Fontes

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06/07/2015

São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife (Bairro dos Torrões)

            O engenho São Tomé foi fundado antes de 1593 por Lourenço de Sousa de Moura, tinha uma moenda movida a bois, não possuía igreja, pagando 0,5% de pensão sob todo o açúcar depois de dizimado. Suas terras ficavam localizadas na várzea entre o Rio Capibaribe e Jiquiá, freguesia da Várzea, cidade de Olinda, Capitania de Pernambuco.

Lourenço de Sousa de Moura – Falecido antes ou pouco depois da invasão holandesa. Fidalgo da Casa Real.
Casamento 01: D. Catharina de Moura – Filha de D. Felippe de Moura e de D. Genebra Cavalcante. D. Catharina abandonou seu marido depois do nascimento de seus filhos.
Filhos: 01- Antônio de Sousa de Moura; 02- Lourenço de Sousa Moura – Falecido solteiro. (s.g.); 03- Manoel de Sousa e Moura – Falecido solteiro. (s.g.)
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Vol I. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47. Pág. 69, 447, 454
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71
Fontes para História do Brasil Holandês. A Economia Açucareira. Página 28. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/visaoholandesa/Next.vh?query=diversidade&page.id=1896

            No ano de 1623, segundo o Relatório dos Açucares Produzidos nos Engenhos de: Pernambuco, Ilha de Itamaracá e Paraíba, o engenho de Lourenço de Sousa de Moura, produziu 5.908 arrobas.
            Em torno de 1593, Lourenço de Sousa de Moura casou uma das suas filhas com Pero Cardigo com a promessa de dote de 12.000 cruzados, mas como não pagou, o genro apossou-se judicialmente do engenho São Tomé.

Pero Cardigo “o Velho” – Nasceu em cerca de 1534/Sardoal (Guarda, Beira Alta) e faleceu em Pernambuco. Filho de Fernão Garcia e de Felipa Cardigo. Morou no engenho Apipucos/Apipucos-Recife.
Cristão-velho, processado em 16.07.1594, pelo Santo Oficio por blasfêmias - Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 12967 – Cuja sentença foi uma repreensão sigilosa, multa e pagamento das custas. Capitão de Ordenanças de Olinda (1593). Tesoureiro da Fazenda dos Defuntos e Ausentes de Pernambuco (1568). Capitão na conquista da Paraíba, onde comandou homens e forneceu armas e suprimentos.
Casamento 01: Isabel Mendes– Filha de Lourenço de Sousa de Moura.
Filhos: 01- Felipa Cardigo segunda esposa de Frutuoso Barbosa (1º e o 3º Gov. da Paraíba – 1582/1585 e entre 1586/1594 e depois foi donatário); 02- Ana Cardigo c.c. Simão Barbosa Cordeiro; 03- Tomásia Cardigo c.c. Pero Coelho de Sousa, Locotenente da Capitania de Itamaracá; 04- Beatriz Cardigo .
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife; Nossa Senhora do Rosário/Jaboatão dos Guararapes
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Vol I. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47. Pág. 32
OLIVEIRA, Carla Mary S. Territory, Power, and Identities in the Captaincies of Northern Brazil (16th-18th Centuries): Portuguese Studies Review, Vol. 14, nº. 1. Baywolf Press, 2007 - 336 pág.
Senhores de Engenho e suas Propriedades Citados na Primeira Visitação do Santo Ofício (1593-1595). Disponível em: http://visaogeralgenea.blogspot.com.br/2009/12/senhores-de-engenho-e-suas-propriedades.html
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71
_____________________  Um imenso Portugal: história e historiografia. Edt. 34. São Paulo, 2002 -  Pág. 85.

O engenho foi citado nos seguintes mapas coloniais: PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ; PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como engenho, 'Ԑ. St. Tomé'; IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA, plotado como engenho, 'Ԑ. St. Tomé'; PC (Golijath, 1648) "Perfecte Caerte der gelegentheyt van Olinda de Pharnambuco MAURIRTS-STADT ende t RECIFFO", plotado com a nota 'Ԑngenho St. Thome nu Rotterdam genaemt»; ASB (Golijath, 1648) "Afbeeldinge van drie Steden in Brasil", plotado e assinalado com a letra X. Na 'Verklaringe deser Caerte.' explicita «X: Engenho St. Thome nu gԐnaemt Rotterdam, toekomende Willem Bierboom en Jacob Velt: huysen»; PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado como engenho, 'Fyrbo', na várzea do 'Capiibari'.
            Durante a ocupação holandesa o engenho ficou completamente destruído e em seu lugar surgiu um partido de cana que estava arrendado estava arrendado a Pedro Vigario e seu sócio Francisco da Costa de Abreu. Os dois sócios foram deportados pelo Governo do Brasil holandês para as Índias, ficando o engenho em completo abandono.

Pedro Vigário – Deportado com seu sócio Francisco da Costa de Abreu, pelo  Governo do Brasil holandês para as Índias
Rendeiro do engenho São Tomé, Roterdam, Fyrbo/Várzea-Recife, tinha como sócio no arrendamento Francisco da Costa de Abreu
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

Francisco da Costa de Abreu – Deportado com seu sócio Pedro Vigário, pelo  Governo do Brasil holandês para as Índias
Rendeiro do engenho São Tomé, Roterdam, Fyrbo/Várzea-Recife, tinha como sócio no arrendamento Pedro Vigário.
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

            O engenho São Tomé e seus partidos de cana aparecem como propriedade de Antônio de Sousa de Moura, filho e herdeiro de Lourenço de Sousa de Moura e de D. Catharina de Moura

Antônio de Sousa de Moura – Filho de Lourenço de Sousa de Moura e de D. Catharina de Moura.
Casamento 01: D. Maria Carneiro – Filha de Paulo Carvalho de Mesquita e de D. Úrsula Carnero de Mariz. (s.g.)
Casamento 02: D. Luisa (Correia Babosa) – Filha de João Correia Barbosa e de D Magadela de Goes. Neta materna de Arnaud e Hollanda Barreto (senhor do eng. São João/Muribara-São Lourenço da Mata) e de D. Lusia Pessoa. (s.g.)
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Vol I. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47. Pág. 166, 201-202
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Banco do Nordeste do Brasil S.A. e Gov. de Pernambuco. 2ª edição. Recife, 1979. Pág. 131
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

            Em 1635, logo após a rendição do Arraial do Bom Jesus e da fortaleza de Nazaré, houve uma corrida para a obtenção de engenhos, pois a fabricação de açúcar prometia verdadeiras fortunas. Entre os que adquiriram engenho estavam vários membros do Conselho Político holandês, Chefes militares, Comissário, Fiscal, alguns judeus e apredicantes calvinistas resolveram abandonar a “Messe do Senhor” em busca das riquezas da terra. Um deles, que se transformou em lavrador de canas de um partido de cana arrendado do engenho São Tomé, o pastor Daniel Schagen, veio a ser objeto das críticas do reverendo Vicente Soler; em vez de cultivar os campos do Senhor, deles retirando às ervas daninhas, cultivava as terras dos seus campos. Tal arrendamento foi confirmado em janeiro de 1636, quando Antônio de Sousa Moura declarou que na qualidade de único herdeiro do engenho São Tomé e dos partidos de cana que a ele pertencem, havia arrendado a Daniel Schagen pelo prazo de 25 anos, a partir de 22.10.1635

Daniel Schagen – Pastor. Nada mais foi encontrado.
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife
Fontes:
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Banco do Nordeste do Brasil S.A. e Gov. de Pernambuco. 2ª edição. Recife, 1979. Pág. 131
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

            Em 1637, sendo Schagem interpelado sobre o paradeiro de certos escfravos pertencentes à WIC, Antônio de Sousa de Moura, proprietário do engenho, o apoiou, informando que Schagen dispunha-se a safrejar assim que o engenho estiver pronto.
            No ano de 1639 o engenho estava totalmente recuperado e de fogo vivo. Mas, Antônio de Sousa de Moura vende seu engenho a Willem Bierboom, por 18.000 florins (6.000 cruzados).

Willem Bierboom (Guilherme Brilão ou Bribão, segundo alguns autores portugueses) – Comerciante, estabelecido em Pernambuco em torno de 1636.
Rebatizou o engenho de Roterdã, embora a fábrica fosse conhecida como engenho do Bribão, corruptela do nome de seu novo proprietário.
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

            Willem Bierboom assim que se estabeleceu como proprietário do engenho o denomina como engenho de Roterdã, mas a fábrica ficou sendo conhecida como engenho do Bribão, corruptela do nome de seu novo proprietário. Bierboom se associa a Jacob Velthuysen, na exploração do engenho.

Jacob Velthuysen – Filho homônimo do Diretor da Câmara de Totterdam da West-Indische Compagnie- WIC (Companhia das Índias Ocidentais holandesa)
Senhor do engenho São Tomé, Roterdam, Bribão/Várzea-Recife
Fontes:
Inventário dos Prédios cit. e Frei Manuel Calado, O Valeroso Lucideno cit., II p. 136
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. Pág.70,71

Mapa do Arraial Novo do Bom Jesus
            Em setembro de 1645, devido a localização do engenho o Mestre de Campo João Fernandes Vieira um dos líderes da Insurreição Pernambucana manda construir em suas terras a Fortaleza do Arraial Novo do Bom Jesus, cujo traçado foi feito pelo Mestre de Campo Teodósio Estrate. O proprietário do engenho Willem Bierboom se retira e segue para o Recife, onde, “malgrado as dificuldades dos tempos, tem feito o possível para cumprir os seus compromissos com a WIC, contratando o fornecimento de pedra e tijolo à Companhia”.
            A Fortaleza do Arraial Novo do Bom Jesus ficava localizada no lugar conhecido como "Gargantão" no engenho São Tomé, a 8 km a Oeste do centro do Recife e Olinda e foi inaugurada em 01.01.1646. No seu interior estavam armadas 12 peças de bronze de diversos calibres e guarnecido com 06 Praças sob o comando de um Sargento
Deste arraial, dominando Recife, Olinda e os Afogados, saíram as tropas engajadas na primeira Batalha dos Guararapes (19.04.1648) e na segunda Batalha dos Guararapes (19.02.1649), e dele foi coordenado o assédio a cidade Maurícia, atual Recife.
O Forte do Arraial Novo do Bom Jesus foidesativado com o fim da Guerra da Insurreição Pernambucana (1654), e em seu lugar foi erigida uma coluna de granito comemorativa em 1872 pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, restaurada em 1917 por iniciativa do General Joaquim Inácio Batista Cardoso. Restavam à época vestígios de uma muralha e de dois baluartes de terra. Atualmente, o sítio é ocupado por uma praça pública administrada pela prefeitura municipal, à Av. do Forte s/n°. - Engenho do Meio, Recife.
            Hoje não existe mais nenhum vestígio do engenho São Tomé e suas terras foram reocupadas pelo bairro dos Torrões-Recife.
 
Bairro dos Torres-Recife/PE

Fontes:
Fontes para História do Brasil Holandês. A Economia Açucareira. Página 28. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/visaoholandesa/Next.vh?query=diversidade&page.id=1896
PEREIRA, Levy. "Fyrbo". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Fyrbo. Data de acesso: 5 de julho de 2015.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª edição. Companhia Editora de Pernambuco – CEPE. Recife, 2004

______________________________ Tempo dos Flamengos. Banco do Nordeste do Brasil S.A. e Gov. de Pernambuco. 2ª edição. Recife, 1979.

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