Engenho
Camaçari (Camassurin; Camassarim) foi fundado por Manuel da Costa Calheiros, em 1593, em meia com um sócio que não conseguimos identificar.
Sua moenda era movida à água, não possuía igreja e não tinha indicação de
orago.
Suas terras
ficavam localizadas na margem esquerda do Rio Camaçari, sob a jurisdição de
Olinda, Freguesia de Santo Amaro do Jaboatão, Capitania de Pernambuco.
O engenho Camaçari
foi citado nos seguintes mapas coloniais: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS
BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ; PE-C (IAHGP-Vingboons,
1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como engenho, 'Camassurin';
PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Camaçari',
na m.e. do
'Camaçari' (Rio Camassari);
Segundo documentos encontrados, no ano de 1637 o engenho Camaçari se encontrava há muitos anos
arruinado e pertencia a Manoel Fernandes
Cruz.
Em 1638 o Governo
do Recife decidiu leiloar o engenho, sendo arrematado porDuarte de Saraiva, que o reconstruiu, mas não chegou a moer.
Laet (Livro Décimo
Terceiro, 03.08.1636 ― pág. 911), ao relatar os feitos da coluna do Coronel Crestofle
d'Artischau Arciszewski (ou Krzysztof Arciszewski): Cumprindo a ordem, o Coronel dirigiu-se com a sua força para o mato,
passou pelo engenho de João de Barros Corrêa e pelo de Antônio de Bulhões,
chamado Sto. Amaro, situado em Jaboatão e acampou à noite no velho e arruinado
engenho de Manuel Fernandes da Cruz, chamado Camasari. Pondo-se em movimento no
dia 4, cedo pela manhã, ...
No ano de 1655 o
engenho se encontrava de fogo morto e pertencia a Luís Dias Barroso que pagava 03% de pensão.
Atualmente grande
parte de suas terras se encontram submersas pela Barragem Duas Unas, cuja área é
conhecida como Camassari - vide mapa IBGE Geocódigo 2607901 -
Jaboatão dos Guararapes-PE.
Fontes:
CABRAL DE MELLO, Evaldo. O Bagaço da
Cana.. os engenhos de açúcar do Brasil Holandês. Edt. Penguin & Companhia
das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
99, 100.
DUSSEN, Adriaen Van der: Relatório
sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil, redigido pelo senhor
Adriaen van der Dussen, datado de 10.12.1639 e apresentado ao Conselho dos XIX
na Câmara de Amsterdam em 4 de abril de 1640.
Gonsalves de
Mello, José Antônio. Fontes para a História
do Brasil Holandês, vol. 1 - A Economia Açucareira, Parque Histórico Nacional
dos Guararapes, MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória, Recife, Pernambuco, Brasil,
1981, doc. 6, pág. 131-232.
Laet, Ioannes de: HISTÓRIA OU ANAIS
DOS FEITOS DA COMPANHIA PRIVILEGIADA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS, DESDE O COMEÇO ATÉ
O FIM DO ANO DE 1636 (Iaerlijck Verhael). In: OUTROS TEXTOS, CD [anexo a (Coelho,
1654) ], Editora BECA, São Paulo, SP, Brasil, 2003.
PEREIRA, Levy. "Camaçari
(engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital
da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/atlas/Cama%C3%A7ari_(engenho).
Data de acesso: 21 de setembro de 2016.
RIBEMBOIM, José Alexandre. Senhores de Engenho, Judeus em Pernambuco
Colonial - 1542-1654,
5ª edição, Recife, 2000. Pág. 190.
PROPRIETÁRIOS:
1593 - Manuel da Costa Calheiros – Natural de Ponte das Barcas – Minho/PT. Falecido em
06.1620, deixando como seus testamenteiros sua esposa e seu filho Manoel da
Costa, sendo sepultado na Igreja da Matriz do Salvador/Olinda. Filho do Tabelião do Público e Judicial dos
Arcos de Valdevez – Minho/PT, que era irmão e sobrinho de pessoas notáveis do
local. Participou da conquista do Rio Grande do Norte. Vereador de Olinda
(1612). Juiz Ordinário mais velho de Olinda (1613). Membro da Mesa da
Misericórdia de Olinda (1616).
Casamento 01: Catarina Tavares (Rodrigues) – Filha do Capitão Braz de Araújo
Pessoa e de D. Catarina Tavares.
Filhos:
01- Antônio
Ribeiro Pessoa – C.c. D. Thereresa de Ornellas, filha do Capitão Antônio
Carvalho de Vasconcelos e de sua segunda esposa D. Luisa de Mello de Ornelas. Irmã
de D. Maria de Ornellas c.c. o Capitão Luiz da Veiga Pessoa. Neto materno do
Capitão Braz de Araujo Pessoa e de D. Catharina Tavares. (c.g.);
02- Miguel
Pessoa – C.c. sua prima D. Catharina, filha de Miguel Pessoa de Araújo e de
D. Maira Telles de Menezes;
03- João
Ribeiro Pessoa – Capitão-mor. Viveu sempre em Igarassu. Juiz Ordinário e
dos Órfãos de Igarassu. Logrou as primeiras estimações pelos grandes juízos e
capacidades de que foi dotado. C.c. D. Genebra de Vasconcellos Castro, filha de
Francisco de Brito Lyra e de D. Juliana de Drumont. Neta materna de Leandro Teixeira
Escócia de Drumont e de D. Victoria de Moura.
04- D. Maria Pessoa – C.c. Francisco Dias de Figueiredo (c.g.), casou
depois com Francisco de Carvalho (s.g.);
05- Manoel
da Costa Calheiros – C.c. sua prima D. Ignez, filha de Miguel Pessoa de
Araujo e de D. Maria Telles de Meneses, (c.g.)
06- Catarina
da Costa – Segunda esposa de Cristóvão de Hollanda de Vasconcellos, viúvo
de D Catharina de Albuquerque (c.g.). Filho de Arnau de Hollanda e de D. Brites
Mendes de Vasconcelos. Nascido e viveu em Olinda e falecido em 02.06.1614,
deixando como seus testamenteiros sua D. Catharina, seu cunhado Manoel da Costa
Calehrios e seu filho Bartholomeu de Holanda. Quando da entrada dos holandeses, passou a viver na freguesia de S.
Lourenço da Mata. Foi vereador em Olinda em 1651. Foi sepultado na
Capela da Igreja Matis do Salvador/Olinda. (c.g.)
07- D. Lusia
– Segunda esposa de Felipe Bezerra Montenegro, viúvo de uma filha de C. Gonçalo
Miz Calheiros de Tejucupapo (c.g.). Filho de Felipe Bezerra Montenegro e D.
Maria. (c.g.);
09- Justa
da Costa – C.c. Bartolomeu de Hollanda Cavalcanti. Nasceu em Olinda e faleceu 06.06.1623, filho de Christovão de Hollanda de Vasconcellos e Catarina de
Albuquerque. Senhor do engenho da Aldeia/Camaragibe. (c.g.)
Fontes:
http://geneall.net/pt/nome/1069455/manuel-da-costa-calheiros/
http://www.araujo.eti.br/descend.asp?numPessoa=39797&dir=genxdir/
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano.
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925. Vol 47 (9). Pág. 160-162, 185,
308, 309, 484, 485.
_________________________________________________________________________ Anais 1926 Vol 48 (7). Pág. 105, 188, 189,
270, 277, 278,
289.
1638 - Duarte de Saraiva – Nascido em
1572/Amarante/PT e falecido em 1651/Recife, com mais de 80 anos, onde foi
sepultado. Membro da família Sênior Coronel radicada em Hamburgo. Filho de
Abraham Sênior (Conselheiro da realeza). Neto de Heitor Coronel (nascido em
Salvaterra, na Galiza/Espanha, casado em Monção/Portugal, na família Saraiva de
origem cristão-novo). Duarte de Saraiva era tio de Gaspar de Mendonça (engenho
Apipucos/Recife) c.c. D. Catharina de Cabral.
Duarte de Saraiva imigrou para Amsterdã
(1598), aos 23 anos de idade, onde casou, atraído pelo fato da cidade ser o
centro financeiro europeu e do governo ser tolerante para com a religião judia.
Em 1601, já adquirido uma fortuna, trabalhando com transportes marítimos usando
o nome católico de Duarte de Saraiva Coronel, conforme registros documentais de
ações movidas contra os britânicos para o reembolso de sua apreensão de um
navio carregado com açúcar vindo do Brasil e registros dos detalhes do comércio
de sal e outros produtos com Portugal. Tornou-se “Cidadão de Amsterdã” em 1604.
Em 1610, ele era proprietário de uma grande firma de fornecimento de carne para
`comunidade judia de Amsterdã.
Após a consolidação da ocupação holandesa
em Pernambuco (1635) o Conselho Político da Companhia das Índias Ocidentais
(gestora dos negócios e operações militares além-mar) começou a receber vários
requerimentos da comunidade judaica de Amsterdã solicitando a transferência
para Pernambuco, entre eles o de David Sênior Coronel.
Proveniente de Flandres, David Saraiva
chega a Pernambuco em 1636, com a sua família e se estabelece no Recife. Logo
se torna um grande líder na comunidade judaica, usando seu prestígio junto aos
correligionários e perante as autoridades legais constituídas no Pernambuco
holandês.
O crescimento da população judaica em Pernambuco
se tornou tão grande que o Conselho Político da Companhia das Índias Ocidentais
decidiu vender ao rico mercador e proprietário de engenho, Duarte Saraiva, pelo
preço de 450 reais, um lote junto a Porta da Terra, ao norte do istmo que
ligava Recife a Olinda, para que construíssem casas para habitação e comércio
(1635). Esse lote fica hoje localizado na “Rua dos Judeus” (Rua da Cruz, hoje
do Bom Jesus, que se encontra bastante preservada no Centro do agora restaurado
Recife antigo). Nele David Sênior constrói uma casa cujo andar térreo servia
para o comércio e o andar superior era a sua residência.
Em 1636, na casa de David Sênior
funcionava a sinagoga Kahal Kadosh Zur Israel (Comunidade Santa do Rochedo de
Israel), a primeira de toda a América. Formalizada no primeiro semestre de
1636, a sinagoga instalou-se, em seguida, em um prédio próprio comprado pelo
próprio David, possivelmente entre 1640 e 1641, cujo Rabino Aboab da Fonseca, o
primeiro do continente, foi trazido da Holanda. Nota: A denominação Comunidade
Santa do Rochedo de Israel talvez tenha sido por causa dos arrecifes que
protegem Recife. O reverendo calvinista Joannes Baers, contemporâneo de David
Sênior, assim descreve a cidade: “o
Recife é um arrecife”.
Denúncias formuladas contra David Coronel
asseguravam que fazia farto uso da distribuição de bíblias em espanhol para
cristãos-novos, visando ações de proselitismo para que os mesmos retornassem ao
judaísmo.
As atividades comerciais no Brasil
Holandês de David Sênior Coronel foram muito amplas, conectando o Recife a
Amsterdã: fretamento de navios (1637 a 1645); comercialização de escravos da
costa da África (1638 a 1639); corte de madeira para fornecimento de lenha
(1638 a1641). Homem muito rico, foi proprietário de 06 imóveis no Recife, sendo
03 na Rua dos Judeus, 07 engenhos e de muitos escravos. Por duas vezes (1639 e
1644) ele arrematou a cobrança dos impostos da Companhia sobre a produção do
açúcar em Pernambuco, gastando na primeira vez a quantia de 128.000 florins.
NOTA: No Recife Duarte de Saraiva foi um
dos nomes mais respeitados na comunidade judaica e holandesa, sendo homenageado
pelo conhecido rabino de Amsterdã, Menasseh ben Israel, quando da publicação do
seu livro El Conciliador (Amsterdã, 1641).
Depois do falecimento de Duarte de Saraiva
sua família descobriu que todos os seus bens haviam sido hipotecados à firma
holandesa West India Company (Companhia das Índias Ocidentais).
Em 1655, após a Restauração Pernambucana,
todos os engenhos deixados por Duarte de Saraiva para sua família foram
confiscados pelo reino de Portugal. Seu filho Ishac ainda tentou recuperar os
imóveis e o controle da empresa Sênior-Coronel, através de ações jurídicas, mas
não teve sucesso. Na pobreza sua família retorna para Amsterdã.
Senhor
dos engenhos: Bom Jesus Salgado/Ipojuca (adquirido
em 1637, por 60.000 florins, que fora confiscado de D. Isabel de Moura); Camaçari/Jaboatão dos Guararapes
(adquirido em 1638, o engenho estava desativado); Madalena/Recife (engenho tomado de Manuel Saraiva, por este não lhe
ter podido pagar um empréstimo concedido a ele); Nossa Senhora da Apresentação ou Moreno/Moreno (a posse desse
engenho carece de maior comprovação, segundo Ribemboim); Novo/Cabo de Santo Agostinho (adquirido em 1637, por 42.000
florins, que tinha sido confiscado de Cristóvão Paes Barreto); São João do Salgado/Ipojuca (adquirido
em 1639, que fora confiscado de Mateus da Costa); Torre/Recife -Torre (1637).
Velho
de Beberibe/Beberibe-Olinda (adquirido em
1637, de fogo morto, por 10.000 florins, confiscado de Antônio de Sá);
Torre/Torre-Recife (adquiriu parte do engenho em 06.12.1638 por 7.275 florins);
Casamento 01: Maria Saraiva, filha de Pedro Homem e Branca Homem.
Filhos:
01- David
Ishac (Sênior Júnior) – Herdeiro de seu pai. Tesoureiro da comunidade
judaica de Recife em 1652. Retornou com toda a sua família para Amsterdã
(1654), aonde faleceu em 1676, com a idade de 51 anos. Seus descendentes,
eventualmente, emigraram para o Suriname (Guiana Holandesa), na costa norte da
América do Sul, onde também entraram no negócio de açúcar. C.c. Ester
Saraiva (born Rodriguez Portolegre);
02- Antônio
Saraiva (Sênior Coronel) – Nada mais foi encontrado;
03- Ishac
Saraiva (Sênior Coronel) – C.c. Sara Saraiva (born Sarfati).
Fontes:
BENNETT, Ralph G. David Senior Coronel (ou
Duarte Saraiva Coronel). 1575-1676. Disponível em: http://www.jackwhite.net/iberia/coronel.html
http://www.arquivojudaicope.org.br/museu_virtual_autores_detalhe.php?id=6
http://www.morasha.com.br/conteudo/ed32/presenca2.htm
http://www.myheritage.com.br/person-1000781_26310451_26310451/ishac-isaac-saraiva-senior-coronel
DN, I. vi. 1635, CJH.Gonsalves de Mello, Gente da Nação, p. 224, 225, 416 a 418
http://www.morasha.com.br/conteudo/ed32/presenca2.htm
http://www.myheritage.com.br/person-1000781_26310451_26310451/ishac-isaac-saraiva-senior-coronel
DN, I. vi. 1635, CJH.Gonsalves de Mello, Gente da Nação, p. 224, 225, 416 a 418
FILGUEIRA, Marcos Antonio. Cristãos-novos
na gênese de algumas famílias do Nordeste.
FONSECA, V. Borges da. Nobiliarchia
Pernambucana
Guerra, Luís de Bivar. Investigação
encomendada pela Madame Ethel Krenz Senior, nos documentos portugueses -
Declaração emitida pelo genealogista J. L Bivar Pimentel Guerra z"l.
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro veio: o
imaginário da restauração pernambucana.
_____________________ Olinda Restaurada.
Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Edt. 34. 3ª Edição, definitiva.
MELLO, José Antônio Gonsalves de Mello. A
Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE.
Recife, 2004.
PEREIRA, Levy. "S. Madanella (engenho
de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Madanella_(engenho_de_bois). Data de acesso: 28 de junho de 2014.
Relatório de Dussen (1640, pg. 152)
Relatório de Nassau Siegen; Dussen;
Keullen (Relatório de 1638, pg. 87)
Casa grande do engenho Megaipe de Cima |
1655- Luís Dias
Barroso – (Nada mais foi encontrado)
Senhor
dos engenhos: Megaípe de Cima (Algibeira, d'Alinbero, ou de Manuel Bezerra)/Jaboatão
dos Guararapes-Muribeca; Camaçari/Jaboatão dos Guararapes
Fontes:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A
Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª
edição. Recife, 2004. Pág. 29.
PEREIRA, Levy. "Camaçari
(engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital
da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Cama%C3%A7ari_(engenho).
Data de acesso: 22 de março de 2015.
ELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana.
Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 93.
Nenhum comentário:
Postar um comentário