Fontes

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03/02/2014

Engenho Garapú, Guaxapi ou Espírito Santo/Cabo de Santo Agostinho

Nome histórico
Espírito Santo, Guaxapĩ (Guaxapi; Guaiapi; Garapŭ; Garapu)
Nome atual
Engenho Garapu — guará-ypú, fonte dos guarás, que ali abundam devastando os canaviais — A. C.".
Hoje o engenho se encontra destruído. Sua capela, conhecida como Capela do eng. Garapu, localizada em área reocupada pela Cerâmica Porto Rico, na zona suburbana do Cabo de Santo Agostinho.
Natureza
Engenho de roda d'água com igreja dedicada ao Espírito Santo.
Localização
Jurisdição: Olinda. Freguesia do Cabo de Santo Agostinho.
Localizado na margem direita do Riacho Guaxapi, afluente do Rio Pirapama (R. Cranguejo'), suas terras estavam sob a jurisdição de Olinda e freguesia de Cabo de Santo Agostinho. Para chegar ao engenho era preciso andar meia hora da povoação de Santo Antonio.
Mapa colonial
- Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ
- Mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado como engenho, 'Ԑ Garapŭ', na m.e. do canal direito do 'Rº. Piripama' (canal interligando-o com a lagoa onde se origina o rio que tem o 'Ԑ Jurisaquĭ' em sua m. d.).
- Mapa PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'Guaiapi', na m.d. do 'Guaiapi' (levada ou riacho de interligação 'Pirapama' - 'R. Cranguejo').
Pensão
3,5 %
História/Proprietários/Moradores

Figura 1: Localização do eng. Garapu - 
 A partir de 1535, por concessão do 1º donatário da Capitania de Pernambuco, foram distribuídas a título de sesmaria terras cuja propriedade seria perpétua, livres de pagamento de foro ou pensão, onde eram agregados benefícios de vários favores régios. Essas sesmaria foram dadas primeiramente para os cultivadores do açúcar e exploradores do pau-brasil. NOTA: A Lei das Sesmarias (1375) era uma legislação do reinado de Fernando I, de Portugal, que pretendia fixar os trabalhadores rurais na terra e diminuir o despovoamento no campo.
As famílias beneficiadas eram quase todas ligadas à parentela do Donatário, fidalgos e gente de elevada hierarquia que chegavam de Portugal e de outras nações europeias trazendo suas famílias e haveres próprios, ou articulados com capitais estrangeiros que lhes proporcionava, também, a possibilidade de casamentos junto à parentela do donatário, a recepção de sesmarias e a fundação de engenhos de açúcar.
 Entre os colonos beneficiados podemos citar: Tristão de Mendonça (eng. Tabatinga); Filipe Cavalcanti (eng. Santa Rosa, Santana e Utinga); João Gomes de Melo (eng. Trapiche/Cabo de Santo Agostinho); Sibaldo Lins e seu irmão Cristóvão Lins (eng.  em Porto Calvo-AL) Gonçalo Mendes Leitão (eng.  de Paratibe); Brás Barbalho Feio (eng. São Paulo da Várzea); José Peres Campelo (eng. Peres/Recife-Afogados); João Paes Barreto, entre muitos outros.
 O engenho Garapu foi uma das fabricas fundadas antes de 1609 por João Paes Velho Barreto (ver artigo do blog João Paes Velho Barreto - Biografia, sesmaria e engenhos, postado em 28/09/13), o primeiro colono a concretizar a aspiração, dificilmente realizável, de uma sociedade açucareira prolífica: a de deixar um engenho a cada filho. Suas terras tinham uma milha de extensão, com belas várzeas, muito bem plantadas de cana. Sua moenda era movida a água e podia anualmente moer 5.000 a 6.000 arrobas de açúcar. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram de alvenaria.

João Paes Barreto – Nascido em 1544/Viana do Castelo/PT e faleceu em 21/05/1617 - Olinda, no Hospital Paraíso, sendo sepultado na Capela do Hospital da Santa Casa da Misericórdia/Olinda, em jazigo próprio, que construíra na capela-mor da dita Capela, gozando assim das honras de padroeiro. Ainda hoje se conserva desse monumento, cuja laje é mármore com o brasão das suas armas. Paes Barreto morreu em odor de santidade, ganhando a distinção de ingressar no hagiológio de varões santos ou virtuosos de Portugal e de suas conquistas que Jorge Cardoso escreveu em meados do século XVII. Para a fama de piedoso concorreu, sobretudo o ter sido provedor e grande benfeitor da Santa Casa de Misericórdia de Olinda.
João Paes Barreta era o segundo filho de Antônio Velho Barreto (Cavaleiro da Ordem de Cristo, Morgado de Bilheira) e de Mariana Pereira da Silva, da Casa dos Regalados. Neto de João Velho Barreto, bisneto de Mendo Paes Barreto e trineto de Florentino Barreto (senhor da Torre de Constantino Barreto). Portanto, nobre, mas sem direito à herança patrimonial do rico morgadio. Irmão de: Estevão, Cristóvão, Miguel, Diogo, Antonio, Filipe e D. Catarina.
Paes Barreto veio para o Nordeste brasileiro ainda muito jovem, quase adolescente, sonhando em construir seu próprio futuro. Chegou a Pernambuco, em 1560, com 13 anos, trazendo apenas RS 60$000 (sessenta mil réis), como muitos moços que os morgadios minhotos destinavam à aventura ultramarina, pois não eram herdeiros do título de nobreza, passado para o filho primogênito juntamente com toda a fortuna, fazendo com que os demais filhos tivessem que trabalhar duro, o que na época era uma desonra e um tributo da classe baixa.
NOTA: Pereira da Costa e Borges da Fonseca assinalam a vinda de João Paes Barreto em 1557. Outros historiadores dizem que desembarcou em 1558. O “Relatório” de 1878, de Oliveira Maciel, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, dá a entrada de Paes Barreto, na Nova Lusitânia, em 1560, data que também é citada por Borges da Fonseca.
João Paes Barreto ao chegar a Pernambuco, o 1º donatário Duarte Coelho Pereira (1485/1554) já havia falecido, e a Capitania estava sendo administrada por Brites de Albuquerque (1517/1584), sua esposa, enquanto seu filho mais velho não atingia a maior idade. Ao pisar em terras brasileiras começou a trabalhar e depois entrou para as milícias que ajudaram conquistar a Capitania.
O primeiro engenho* de João Paes Barreto foi comprado a Luiz Henriques e ficava localizado em Olinda. Confiante no sucesso da nova jornada com agricultor dedicou-se com entusiasmo à produção de cana-de-açúcar. (*Nada mais foi encontrado sobre o engenho).
Participou de várias campanhas militares contra os índios da Mata Sul de Pernambuco. Na sequência dessas lutas pela posse das terras habitadas pelos indígenas, à medida que iam sendo ocupadas foram repartidas entre os que tinham prestado relevantes serviços à Donataria de Pernambuco ou ao Reino de Portugal.
Como recompensa pelos serviços prestados recebeu do Donatário ou do Reino de Portugal uma sesmaria (1571) no Cabo de Santo Agostinho, ao sul do Rio Jaboatão, no baixo Pirapama (antes rio Arassuagipe). Chegando a ser um dos homens mais ricos e influentes no início da transformadora civilização do açúcar na Nova Lusitânia, assim denominada a Capitania de Pernambuco pelo seu próprio fundador e primeiro donatário, Duarte Coelho. Nessas terras o Paes Barreto chegou a ter oito a dez engenhos que deixou para seus oito filhos.
Com o passar do tempo Paes Barreto se torna o homem mais rico da Capitania, proprietário de muitos imóveis e engenhos, que foram deixados para seus filhos. Segundo Evaldo Cabral de Mello afirmar (O Nome e o Sangue), essa distribuição patrimonial fez de João Paes Velho Barreto o primeiro senhor de engenho a realizar o sonho de deixar um engenho para cada filho e orgulho para seus descendentes como dizia Joaquim Nabuco, descendente pelo lado maternoque se gabava do ancestral rico, de quem, no fim da vida, diria haver herdado a atração atávica pelas Paes nas margens do rio Lima.
NOTA: O Padre Jaboatão, tratando de João Paes Barreto, na sua referida Chronica, tom. 1.0 da 2.a parte. a fl. 131, e quando fala da povoação do Recife, diz: “Na terra era João Paes Barreto um dos seus primeiros colonos, não só em nobreza mas em bens da fortuna, e o mais rico que naquelle tempo habitava em Pernambuco; morador e assistente na freguezia de Santo Antonio do Cabo, aonde tem ainda hoje larga descendencia de oito filhos que deixou, sete varões e uma femea, chamada D. Catharina Barreto...
Em 1580, exatos 23 anos depois de ter chegado a Pernambuco e, então, com 35 anos, João Paes Velho Barreto criou o morgadio de Nossa Senhora da Madre de Deus do Cabo de Santo.
O nome de João Paes Velho Barreto é lembra como o herói da batalha da Baía da Traição/PB  (1584), onde lutou heroicamente com seus 300 homens, após 05 dias de viagem.
NOTA: Segundo o Frade Melchior de Santa Catharina, que viera para a vila de Olinda, no ano de 1585, o custodio da Ordem Franciscana e fora colono do Cabo de Santo Agostinho, João Paes Velho Barreto fora um dos colonizadores de Pernambuco e o conhecera por homem de credito e opinião, e dos mais antigos de Pernambuco.
João Paes Velho Barreto, Feliciano Mascarenhas, Matias de Albuquerque, Francisco e Antônio do Rego Barros, Felipe Cavalcanti, Simão Falcão, Álvaro Barreto e muitos outros, participaram da famosa missa pela conquista da Fortaleza dos Santos Reis/Rio Grande do Norte, em 24/06/1588.
Como Capitão do Cabo de Santo Agostinho e com a idade de 45 anos, prestou serviços de alta monta na colonização da Paraíba, acudindo a convocação do Ouvidor Martim Leitão. 
Em foi Comandante de um dos navios armados em guerra (1592) pelo Capitão-mor de Pernambuco, Manuel Mascarenhas Homem, para a expulsão definitiva dos índios e franceses do Rio Grande do Norte.
Títulos: Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo, Fidalgo da Casa Real.
Em seus engenhos João Paes Velho Barreto não foi displicente. Cuidou das famílias dos colonos e da sociedade local. Desenvolveu as propriedades, deu conforto aos seus e ajudou aos necessitados. Proporcionou instrução aos filhos e servidores, mantendo em suas terras escolas para o ensino de leitura, latim e aritmética, que em 1588 estava a cargo de Bento Teixeira Pinto, autor da Prosopopeia, poemeto laudatório a Jorge de Albuquerque. Mantinha pedreiros, marceneiros e obreiros. Segundo Almeida Prado, em “Pernambuco e as Capitanias do Norte”, móveis de valor nas casas grandes só quem tinha era João Paes Velho Barreto, um perdulário como Felipe Cavalcanti ou os donatários.
Depois de ter criado o Morgado do Cabo para seu filho primogênito João Paes Barreto (II), Paes Barreto criou o Morgado de São João de Jurissaca/Cabo de Santo Agostinho, que vinculou ao engenho com a mesma denominação. Em 1614, o morgado de Jurissaca foi dado como dote de casamento a D. Luís de Sousa Henriques quando este se casou com sua filha D. Catarina Paes Barreto, com a condição de nele se instituir um Morgado de mil cruzados para sempre com as obrigações de 05 missas rezadas, e que a sucessão fosse dada ao primeiro filho homem, caso o casal não tivesse filho, sucederia a filha mais velha. Dom Luís, contudo, não formalizou a instituição do morgado, o que só veio a ocorrer em 1673, através de seu filho Dom João de Souza. Nota: Em 1837, o Parlamento brasileiro proibiu a instituição de novos morgadios e, em 1837 foram instintos os já existentes. Em Portugal, só foram abolidos em 1863, no reinado de D. Luís I. Uma das razões que levou à sua extinção foi o empobrecimento dos filhos não primogênitos.


Casamento 01: D. Inês Tavares Guardez, nascida em 1544, filha de Francisco de Carvalho Andrade (São Paulo/Recife-Várzea do Capibaribe) e de Maria Tavares Guardez. NOTA: Através dessa ascendente, já pernambucana, terá vindo o distante sangue indígena que ainda no século XVIII atribuía-se à família Paes Barreto.
Filhos:
01- João Paes Barreto (1º Morgado do Cabo de Santo Agostinho), falecido e sem geração. Por ser o filho primogênito seu pai lhe deu o Morgado do Cabo. Senhor dos engenhos: Jacaré/Cabo de Santo Agostinho e dos vinculados ao morgado do Cabo: Velho ou Madre de Deus, Guerra e Ilhetas.
02- Estevão Paes Barreto – (2º Morgado do Cabo de Santo Agostinho). C.c. D. Catarina de Castro de Távora, filha de Martim Fernandes Távora e de Margarida Castro. C.g. Senhor dos engenhos: Jacaré/Cabo de Santo Agostinho e dos vinculados ao morgado do Cabo: Velho ou Madre de Deus, Guerra e Ilhetas.
03- Filipe Paes Barreto – Senhor dos engenhos: Benfica e Garapu, ambos no Cabo de Santo Agostinho. De suas terras do eng. Benfica foi tirada a área para o aldeamento dos índios e é hoje a cidade de Barreiros. Preso pelos holandeses quando fugia para a Bahia, ao atravessar o Rio São Francisco, retornou a Pernambuco e negociou seu eng. Garapu. C.c. Brites de Albuquerque. C.g;
04- Cristóvão Paes Barreto (senhor do eng. Novo/Cabo de Santo Agostinho, que produzia 6.000 arrobas anuais e foi vendido, pelos holandeses, para Duarte Saraiva, em 1637, por 42.000 florins, em leilão público), Capitão-mor do Cabo de Santo Agostinho. Fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo. C.c.  Margarida de Melo (não Maria), filha de João Gomes de Mello e Anna de Hollanda. C.g;
05- Miguel Paes Barreto que faleceu solteiro. Retornando a Pernambuco encontrou seu eng. Algodoais muito destruído e talvez tenha revendido a Gaspar Wanderley, durante a ocupação holandesa;
06- Diogo Paes Barreto (eng. Una/Cabo de Santo Agostinho, confiscado pelos holandeses), em 1625 doou um monte onde foi construída a igreja de São Gonçalo ao patrimônio da freguesia de Una;
07- Catarina Paes Barreto c.c.. Luís de Sousa Henriques , que recebeu de dote o Morgado de Jurissaca/Cabo de Santo Agostinho;
08- Maria Paes Barreto, freira.


Senhor dos engenhos: Luiz Henriques/Olinda (nada mais foi encontrado sobre o engenho e seu fundador); Algodoais/Cabo de Santo Agostinho (fundado por João Paes Barreto “o Velho” e herdado por Miguel Paes Barreto); Garapu/Cabo de Santo Agostinho,fundado por João Paes Barreto “o Velho” e herdado por Filipe Paes Barreto; Guerra/Cabo de Santo Agostinho (fundado por João Paes Barreto “o Velho” que vinculou ao Morgado do Cabo ou dos Paes. 1º Morgado João Paes Barreto, o Moço, 2º Morgado Estevão Paes Barreto; Ilhetas ou Nossa Senhora de Guadalupe/Cabo de Santo Agostinho (herdado por Estevão Paes Barreto, que foi o 2º Morgado); Jurissaca/Cabo de Santo Agostinho (fundado por João Paes Barreto “o Velho” que vinculou o engenho criando o Morgado de Jurissaca e deu como dote de sua filha D. Catarina Paes Barreto ao se casar com D. Luís de Sousa Henriques); Madre de Deus ou Velho/Cabo de Santo Agostinho (fundado por João Paes Barreto “o Velho” que vinculou ao Morgado do Cabo ou dos Paes. 1º Morgado João Paes Barreto, o Moço, 2º Morgado Estevão Paes Barreto); Novo ou São Miguel/Cabo de Santo Agostinho (fundado por João Paes Barreto “o Velho” e herdado por Cristóvão Paes Barreto); Novo/Cabo de Santo Agostinho (herdado por Cristóvão Paes Barreto); Pirapama/Cabo de Santo Agostinho (comprado em 1586, por João Paes Barreto a Cristóvão Lins herdado por seu filho Estevão Paes Barreto); Una ou Nossa Senhora da Guia/Cabo de Santo Agostinho (herdado por Diogo Paes Barreto); Utinga/Cabo de Santo Agostinho (comprado por João Paes Barreto a Filipe Cavalcanti, herdado por seu filho Antônio Paes Barreto).
Proprietário de um passo no Recife, junto ao Rio Capibaribe, onde os rebelados luso-brasileiros queriam construir o Arraial Novo, pois no tempo de inverso, tinha provisão de água e lenha, para o provimento necessário. Mas João Fernandes Vieira, Felipe Camarão, Henrique Dias e outros disseram que não convinha o local porque deixaria a infantaria encurralada, e que era melhor fazer estâncias em volta de Recife e da Cidade Maurícia.


Fontes consultadas:
BARRETO, Carlos Xavier Paes. Primitivos Colonizadores Nordestinos. 2º Edição. Usina de Letras. Rio de Janeiro, 2010. 400 Pág.
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1926.
CALADO, Manoel.(Frei). O Valeroso Lucideno e Triunfo da Liberdade. Vol. I e II. 5ª edição. Governo de Pernambuco. CEPE, 2004.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pais_Barreto_(sobrenome)
MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o Sangue. Uma parábola familiar no Pernambuco colonial. 2ª edição revista. Edt. Topbooks. Rio de Janeiro, 2000.
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste. 1630-1634. 3ª edição revisada. Edt. 34. São Paulo, 2007. 384 pag.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês.  2ª Edição. CEPE/Companhia Editora de Pernambuco. Recife, 2004.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Coleção Pernambucana. Vol. XV. 2ª edição. BNB. Gov. de Pernambuco. Recife, 1979.
Pergunte a Pereira da Costa. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br
Revista do Instituto Archeológico e Geográphico Pernambucano, Volume 1,Edições 1-12 (Google e-Livro) 

Figura 2: Igreja do eng. Garapu/Cabo de Santo Agostinho
A Igreja do eng. Garapu era dedicada ao Espírito Santo e foi construída no final do século XVI. Segundo Geraldo Gomes (Engenho e Arquitetura. Edt. Massangana, 2006) a Igreja do eng. Garapu tinha como principal característica: sacristia ao lado da capela-mor, alpendre em três águas na fachada principal, e não possuía janelas na fachada. A iluminação era feita pela nave e pelo coro, dispunha de um óculo acima da coberta do alpendre. Pela observação dos quadros holandeses, Geraldo Gomes verificou que todas as igrejas do tipo do eng. Garapu tinham alpendres à frente das naves das capelas, cobertos em duas águas e até numa só água. Os exemplares existentes desses tipos de capela, ainda hoje existentes são: a Nossa Senhora dos Socorro/Santa Rita-PB, a do eng. Garapu/Cabo de Santo Agostinho e a do eng. Caraúbas/Paudalho. Em 2005, a Igreja começou a ser restaurada pela iniciativa privada, mas os empreendedores ao participarem de um edital de concorrência junto ao Ministério da Cultura para conseguirem a liberação de verba, não foram selecionados e resolveram bancar a obra orçada em R$ 200 mil, agregando o valor histórico ao empreendimento de um loteamento feito em seu entorno.
 Antes da ocupação holandesa o engenho foi dado por João Paes Velho Barreto ao seu filho Felipe Paes Barreto.

Felipe Paes Barreto – Natural do Cabo de Santo Agostinho. Falecido em 07/02/1652/Cabo de Santo Agostinho, de acordo com a provisão concedida a sua esposa pelo Mestre de Campo o General Francisco Barreto, para não ser executada por dividas por tempo de um ano. Terceiro filho de João Paes Barreto, o Velho, e de D. Ignez Tavares Guardês.
Durante a invasão holandesa sua esposa e filhos fugiram junto aos seus irmãos para a Bahia, acompanhando o General Mathias de Albuquerque. Mas Felipe ficou em seu engenho, adiando sua partida varias vezes. Quando resolveu realmente fugir foi capturado pelos holandeses na companhia de seu irmão Miguel Paes Barreto (eng. Algodoais/Cabo de Santo Agostinho) e de outros senhores quando se preparavam para atravessar o Rio São Francisco, no fim do exercito de resistência em retirada para Salvador. De volta ao Cabo de Santo Agostinho, os dois irmãos encontraram seus engenhos confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais, que se recusou a devolvê-los, concordados, porem, de revendê-los a crédito a seus donos.
Em 1638, Felipe foi preso pelo envolvimento em uma fracassada conspiração de alguns proprietários  rurais contra o domínio holandês. Após ser solto voltou ao seu engenho onde viveu ate os últimos momentos de sua vida. Felipe Paes Barreto  participou da Insurreição Pernambucana.


Casamento 01 – D. Brites de Albuquerque – Filha de Antonio de Sá Maia e de D. Catharina de Melo. Bisneta de Jerônimo de Albuquerque, o Torto. Durante a ocupação holandesa D.. Brites fugiu com seus filhos para a Bahia acompanhando o General Mathias de Albuquerque e a maioria dos membros da família Paes Barreto, durante o grande êxodo dos senhores de engenho da Capitania de Pernambuco
Filhos: 01- Luís Paes Barreto – falecido solteiro e sem sucessão; 02 - Felipe Paes Barreto – falecido solteiro e sem sucessão; 03 - Antônio Paes Barreto (sucessor no eng. Garapu e Pintimbu) c.c. Margarida de Barros. C.g; 04 - Gonçalo Paes Barreto – viveu solteiro, mas teve 02 filhas com uma mulher branca chamada D. Joanna Barreto de Albuquerque e mais uma filha com uma mulher parda, que depois casou com Álvaro Gonçalves Lima; 05 - Catarina de Melo de Albuquerque c.c. seu tio o Cap. José de Sá Albuquerque. C.g; 06 Inês Barreto de Albuquerque c.c. seu primo D. João de Sousa, filho de D. Luiz de Sousa e de sua tia D. Catarina Barreto (Morgado de Jurissaca); 07Maria Barreto Albuquerque c.c. seu primo o Morgado e Capitão-mor Estevão Paes Barreto. C.g.; 08 - Brites de Albuquerque c.c. seu primo o Capitão Cristóvão de Albuquerque de Mello, filho de Fernão Velho de Araujo. S.g;  e 09 - Joana Barreto de Albuquerque que faleceu solteira e sem sucessão.


Senhor do engenho Garapu/Cabo de Santo Agostinho


Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Quatro volumes, Olinda 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935.
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=67360&fview=e
http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=67360&fview=e
MELLO, Jose Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamengos. Banco do Nordeste do Brasil. Gov. de Pernambuco. Recife, 1979
PEREIRA, Levy. "Guaxapĩ (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Guaxap%C4%A9_(engenho). Data de acesso: 18 de junho de 2014.
Revista genealógica latina, Volumes 8-11

Durante a invasão Felipe Paes Barreto permaneceu em seu eng. Garapu, enquanto sua família e parentes tinham fugido para a Bahia, durante o grande êxodo dos senhores de engenhos da Capitania de Pernambuco. Felipe adiou sua partida por varias vezes e quando resolveu realmente partir foi capturado pelos holandeses na companhia de seu irmão Miguel Paes Barreto (eng. Algodoais/Cabo de Santo Agostinho) e de outros senhores, na travessia do Rio São Francisco, pois se encontravam no fim do exercito de resistência em retirada para Salvador.
Segundo Schott em seu Relatório de 1636, os holandeses quando chegaram ao engenho Garapu o encontraram totalmente destruído e abandonado. Dentro da casa de purgar e das caldeiras estava tudo quebrado e os lugares onde estiveram assentadas as caldeiras estavam vazios.
            Nessa, nessa época os lavradores do engenho eram: 01- Antônio Aguiar com 25 tarefas, 02- Antônio Bezerra Serpa com 06 tarefas, 03- Gaspar Filgueira com 03 tarefas, 04- Heindrick Hondius (ver nota abaixo) com 15 tarefas, 05- Luísa Moreira com 40 tarefas, 06- Simão Barbosa com 07 tarefas. Totalizando 96 tarefas.
NOTA: Heindrick Hondius lavrador do engenho Garapu quando do seu retorno à Holanda morou em Hoffstraet, aonde escreveu dois distintos requerimentos ou exposições onde falava sobre a situação lamentável e deplorável do Brasil holandês e para pedir ajuda e assistência para os brasilianos (índios), entregues aos Estados Gerais dos Países Baixos Unidos por Antônio Paräupába – índio brasileiro que foi educado pelos holandeses para servir de intérprete no Brasil, e que foi Regedor dos Brasilianos na capitania do Rio Grande. (Impresso na nova tipografia Arte e Livros. 1657. Panfleto KB - 7871).
Felipe e Manuel Paes Barreto ao serem postos em liberdade voltaram aos seus engenho e os encontraram confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais. Na primeira tentativa de reaver os engenhos a WIC recusou a devolvê-los, mas depois foi feito um acordo e Felipe conseguiu de volta sua propriedade através de uma compra feita a crédito com a WIC. Quanto a Miguel, seu eng. Algodoais já pertencia a Gaspar Wanderley (Capitão de Cavalos do exército invasor e uma das pessoas mais importantes do Brasil holandês), porém segundo estudo sobre esse engenho pode-se concluir que Miguel vendeu o engenho ao Capitão, pois D. Maria Gomes de Mello (viúva de Gaspar Wanderley) se encontrava em sua posse (1665) após a Restauração Pernambucana, junto com seu segundo marido João Baptista Accioli.
Em 1639, Felipe achava-se novamente na frente do seu eng. Garapu, que ao retornar do exílio o encontrou completamente destruído pela guerra, restando somente a sua capela. Filipe depois entrou em nova negociação com a W.I.C. para reaver o eng. Una ou Nossa Senhora da Guia/Cabo de Santo Agostinho, que se encontrava também abandonado e que pertencera ao seu irmão Diogo Paes Barreto.
Para poder pagar os engenhos: Garapu e Una, e poder reconstruí-los, Felipe contraiu um empréstimo junto a Companhia das Índias Ocidentais, obtendo um preço ‘ameno’ de 39.000 florins, tendo em vista que os holandeses achavam que a família já incorrera em muitos prejuízos e ‘por caridade não queremos faze-la sofrer mais’ (Fontes, i, p. 60; DN, 19. V. 1638, CJH).
Em 1642, segundo o relatório de Bullestrat (p[ag 150), diz que quando foi cobrada a sua divida, Filipe alegou que tinha sido prejudicado por fortes chuvas de inverno e da mortalidade dos seus escravos, mas que apesar desses percalços pretendia entregar 30 caixas de açúcar naquele ano para abater sua divida. Nota - Essa divida até a Restauração Pernambucana não tinha sido paga.
Em 21/09/1878, a comissão nomeada pelo Presidente da Província de Pernambuco, indicou o engenho Garapu como sendo mais propício para a fundação, em suas terras, de fazenda modelos e escolas práticas de agricultura, pois ficavam a 01km do município do Cabo de Santo Agostinho, tendo seus habitantes 03 trens diários para a cidade do Recife
Segundo o parecer da comissão nomeada pelo Presidente da Província de Pernambuco, para indicar as localidades mais propícias para a fundação de fazendas modelos e escolas praticas e de agricultura, as terras do engenho Garapu, distante 01 km do Cabo de Santo Agostinho e custeia o Rio Pirapama, pelo lado norte da Sede do município, onde existia um antigo dique, do qual parte um canal que, passando por baixo da Estrada de ferro e junto a estação, conduz as águas do dito rio ao engenho Garapu, fazendo assim mover sua fabrica. Suas terras possuía excelentes várzeas e água em abundância, o que facilitaria a irrigação em toda a sua extensão, uma boa pastagem, muitas matas e terrenos montanhosos de prodigiosa fertilidade, onde se podia com segurança cultivar o café, o que não acontecia com as montanhas que o circulam no vale do Capibaribe, cuja fertilidade era duvidosa. Possuía excelente barro para fabricação de louça. Nessa mesma época a cana plantada no engenho Garapu, em seu terreno de massapé cinzento, muripique ou arisco-argiloso, eram  a  cayanna, crioula, roxa, lousier, cavangire e uba
            No começo do século XX o engenho pertencia a Paulo de Amorim Salgado.

Paulo de Amorim Salgado – Coronel. Comandante Superior da Guarda Nacional de Rio Formoso e Palmares. Comendador da Ordem de Cristo. Oficial da Rosa. Proprietário abastado da Comarca de Rio Formoso. Grande conhecedor da indústria do açúcar; escreveu artigos para o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - 1891 a 1940. Com fotografia na coleção Francisco Rodrigues: eng. Cocal/Rio Formoso, PE. FR-4979. Nada mais foi encontrado.


Casamento 02 – D. Francisca de Paula Wanderley, filha do Coronel Francisco Paes de Mello e de D. Maria Rita Wanderley. Do casal descende a família Salgado Acciaiolis, morgado do eng. Sibiro, e entre fins do século XVIII e começo do XIX, senhores de Belmonte/Portugal.
Filhos: 01 – Paulo de Amorim Salgado, natural da freguesia de Una, Pernambuco, Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial, c.c. Maria Antônia de Barros Wanderley, em torno de meados do século XIX. C.g. NOTA: Pais de José de Amorim Salgado, o Barão de Santo André. Com fotografias na Coleção Francisco Rodrigues: Paulo de Amorim Salgado, (Engenho Cocal, Rio Formoso, PE) - FR-4979 e Amélia Augusta de Amorim, FR-4973.
CURIOSIDADES: Diário de Pernambuco – Diário na História. Há 150 anos. Quinta-feira, 27 de abril de 1854. Avisos - Fugiu no dia 25 do corrente o escravo crioulo de nome Vicente com os sinais seguintes; 30 anos, bem preto, olhos grandes, cambado das pernas: levou vestido camisa de meia já rota, calça de riscadinho já suja, porém é de supor que mudasse de traje. Este escravo é propriedade do Sr. Paulo de Amorim Salgado, senhor do engenho Cocal da freguesia de Una, quem o pegar ou der notícia na Rua do Rosário Larga nº 24 ou no dito engenho que será recompensado generosamente.


Senhor do engenho Garapu/Cabo de Santo Agostinho; Cocal/Rio Formoso.


Fontes consultadas:
Biblioteca Nacional. Anais 1903. Vol. 25 (2), pág. 98
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - 1891 a 1940 - PR_SOR_00165_313394
BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Typographia Nacional, Rio de Janeiro, 1898.
pt.wikisource.org 
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro - 1891 a 1940 - PR_SOR_00165_313394

            A moenda do engenho Garapu era de 03 cilindros de 0,50 de diâmetro dando 18 voltadas por minuto, e tendo, por conseguinte uma velocidade de 0’’’,087 por segundo na circunferência, empregando a cana do tipo Ubá, obtendo 61,4% de caldo,
essa tipo de cana embora fosse um pouco menor que as outras, conhecidas na época, produzia mais caldo do que a do tipo Cayana e de outras variedades geralmente empregadas no fabrico do açúcar.
            Hoje o engenho não mais existe, restando somente sua capela, conhecida como Capela do Engenho Garapu, localizada em área reocupada por estabelecimento industrial (Cerâmica Porto Rico), na zona suburbana da cidade Cabo de Santo Agostinho-PE. Enquanto suas terras darão lugar ao loteamento Vicente Pinzon.


Fontes consultadas
*Revista Agrícola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura – 1870-1891. PR_SOR_03345_188409
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Quatro volumes, Olinda 1748. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro 1935.
GOMES, Geraldo. Engenho e Arquitetura. Edt. Massangana. Recife, 2006
GONSALVES DE MELLO, José Antônio. Tempo dos Flamentos. Coleção Pernambucana. Vol. XV. Governo de Pernambuco. Recife, 1979.
GONSALVES DE MELLO. José Antônio. A Economia Açucareira. Fontes para a história do Brasil holandês. Fundação Joaquim Nabuco. Edt. Massangana. Recife, 2006
PEREIRA, Levy. "Guaxapĩ (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Guaxap%C4%A9_(engenho). Data de acesso: 3 de fevereiro de 2014.
www. Dominiopublico.gov.br

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