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30/10/2013

Camela, Jaguaré, ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca

Jaguaré, Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca 


    O distrito de Serinhaém se estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype (Maracaípe), e está perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertencia uma parte da freguesia de Ipojuca, desde os currais de Marcaype, compreendendo os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos. 

    O engenho Jaguaré (Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca)  foi fundado por Jerônimo de Atayde. Segundo o inventário feito pelo Conselheiro Schott  o engenho ficava localizado na região do Rio Jagoaré, ao Sul do Rio da Jangada até o Rio Una, tinha cerca de uma milha de terra com poucas várzeas e muitos montes. Sua moenda era movida com água e podia produzir anualmente 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar, pagando de imposto 02 arrobas por mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram feitas de taipa, mas os holandeses as encontraram arruinadas e nelas nada foi encontrado para a Companhia das Índias Ocidentais holandesas. O engenho foi abandonado e depois confiscado pela Companhia, mas ainda não vendido, pois estava arruinado e de fogo morto. Nota: Dos 18 engenhos de Serinhaém, 11 não moeram e 07 foram confiscados, durante a ocupação holandesa.

Ruínas da casa grande do eng. Jaguaré
Curiosidades: O engenho Camela deu nome a povoação de Camela – situada a 27 km de Ipojuca, que possui uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição

    Das edificações existentes no engenho só restam a roda d'água, a capela e a casa grande que foi construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo de formato retangular, assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso de tijolo e cimento com dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é alpendrada. Tendo os beirais superiores em madeira alpendrada. A lateral fica ao rés do chão e possui cinco arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos escravos domésticos. A capela tem na frente uma escadaria, planta quadrangular, bastante singela, possuindo um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em estado regular de conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas. Situa-se às margens da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte. Pode-se avistar um capoeirão de mata e o canavial.

Curiosidades: Segundo Adriaen van Bullestrate em “Notas do que se passou na minha viagem, desde 1641/1642, quando foi encarregado por um Alto e Secreto Conselho de visitar “as regiões do sul desta conquista”, escreve em 29/12/1641: “Em Serinhaém está vago o engenho de ... [não indica] que pertenceu à viúva de Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda está vago o engenho Araquara, do qual era proprietário Vicente Campelo, que se retirou. Deste e do outro, deve-se dispor oportunamente para venda”. 

O que resta hoje das ruínas da casa grande do engenho.

Proprietários Encontrados

Jerônimo de Atayde de Albuquerque – Filho de Gaspar Dias de Athayde, que viveu em Olinda (1580) e de D. Brites de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque e a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde. Jerônimo de Atayde já era falecido em 1635. Seu engenho, durante a invasão holandesa era administrado pela sua viúva D. Catharina. Segundo Pereira da Costa não confundir Jerônimo de Ataíde com D. Jerônimo de Ataíde, Conde de Athonguia, Governador e Capitão General do Estado do Brasil, ou seja, o Governador Geral (1654-1657).
Curiosidades: “Em Serinhaem está vago o engenho de... [não indica] que pertenceu à viúva de Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda está vago o eng. Araquara, do qual era proprietário Vicente Campelo, que se retirou. Deste e do outro, deve-se dispor oportunamente para venda”. (José Antônio Gonçalves de Mello, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, pg.)
Casamento 01: Catharina Camella.
Filhos: Gaspar de Albuquerque casado na Bahia com Joana de Vasconcelos de Albuquerque, c.g.
Senhor dos engenhos: Jaguaré ou Camela/Serinhaem; Jaserú, Nossa Senhora da Palma/Serinhaem.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1903 Vol 25
PEREIRA, Levy. "Iaguâré (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho). Data de acesso: 9 de novembro de 2013.

Capela do engenho Jaguré
                Após o falecimento de Jerônimo de Ataíde o engenho passou a ser administrado por sua viúva D. Catharina Camella.

Catharina Camella – Depois que seu marido Jerônimo de Atayde de Albuquerque faleceu (1635) ficou administrando seus engenhos. Durante o êxodo dos senhores de engenho de Pernambuco, em 1635, fugiu com seu filho e a sua sobrinha D. Catarina (viúva de Pedro de Albuquerque), D. Catarina Barreto (viúva de D. Luiz de Sousa), D. Madalena (viúva de Felipe de Albuquerque) e mais cerca de 8.000 pessoas, que deixaram para trás suas propriedades expostas a cobiça e estrago dos holandeses.
Filhos: Antônio de Ataíde c.c. Maria Josefa de Albuquerque; Gaspar de Albuquerque casado na Bahia com Joana de Vasconcelos de Albuquerque, c.g.
Curiosidades: Reza a lenda que moradores do lugar encontraram uma imagem de Santo Antônio na cachoeira do Engenho São Pedro. A imagem mede aproximadamente, 40 cm, evidenciando o Menino Jesus no braço de Santo Antônio, que é atualmente guardada como relíquia. D. Catarina Camella, dona do Engenho Camelinha, ainda hoje existente, mandou construir um nicho para guardar sua imagem. Sempre ao amanhecer, D. Catarina fazia suas orações para o Santo e, por diversas vezes, a imagem não mais estava lá no nicho, saiam para procurar a imagem e a encontravam de volta a cachoeira onde foi encontrado por diversos moradores.
Um dia, D. Catarina fez uma promessa ao Santo: se ele ficasse no nicho, ela iria chamar a população para construir uma igreja para ele em um lugar de destaque no engenho Camela. Quando ela chegou ao nicho na manhã seguinte, lá estava a imagem de Santo Antônio. Exercendo influência moral e espiritual perante a comunidade, sendo extremamente fervorosa e muito ligada à Igreja, chamou as pessoas para construírem a capela de santo Antônio de Camela com as pedras da própria cachoeira. Os povoadores do lugar começaram a carregar as pedras na cabeça para edificar a Capela e assim cumprir a promessa feita pela devota Catarina de Camella: poporcionar aos devotos um local ideal para devoção dos fiéis.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1903 Vol 25

PEREIRA, Levy. "Iaguâré (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho). Data de acesso: 9 de novembro de 2013.

                O engenho depois aparece como sendo de propriedade de seu filho Antônio de Ataíde de Albuquerque.

Antônio de Ataíde de Albuquerque – Filho de Jerônimo de Ataíde de Albuquerque e de D. Catharina Camella. Serviu com muita honra nas guerra da capitania de Pernambuco. Soldado. Alferes. Seguindo o exemplo dos familiares dos senhores de engenho confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais que, havendo seguido a carreira militar, regressaram a Pernambuco como oficiais do exército restaurador. Participou da defesa de Serinhaém nas quatro batalhas navais e nas duas do Monte Guararapes, onde foi ferido. Pelo serviço prestado o Rei D. João IV lhe doou a propriedade do Ofício de Juiz de Órfão da vila Formosa de Serinhaém, por provisão de 28/05/1656 (fl. 139 do livro 1º da Secretaria do Governo).
Casamento 01: Maria Josefa de Albuquerque, parentes, filha de Luiz de Albuquerque de Mello e D. Simoa de Albuquerque.
Filhos: Antônio de Ataíde de Albuquerque
Fontes Consultadas:
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Pág. 340. Edt. 34. 3ª edição. São Paulo, 2007.
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.

Sebastião Galvão (1908) escreveu que o povoado de Camela possuía uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Hoje  em Camela só existe  a igreja de Santo Antônio, o único templo católico de Camela, onde em sua fachada existem duas datas: 1907 -1968. A primeira data deve ser de uma restauração; a segunda, conforme os paroquianos foi a de uma ampliação promovida pelo Prefeito de Ipojuca. Em 2008, o Vigário Frei Carlos Alberto, realizou melhoramentos, deixando a Capela mais alegre e espaçosa (foram gastos na reforma cerca de R$7.000,00 (sete mil reais).
Roda d'água do engenho Jaguaré
O engenho atualmente possui uma casa grande, roda d'água e capela que fazem parte do inventário do patrimônio cultural Região de Desenvolvimento da Mata Sul, Serinhaém.. A casa grande foi provável construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo de formato retangular, assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso de tijolo e cimento com dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é alpendrada. Tendo os beirais superiores em madeira alpendrada. A lateral fica ao rés do chão e possui cinco arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos escravos domésticos. A capela tem na frente uma escadaria, planta quadrangular, bastante singela, possuindo um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em estado regular de conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas. Situa-se às margens da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte. Pode-se avistar um capoeirão de mata e o canavial.
Em 1917 foi fundada a Usina Jaguaré/Sirinhaém, no engenho do mesmo nome. Pertencia ao senhor Oscar Cardoso da Fonte, seu fundador. Não possuía estrada de ferro, sendo o transporte da cana e lenha feito por animais e caminhões. O açúcar e o álcool eram transportados para o Recife por via marítima, em barcaças. Sobreviveu em mãos do senhor Oscar Cardoso da Fonte durante 26 anos. Depois de vendida ao senhor Diniz Perilo, permaneceu por mais cinco anos, sendo absorvida (1948/49) posteriormente pela Usina Trapiche da firma M. Lima Etc., Companhia, em 1950, com uma produtividade de 5.459 sacos de açúcar.http://img.hotempreendedor.com.br/selo-importarroupas.gif
Hoje as terras do engenho pertencem a Usina Salgado, para se chegar ao engenho pega a Pe-064 e logo na beira da rodovia avistamos a capela e as ruínas da casa-grande, da qual só resta a parte de baixo da residência, onde ficava a senzala.

Fontes consultadas:
Fotos tirada do blog: thiagopovo.blogspot.com
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.
COSTA, Francisco Augusto Pereira da, Anais Pernambucanos, Vol. 3, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife. 1983, p. 81.
GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histótico e Estatístico de Pernambuco, Volume I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco – CEPE, Recife, 2006, pg. 145
Gonsalves de Mello, José Antônio. 1985, pg. 193
Gonsalves de MELLO, José Antônio. A Economia Açucareira, I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, p. 69
Gonsalves de MELLO, José Antônio. Administração da Conquista ,II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, pg. 157).
Panorama Cultural, 2005. fundarpe - Diretoria de Preservação Cultural. Governo do Estado de Pernambuco.
Pereira da Costa, Anais Pernambucanos, Vol. I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife, 1983, p. 214)

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