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11/12/2013

Engenho São Paulo, antes da Guerra/Ipojuca

Ipojuca é uma das cidades mais antigas de Pernambuco. Diferente de muitas outras cidades, até a presente data não foi descoberto nenhum documento anterior a 1584 que discuta a sua criação sendo, portanto o documento: Primeira Visitação do Santo Ofício às Partes do Brasil, Denunciações de Pernambuco do Inquisidor português Heitor Furtado de Mendonça que cita as freguesias existentes em Pernambuco onde é mencionada pela primeira vez em um documento oficial, a existência de uma localidade por nome de Pojuca (Ipojuca). Neste documento são citadas as freguesias de: Santo Cosme e Damião de Igarassu, de São Lourenço, Cabo de Santo Agostinho, São Miguel da Pojuca com as capelas de Santa Luzia no engenho Tabatinga e de São Miguel na freguesia de Pojuca, entre outras freguesias existentes na época, para que seus habitantes fossem se confessar em Olinda, pois assim receberiam “trinta dias de graças”.
Neste mesmo documento diz que na freguesia de Pojuca (Ipojuca) já existia o engenho Tabatinga inclusive indicando os seguintes senhores de engenho: Pero Dias da Fonseca, Francisco Mendes e sua esposa Ana Tomé; Antônio Gonçalves Menaia, os padres Gaspar Neto, Paulo Roiz de Távora e Cosme Neto. Sendo este o documento mais antigo de que se tem notícia Ivo d’Almeida, que estuda a história antiga de Ipojuca há mais de vinte anos fixa o ano de 1584 como sendo o marco inicial indicado pelo documento acima citado que se encontra no Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco e na Torre do Tombo em Portugal; não o registro do surgimento da freguesia que daria origem a Ipojuca, mas como o registro de sua existência desde 1584.
Os Engenhos de Ipojuca são cheios de tradição e símbolos marcantes de nossa História. Durante o Brasil colonial e imperial, eles produziam seu próprio açúcar, que era exportado para as metrópoles do além-mar. Depois foram substituídos pelas usinas de açúcar, passando apenas ao cultivo da cana-de-açúcar. Hoje, os engenhos de Ipojuca, além do plantio da cana-de-açúcar, se dedicam a criação de gado e ao cultivo de frutas e flores tropicais, que certamente substituirão a lavoura da cana, dando vez a um grande mercado de exportação para outras nações, num sistema de cooperativado e em razão do Porto de Suape. 
                O engenho São Paulo depois da Guerra foi fundado por (?), antes da invasão holandesa, a moenda de sua fábrica era movida a bois, com Igreja dedicada a Nossa Senhora das Mercês localizado na margem esquerda do Rio Ipojuca, suas terras estavam sob a jurisdição de Olinda na freguesia de Ipojuca, Nomes históricos: engenho da ou de Guerra, ou eng. São Paulo; atualmente engenho Guerra.
                Segundo o Relatório de Schott (1636, pág 61), o engenho São Paulo, tinha sido abandonado pelos seus proprietários e estava sendo administrado pelo seu Feitor-mor Pedro da Grand (nada foi encontrado) que como seu maior lavrador ficou como feitor-mor. O engenho estava situado a 1/4 de milha ao Noroeste do engenho Salgado, tinha 600 vadem (medida de comprimento: um vadem de Amsterdam =: 1,698m; idem renano = 1,88m.) de terra em quadra, parte da qual era plantada com cana, enquanto a outra parte consistia de pastos, mas não tinha matas e por isto comprava toda a madeira, o que era muito oneroso. Podia fornecer anualmente 2.000 a 3.000 arrobas de açúcar, e pagava 01 e 1/2 % de recognição.

     O engenho foi citado nos seguintes mapas holandeses: PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado como engenho, 'Ԑ: Da GuԐrra', na m.e. do 'Rº. Salga∂o' (Rio Ipojuca); PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'đ Guerra', na m.e. do 'Ipoiucá' (Rio Ipojuca).

Capela de Nossa Senhora das Mercês - Antigo Engenho Guerra, Ipojuca
http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/PNMA2/diagnostico-turismo/fotos-ipojuca.pdf
    Durante a ocupação holandesa o engenho foi confiscado pela Companhia das Índias Ocidentais e 7/9 partes das suas terras foram vendidas a Hendric Schilt. (Nassau-Siegen; Dussen; Keullen – 1638).

Hendric Schilt – Conselheiro Político. (Nada mais foi encontrado).
Curiosidades: Homem muito violento que, para conseguir "uma pulseira de patacas e a prata da igreja do eng. Umbu/Goiana, "mandou o seu secretário matar o padre Álvaro Mendes de Elvas, Capelão daquele engenho, que foi morto ao pé do altar". O fato apresenta-se com riquezas de detalhes em processo que foi movido contra aquele conselheiro, com sentença condenatória proferida em 30/10/1637, conservado no Arquivo Geral do Estado (Haia), documentos da Companhia das Índias Ocidentais. No mesmo arquivo se conservam os processos por corrupção contra vários outros membros do Supremo Conselho, dentre os quais Hamel, Bas e Bulestraten, denunciados na publicação Bree byl e o Brasilsche Gelt Sack, que traz a falsa declaração de haver sido impresso no Recife
Fontes consultadas:
A prata de São Bento. Diário de Pernambuco. Os holandeses em Pernambuco. Uma história de 23 anos. Publicado em 11/08/2003.

            Em 1640 o engenho Guerra, antes São Paulo, aparece como de propriedade de Jacobus Corderus (Nada mais foi encontrado) e do Conselheiro Político Baltasar Wijntgens (Nada mais foi encontrado) e seu lavrador era o Major Hinderson. (Dussen, 1640, pg. 143)
               Segundo Bullestrat, em seu relatório de 1641, dizia que tinha falado com Baltasar Wijntgens sobre as prestações vencidas do seu engenho, em 1640 e 1641, e que ele disse: quanto ao pagamento do ano de 1640, teria entregue 21 caixas de açúcar, das quais tinha recibo do comissário e ainda tinha dado um tanto em dinheiro, o que prometeu verificar, pois o comissário nada tinha apresentado para ser lançado nos livros; e prometeu cumprir o seu compromisso no que diz respeito às prestações do ano de 1641.
Nas Revoluções de 1710 e de 1817, Ipojuca foi palco de algumas batalhas onde se destacaram os engenhos Guerra, Pindoba e Gaipió.

Fontes consultadas:
PEREIRA, Levy. "Đ Guerra". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/%C4%90_Guerra. Data de acesso: 10/12/2013.
BARRETO, Cristiane Gomes. Devastação e Proteção da Mata Atlântica nordestina: formação da paisagem e políticas ambientais. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável. Brasília, 2013.

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