís Barbalho, desembarcou por terra a 25 léguas ao Norte do Rio Grande do Norte, com 1.400 homens para socorrer a Bahia, foi o suplicante em sua Companhia e sua jornada durou 04 meses. Andou com 400 homens a pé, com fome e sede, comendo ervas e carne de cavalo, tendo 05 encontros com o inimigo. Na peleja que teve no eng. Goiana, sua companhia tinha 800 homens e 400 índios, morreram muitos inimigos; na da Mata de Santo Antão, obrigaram o inimigo a se retirar depois de muita batalha e com bastante perdas; na do eng. Salgado lutaram contra 1.400 holandeses, que tinham vindo para impedir-lhe o passo, mas conseguiram que eles se retirassem com mortos e feridos; no encontro que teve com 1.800 holandeses nos Campos de Unhahu, fizeram que os inimigos se retirassem por duas vezes, lutando das 8hs às 16 hs e em outros horários que se fizeram necessários.
       Por se encontrar abandonado e arruinado o engenho foi confiscado pela Companhia das Índias Ocidentais holandesa e vendido a Mateus da Costa para que pudesse recuperá-lo.

Mateus da Costa – Judeu. Comprou o engenho aos holandeses depois de confiscado de Cosme Dias da Fonseca que tinha ficado do lado dos brasileiros. 
Senhor dos engenhos: São João Salgado e Maranhão/ Ipojuca
Fontes consultadas:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª edição. Gov. de Pernambuco. CEPE. Recife, 2004

                Em 1640, o eng. S. João do Salgado aparece como sendo de propriedade de Duarte Saraiva.
  
David Sênior Coronel  (Duarte de Saraiva Coronel) – Cripto-Judeu*. Nasceu em 1575/Amarante-PT. e faleceu em 1650, com 75 anos de idade. Filho do marrano Abraham Sênior, Conselheiro da realeza. Atraído pelo governo tolerante com os judeus e por ser o centro financeiro europeu, imigrou para Amsterdam (1598), aos 23 anos de idade, onde se casou. Em 1601, enriqueceu trabalhando com transportes marítimos usando o nome católico de Duarte de Saraiva Coronel, conforme registros documentais de ações movidas contra os britânicos para o reembolso de sua apreensão de um navio carregado com açúcar vindo do Brasil e registros dos detalhes do comércio de sal e outros produtos com Portugal. Após a consolidação da ocupação holandesa em Pernambuco (1635) aumentou o fluxo imigratório de Amsterdam. No Conselho Político da Companhia das Índias Ocidentais (gestora dos negócios e operações militares além-mar) começou a receber vários requerimentos da comunidade judaica de Amsterdam solicitando a transferência para Pernambuco. Num deles, os comerciantes David Atias, Jacob e Moysés Nunes, Manoel Mendes Castro (Manuel Nehemias) solicitavam autorização para estabelecer uma colônia com 200 judeus “ricos e pobres” que em sua maioria chegou no dia 05/02/1638 (há 375 anos).  Duarte de Saraiva era tio de Gaspar de Mendonça (eng. Apipucos/Recife) c.c. D. Catharina de Cabral (filha de Cristovam Paes D'Altero, senhor do eng. Santo Antônio/Recife-Várzea), e de João de Mendonça (eng. Madalena/Recife). David Sênior imigra com a sua família e se estabelece no Recife. Logo se torna um homem muito rico e influente na Capitania, proprietário de muitos imóveis e engenhos.
Em um terreno comprado aos holandeses foi aberta uma rua para os judeus, chamados de gente da nação. Essa rua passou a ser conhecida com a “Rua dos Judeus” (Rua da Cruz e hoje do Bom Jesus, preservada no centro do agora restaurado Recife antigo). Em 1636, nessa rua, na casa de David Sênior funcionava a sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel, Comunidade Santa do Rochedo de Israel, a primeira de toda a América. Formalizada no primeiro semestre de 1636, a sinagoga instalou-se, em seguida, em um prédio próprio comprado pelo próprio David, de pedra e cal (possivelmente entre 1640 e 1641), cujo Rabino e Aboab da Fonseca, foi trazido da Holanda para ser o primeiro rabino do continente. Nota: Quando os portugueses, em 1645, cercaram o Recife e espalharam a fome entre os imigrantes, Aboab escreveu: ‘Os que estavam habituados a comer à mesa de ouro se davam por felizes com um pedaço de pão seco
Seu nome aparece: na compra de escravos; fretamento de navios; corte de madeira; rendeiro; cobrador de dízimos; proprietário de imóveis. Por duas vezes (1639 e 1644) ele arrematou a cobrança dos impostos da Companhia sobre a produção do açúcar em Pernambuco, despendendo na primeira vez 128.000 florins. Faleceu em 1650/Recife e deixou de créditos a receber da coroa portuguesa, a importância de 351.502 florins.
CURIOSIDADES: Quando a Holanda invadiu o Nordeste no século XVII, estava desejosa de dominar exatamente as áreas produtoras de cana de açúcar. Nesse período, dos 120 engenhos que estavam em funcionamento em Pernambuco, cerca de 6% era de propriedade de judeus portugueses que moravam na Holanda - além, evidentemente, daqueles engenhos de cristãos-novos. Moisés Navarro, por exemplo, foi dono de um engenho chamado Jurissaca, enquanto Duarte Saraiva, tinha três engenhos, todos adquiridos em leilão realizado após a invasão.
NOTA: A denominação Comunidade Santa do Rochedo de Israel talvez tenha sido por causa dos arrecifes que protegem Recife. O reverendo calvinista Joannes Baers, contemporâneo de David Sênior, assim descreve a cidade: “o Recife é um arrecife”.
Com a Restauração Pernambucana David Sênior tinha hipotecado todos os seus bens a firma holandesa West Índia Company (Companhia das Índias Ocidentais), se tornando um dos maiores devedores. Quando faleceu, todos os seus bens foram confiscado pelo reino de Portugal. Seu filho Ishac ainda tentou recuperar o controle da empresa Sênior-Coronel, através de ações jurídicas, mas não teve sucesso, e retornam para Amsterdam (1654).
CURIOSIDADES: Inquisição de Lisboa, CP 26 fls. 376/378 - António Munis da Fonseca, nat. de Évora 53 anos de idade, antigo morador de Pernambuco, em depoimento em Jan de 1650, disse que António de Mendonça Saraiva, senhor de Engenho na Várzea, tinha um Irmão chamado Duarte Saraiva praticante público da lei de Moisés (...).
Casamento 01: Maria (Pedro Nunes) Saraiva, nascida em 1579,  filha de Francisco Pedro (Lopes) Homem e Branca Maria Nunes. Casados em 05/08/1598-Amsterdam.
Filhos encontrados: 01- David (Duarte) Ishac (Sênior Júnior), herdeiro de seu pai, c.c. Ester Saraiva (Sênior Coronel) (born Rodriguez Portolegre); 02- Antônio Saraiva (Sênior Coronel), nascido em 1612 e falecido em 1694/Barbados; 03- Ishac Saraiva (Sênior Coronel) c.c. Sara Saraiva (Sênior Coronel) (born Sarfati); 04- Salomão Duarte nascido em 1599 e falecido em 1619.
A família Sênior Coronel voltou para Amsterdam em 1654, após os holandeses se rendera. Nos tribunais, Ishac tentou recuperar da mudança da família para o Brasil. Ele pode ter sido tesoureiro da comunidade judaica de Recife em 1652, mas voltou com o resto de sua família para Amsterdam em 1654. Morreu lá em 1676 com a idade de 51. Seus descendentes, eventualmente, emigraram para o Suriname (Guiana Holandesa), na costa norte da América do Sul, onde também entraram no negócio de açúcar.
Senhor dos engenhos: Camaçari, Madalena/Recife (tomado do Sargento-mor João Mendonça alegando ser seu devedor); Novo/Cabo de Santo Agostinho, Velho antes chamado Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho; Rosário da Torre/Recife; Santo Antônio da Várzea, depois Eenkalchoven /Recife; São João do Salgado/Cabo de Santo Agostinho; Trapiche ou Bom Jesus/Ipojuca.
* Criptojudaísmo – Conjunto de práticas que um grupo de pessoas, com origem judaica (ou no caso hebraica), realizavam nos períodos da história nos quais ocorreram perseguição a pratica e a fé judaica.
Fontes consultadas:
Bauch, Emil. Litografia (sec. XIX). Disponível em: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/clip_pe1.htm
Bennett, Ralph G. David Senior Coronel (ou Duarte Saraiva Coronel). 1575-1676. Disponível em: http://www.jackwhite.net/iberia/coronel.html 
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.
MELLO, Evaldo Cabral de. Gente da nação: cristãos-novos e judeus em Pernambuco, 1542-1654
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Edt. 34. 3ª Edição, definitiva.
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro veio: o imaginário da restauração pernambucana.

Moradores encontrados:

Salvador Correia de Lacerda – Capitão da Ordenança em Ipojuca.
Casamento 01: D. Maria dos Prazeres, filha do Cap. Domingos Gomes de Brito e de sua mulher D. Lourença Correia, de quem Domingos foi o terceiro marido.
Filhos encontrados: 01- Domingos Gomes de Brito c.c. D. Clara Fagundes.
Morador do engenho Salgado/Ipojuca.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional. Anais de 1925.

Domingos Gomes de Brito – Filho de Salvador Correia de Lacerda e de D. Lourença Correia (terceiro marido).
Casamento 01: D. Clara Fagundes, filha de Estêvão Ribeiro e de Maria Cavaco, irmã do Padre Domingos Cavaco, Coadjutor da freguesia de Ipojuca.
Filhos: 01- Miguel Carneiro que imigrou para Minas Gerais; Domingos Inofre (morou no eng. da Ubaca) c.c. (?), filha de Diogo de Athayde de Serinhaém;02- Salvador Correia c.c. sua cunhada (?), filha de Diogo de Athayde de Serinhaém; 03- D. Catharina c.c. Manoel Ferreira de Mello; 04- D. Lourença c.c. seu primo Manoel da Silva Cavaco; 05- D. Clara, solteira; 06- D. Isabel Carneiro c.c. Manoel Velho Freire.
Morador do engenho Salgado/Ipojuca
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional. Anais de 1925.

          No século XVIII o engenho pertencia a Manoel Garcia de Moura Rolim.

Manoel Garcia de Moura Rolim – Filho de Antônio de Moura Rolim (nascido em 1658 e falecido em 1708/Bahia) e de D. Maria de Moura, primos e coirmãos. Fidalgo da Casa Real, em 1677.  Nascido de uma família que representava uma das maiores concentrações de poder econômico no período pós-guerra, já que seus parentes haviam possuído muitos engenhos, sendo o exemplo conspícuo dos familiares dos senhores de engenho confiscado que, havendo seguido a carreira militar, regressaram a Pernambuco como oficiais do exército restaurador.
Casamento 01: D. Úrsula Carneiro da Cunha, em 1701/Várzea-Recife. Filha de João Carneiro da Cunha (senhor do eng. do Meio/Recife) e de sua mulher D. Anna Carneiro de Mesquita, primos. S
Filhos encotrados: (s.g.)
Senhor do engenho Salgado/Ipojuca e de muitas fazendas na Bahia.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional. Anais de 1925, 1926.
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Pág. 340.
GASPAR, Lúcia. Usina Salgado. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 10/12/2013.

Plantação de cana de açúcar
        Em suas terras, 1817, foi um dos pontos de concentração das tropas do Governo Pernambucano, contra os revoltosos, durante a Revolução Pernambucana, por ocasião da visita de Dom Pedro II à Província de Pernambuco, 1859.
        Existe no engenho uma chaminé de vulcão extinto com o nome de “Neck Vulcânico”, que fica no percurso das terras da Usina Ipojuca. O “Neck” tem cerca de 20 m de altura.
           No século XIX o engenho Salgado pertencia a Usina Salgado.

Usina Salgado – Fundada em 1892 em terras do engenho Salgado/Ipojuca que foi fundado por Cosme Dias da Fonseca, em 1625. Seus proprietários foram: Costa & Barros (concessão); Bento & Brito; Xavier & Bandeira (1929). Depois passou a pertencer a Joaquim Bandeira de Melo (1930); Aníbal Cardoso dos Santos, Miguel Santos e José Borba; Rui Cardoso Gonçalves dos Santos; Fernando Peres (1971-1972) e Joel de Albuquerque Queiroz (1975).
Em 1929, possuía 18 propriedades agrícolas, 45 km de ferrovia, 05 locomotivas e 08 carros. Tinha capacidade para processar 500 t. de cana e fabricar 6.000 l. de álcool em 22 hs. O transporte da cana e do combustível era feito pela via férrea própria e o do açúcar e do álcool, por barcaças de sua propriedade.
No período de moagem trabalhavam na fábrica cerca de 90 operários, incluindo quatro menores. Não eram aceitos estrangeiros ou mulheres. Possuía também uma vila operária com 80 casas, mantinha uma escola com freqüência média anual de 50 alunos e uma assistência hospitalar para seus empregados.
Na década de 1960, no auge das ligas camponesas comandadas por Francisco Julião, a Usina Salgado enfrentou uma grande crise. Foi administrada pelo Padre Antônio Melo, que não resolveu os problemas administrativos nem os sociais da empresa, voltando então a usina para as mãos de usineiros.
e adquirida pela família Queiroz no ano de 1975, o parque industrial Salgado tem um grande diferencial que é situar-se próximo ao Porto de Suape e Porto de Recife, além de ter tecnologia agrícola, dentre elas estão: os plantios de várzea com drenagem forçada através de bombeamento e projeto de fertirrigação com sistema de hidroroll nas encostas.
CURIOSIDADES: No ano de 2007 alguns engenhos que pertenciam a Usina Salgado/Ipojuca, foram leiloados, foram eles: Santa Rosa com área de 1.386 ha., avaliado em R$ 4.200.000,00; São Paulo, com área de 814 ha., avaliado em R$ 2.500.000,00; Caetès com área de 864 ha., avaliado em R$ 2.900.000,00; Genipapo, com 989 ha., avaliado em R$ 3.000.000,00; São Carlos com 606 ha., avaliado em R$ 1.900.000,00; Cachoeira com área total de 943,1 ha., avaliado em R$ 6.130.150,00.
Atualmente, a Usina Salgado possui uma área de 15.500 hectares, com 19 engenhos e cerca de 4.000 hectares de terra mecanizável. Sua produção na safra de 1994-1995 atingiu 1.120.000 de sacos de açúcar.
Proprietária dos engenhos: Água Fria, Boacica, Cachoeira, Caetés, Califórnia, Camela, Canto, Currais, Dourado, Garagem, Guerra, Jenipapo, Mercês, Monte de Ouro, Penderama, Piabas, Pindoba, Saco, Salgado, Santa Rosa, São Paulo e Todos os Santos.
Fontes consultadas:
ANDRADE, Manuel Correia de História das usinas de açúcar de Pernambuco. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
GONÇALVES & SILVA. O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife: [s.n.], 1929. 90 p.
MOURA, Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco. Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal, 17).



Fontes consultadas:
Alexandre José Mello Moraes, Basto (marquez de.), Ignacio Accioli de Serqueira e Silva Memorias diárias da guerra do Brasil por espaço de nove annos: começando em 1630 deduzidas das que escreveu o marquez de Basto, conde e senhor de Pernambuco. Typ. de M. Barreto, 1855 - 164 pág.
ANDRADE, Manuel Correia de. História das usinas de açúcar de Pernambuco. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional. Anais de 1917, 1935.
GASPAR, Lúcia. Usina Salgado. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 10/12/2013
GONÇALVES & SILVA. O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife: [s.n.], 1929. 90 p.

MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª edição. Gov. de Pernambuco. CEPE. Recife, 2004
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Edt. 34. 3ª edição. São Paulo, 2007. Pág. 340.
MOURA, Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco. Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal, 17).
PEREIRA, Levy. "O Salgado (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/O_Salgado_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 11/12/2013.

Um comentário:

Bruno Câmara disse...

O viajante francês Tollenare visitou o Engenho Salgado, 08 de dezembro de 1816, que tinha 130 a 140 escravos. Como ressalta o francês, a safra durava de quatro a cinco meses e “o trabalho dos negros no engenho é mais violento”, um trabalho incessante, 18 horas em pé.