Fontes

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16/08/2016

Engenho Tabatinga (Tabatinga, Tapitinga, Tubatinga)/Igarassu

A história do estado de Pernambuco, está particularmente ligada à economia açucareira. A produção do açúcar era de fundamental interesse da Coroa Portuguesa, visto que essa especiaria foi, até meados do século XIX, o principal produto de exportação do Brasil. NOTA: A documentação relativa aos engenhos situados em Igarassu é escassa, porém a partir de pesquisas realizadas no Museu Histórico de Igarassu, é possível obter maiores informações alguns engenhos construídos na região.
Localização Rio Tabatinga/Igarassu
O município de Igarassu, era inicialmente ocupado por tribos indígenas, sobretudo os Caetés e os Tabajaras. Em 1516, foi implantada a Feitoria de Pernambuco por Cristóvão Jacques, em local hoje conhecido por Sítio dos Marcos, pois nesta área posteriormente foram fincados os marcos de pedra divisórios das Capitanias de Itamaracá e de Pernambuco, em terras onde depois foi construído o engenho Tabatinga, por meio da qual os portugueses exploravam o pau-brasil e detinham o controle no comércio da especiaria.
O engenho Tabatinga ficava localizado na margem direita do Rio Tabitinga (Tabatinga), Vila Antiga de Igarassu, Capitania de Pernambuco. Sua moenda era movida à água, com igreja, mas sem indicação de orago.
Em 1609 o engenho Tabatinga tinha como proprietário Vicente Fernandes. Em 1623, o engenho produziu 3920 arrobas de açúcar.
Sitio dos Marcos
Quando os holandeses invadiram Pernambuco o engenho pertencia a Francisco Coresma (Quaresma) de Abreu, Inspetor Geral do pau-brasil (1600 a 1607).
No dia 27.06.1633 o exército holandês seguiu para Itamaracá, dirigindo-se para a parte da que ainda estava em poder dos luso-brasileiros, atravessaram o Rio em lanchas e marcharam contra o engenho Tabatinga Dr. Francisco Quaresma de Abreu, onde foram rechaçados com uma perda de 70 mortos ou feridos. Mathias de Albuquerque informado desse sucesso, mandou reforço de 80 homens comandado pelo Capitão Manoel Rebello de França e João Basílio de Sousa.
Por se recusar a aceitar o domínio batavo, Francisco Quaresma (1635) foi desterrado para a Holanda, junto a sua família e escravos doméstico, totalizando 24 pessoas, deixando para trás encontrava14 escravos e 23 animais. Incendiado o engenho pelas tropas invasoras, a administração foi entregue ao lavrador Vicente Siqueira.
Igreja de São Cosme Damião/Igarassu. 
Tela de Frans Post - Séc. XVII
Em 1637, o engenho que se encontrava de fogo morto e com seus canaviais queimados foi vendido a Pieter Marissingh e sócio. Moía em 1639, dispondo de três partidos de lavradores, no total de 75 tarefas (3.750 arrobas), sem partido da fazenda. Seus lavradores eram: Vicente Siqueira, 20 tarefas; Leonardo Dias, 25 tarefas; e Paul Anthony Daems, 30 tarefas.
Em 1645, Marissingh e sócio eram devedores de 988 florins à WIC. Evacuado em 1646. Nas terras do engenho Tabatinga se encontra a divisória entre as capitanias de Pernambuco e de Itamaracá.
O engenho Tabatinga foi citado nos seguintes mapas coloniais: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ; IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA - plotado como 'Ԑ Tubatinga', na margem direta do 'R. Tubating'; IT (Orazi, 1698) PROVINCIA DI ITAMARACÁ, plotado sem símbolo, 'E Tubatinga', no vale do 'R Tubating'; PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, símbolo bem pequeno, na m.e. do 'Tabitinga'.
NOTA: Há também o topônimo 'Tapitinga' escrito após o nome do rio 'Iguaraçu', demostrando a duplicação de entes na elaboração deste mapa por Orazi baseado na fusão das suas fontes: mapa BQPPB e o mapa da Biblioteca do Vaticano semelhante ao IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA.
               Borges da Fonseca (Anais 1926 Vol 48, pág 98 ) cita João Leitão Arnoso (II) como morador de Tabatinga que foi sucedido pelo seu filho João Leitão Arnoso (III)
               Hoje o engenho não mais existe e suas terras estão situadas no bairro de Tabatinga, área urbana de Igarassú-PE.
 
Município de Igarassu

Fontes:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t2_rede_industria_acucar.pdf
http://lhs.unb.br/atlas/S._Felippe_o_Iago_(Engenho_de_roda_d'%C3%A1gua)
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. Sã Paulo, 2.012
MELLO, José Antônio Gonsalve de Mello. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Governo de Pernambuco. CEPE. 2ª edição. Recife, 2004
PEREIRA, Levy. "Tabitinga (engenho d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Tabitinga_(engenho_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 16 de agosto de 2016.


PROPRIETÁRIOS:

1609 - Vicente FernandesNada mais foi encontrado.
Senhor dos engenhos: Araripe de Riba ou Jaracutinga/Itamaracá-Araripe (1609); Tabatinga (Tabatinga, Tapitinga, Tubatinga)/Igarassu (1609).
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. Sã Paulo, 2.012
http://lhs.unb.br/atlas/S._Felippe_o_Iago_(Engenho_de_roda_d'%C3%A1gua)



1623 - Francisco Coresma (Quaresma) de Abreu – Inspetor Geral do pau-brasil (1600 a 1607). Ouvidor de Pernambuco. Escrivão da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, entidade muito poderosa, cujos membros com seus discursos filantrópicos, influenciava e muitas vezes ditava regras de conduta no meio social independentes do seu nível aristocrático ou situação financeira. CURIOSIDADES: No livro sobre os Documentos manuscritos avulsos da Capitania de Pernambuco, (Edt Universitária UFPE, 2006) podemos encontrar um pedido de informação (1635) sobre os serviços do Desembargador Francisco Quaresma de Abreu na guerra da Capitania de Pernambuco e na Restauração da Bahia.
Senhor do engenho: Tabatinga (Tabatinga, Tapitinga, Tubatinga)/Igarassu (1623).
Fontes:
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1939 Vol 61 (1). Pág. 68
CONSTANCIO, Francisco Solano. História do Brasil, desde o seu descobrimento por Pedro Alvares Cabral até a abdicação do imperador Pedro I. Volume 1. 1839
Documentos manuscritos avulsos da Capitania de Pernambuco. Edt Universitária UFPE, 2006
http://lhs.unb.br/atlas/S._Felippe_o_Iago_(Engenho_de_roda_d'%C3%A1gua)
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. Sã Paulo, 2.012
MELLO, José Antônio Gonsalve de Mello. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Governo de Pernambuco. CEPE. 2ª edição. Recife, 2004
PEREIRA, Levy. "Tabitinga (engenho d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Tabitinga_(engenho_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 16 de agosto de 2016.



1635 - Vicente SiqueiraNada foi encontrado.
Administrador do engenho (1635/1637), nomeado pelo Governo Holandês do Recife.
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. Sã Paulo, 2.012



1637 - Pieter Marissingh e sócio – Comerciante holandês muito rico que pertencia a classe dos capitalistas, donos de sobrados, negociantes de escravos.
Coproprietário do engenho Tabatinga (Tabatinga, Tapitinga, Tubatinga)/Igarassu (1637).
Fontes:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Coleção Pernambucana. Vol XV. 2ª edição. Pág  119.  Gov. de Pernambuco. BNB. Recife 1979



1637 - (?) Nada foi encontrado. Sócio de Pieter Marissingh
Coproprietário do engenho Tabatinga (Tabatinga, Tapitinga, Tubatinga)/Igarassu (1637).
Fontes:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Coleção Pernambucana. Vol XV. 2ª edição. Pág  119.  Gov. de Pernambuco. BNB. Recife 1979



         - João Leitão Arnoso (II) – Filho do Capitão-mor Manoel da Costa Gadelha e de D. Francisca Lopes Leitão. Homem muito rico.
Casamento 01: D. Luiza de Mattos de Vasconcellos – Filha do Cel. José do Prado Leitão (Juiz Ordinário de Igarassu) e de D. Maria de Mattos de Vasconcellos.
Filhos:
01- João Leitão Arnoso (III) – C.c. D. Luisa Pereira de Lira. Sucessor de Tabatinga.
02- D. Lusia de Mattos de Vasconcellos – C.c. Capitão-mor José de Araujo Chaves. (c.g.)
03- D. Maria Mla. Leitão Arnoso – C.c. Estevam José de Sousa Palhano, filho do Cel. Estevam de Sousa Palhano, natural de Peninde e Familiar do Santo Ofício, e de D. Marianna Barbosa de Almeida. (c.g.)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio Victorio. Anais 1926 Vol 48 (2). Pág. 94



         - João Leitão Arnoso (III) – Filho de João Leitão Arnoso (II), senhor do Tabatinga/Igarassu, e de D. Luiza de Mattos de Vasconcellos. Capitão de Ordenança de Igarassu. Vereador de Igarassu. Sucessor de Tabatinga.
Senhor do Sítio Tabatinga/Igarassu
Casamento 01: D. Luisa Pereira de Lira – Filha de Antônio Bezerra do Vale e de Maria Alves de Medeiros.
Filhos:
01- João Leitão Arnoso (IV) – C.c. Antônia Francisca Bezerra, sua prima, filha de Antônio da Costa Gadelha e de D. Brites de Mello Vasconcellos. (c.g.)
02- Eufrásio Alves Pereira Leitão – C.c. D. Maria de Andrada, filha do Sargento-mor Cosme Leitam de Mello e de D. Úrsula da Fonseca Catanho, (todos os filhos do casal faleceram criança). Depois c.c. D. Marianna de Sá e Albuquerque, filha de João Cesar Falcão e de D. Anna Maria Ximenes, (c.g.)
03- José Bezerra Leitão –
04- Lusia de Mattos Vasconcellos – C.c. seu tio paterno Antônio da Costa Gadelha, filho de Antônio da Costa Gadelha e de D. Brites de Mello Vasconcellos. Tenente da Cavalaria. Juiz Ordinário de Igarassu (1772). (c.g.)
05- D. Francisca Lopes Leitão – C.c. seu primo irmão Manoel Duarte Pessoa, morador de uma fazenda das Lagoas. (c.g)
06- D. Maria Alves de Medeiros – C.c. o viúvo Francisco Gomes de Castro, sobrinho do Sargento-mor José da Costa de Oliveira. (c.g.)
07- D. Joanna Bezerra Leitão – C.c. o Capitão Antônio José do Prado Leam, filho de Manoel do Prado Leam e de M. N... (s.g.).
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio Victorio. Anais 1926 Vol 48 (2). Pág. 94, 95

Um comentário:

leonlerdo disse...

Boa noite Lou.
Fomos procurar o local com amigos e tenho quase certeza de termos achado os vestígios onde ficava a roda de moinho. Hoje só resta parte de um muro bem largo de pedras unidas com argamassa junto do rio Tabatinga, dentro de una propriedade particular mas junto de terras publicas (da para "tocar" nas ruínas). Uma pessoa maior que conhecemos no local ainda nos disse que chegou a ver os restos da roda do moinho no local, quando era novo.
Se quiser, posso lhe enviar as coordenadas do local por email junto de algumas outras informações.
Grato.

Leonardo Caponi