Engenho
de bois sem igreja, localizado na margem esquerda do Rio Capibaribe, freguesia
de São Lourenço da Mata (hoje Paudalho), cidade de Olinda, Capitania de Pernambuco. O engenho
foi fundado antes de 1630, por Francisco do Rego Barros e pagava 01
½ % ao Donatário, sobre todo o açúcar antes de ser dizimado.
Francisco do Rego
Barros –
Nasceu em 1593 /Olinda. Filho do Capitão-mor Luís do Rego Barros (Santo Andre/Jaboatão dos
Guararapes-Muribeca; São João da Mata/São Lourenço da Mata; Maciape/São
Lourenço da Mata), e de D. Ignez de
Gois e Vasconcellos. Neto materno de Arnau de Hollanda e de D. Brites Mendes de
Vasconcelos. Segundo o General Francisco de Brito Freire, era um dos homens
mais nobres de Pernambuco.
Cargos e funções: Presidente da Câmara de Olinda. Juiz Ordinário dos
Órfãos de Pernambuco. Fidalgo da Casa Real. Provedor da Fazenda Real, que
servia como Juiz da Alfândega e Vedor Geral, avaliado em 325 réis. Cavaleiro da
Ordem de São Tiago, que, devido ao seu falecimento, não chegou a receber.
Francisco do Rego Barros mantinha nas proximidades de sua residência, um
serviço de aproveitamento de sal, mais conhecido como “as salinas”, que nas
primeiras décadas do século XVII, se instalou no local ma animada povoação. Em
1630, quando os holandeses invadiram Pernambuco sua primeira investida foi
contra a propriedade das salinas de Rego Barros, que não era bem protegida, mas
os moradores resistiram corajosamente, recebendo os invasores com grossa
metralha. Apenas ao fim de várias tentativas é que a propriedade cairia em
poder dos invasores.
Como genealogista, Francisco do Rego Barros escreveu sem muito método,
mas com veridicidade, sobre a família dos seus ascendentes: Arnau de Holanda e
de sua esposa D. Brites Mendes de Vasconcelos.
Detalhe de um dos morais de azulejos portugueses Convento de São Francisco de Olinda. Foto: Renato Wandeck - Reprodução |
Em 1635, Francisco
do Rego Barros que vivia em Olinda, se viu obrigado a se retirar para a Bahia, juntos de cerca de 8.000 pernambucanos que
fugiam da guerra holandesa. NOTA: Segundo Borges da Fonseca não se sabe
se Francisco do Rego faleceu na Bahia ou em Pernambuco, mas seus restos mortais
estão sepultados em Olinda no Capitulo do Convento de São Francisco, onde se
veem gravadas as suas armas e a inscrição do seu nome e com o título de
Capitão, e o de D. Arcângela da Silveira. Mesmo com essas evidências não se
pode ter certeza de que faleceu em Pernambuco, pois sua esposa ainda vivia na
Bahia após a Restauração pernambucana, uma vez que seu filho o João do Rego
Barros pediu licença para ir à Bahia buscá-la, sendo a referida liença concedida
em 22/04/1654.
Pode ser também que
Francisco do Rego Barros tenha deixado a Bahia e tenha vindo para Pernambuco na
ocasião da guerra holandesa, o que seria mais provável devido a inscrição em
sua lápide. NOTA 1: "Do antigo convento resta apenas a pequena e bonita
capela do capítulo na quadra do claustro,... e da qual foram seus primeiros
padroeiros Lopo Soares e sua mulher D. Adriana Pessoa, e de 1656 por diante o
capitão Francisco do Rego Barros e sua mulher d. Arcângela da Silveira, que ali
jazem em sepultura rasa junto ao altar,...". (Pereira da Costa, 1951,
Volume 01, Ano 158f5, pg. 547). NOTA 2: Em uma pequena capela da Ig. de São
Francisco/Olinda, podemos observar um velho altar entalhado, (talvez da época
do convento primitivo), onde se encontra a sepultura do Cap. Francisco do Rego
Barros e de sua esposa, Arcângela da Silveira, coberta por uma lápide de
mármore e apresentando um brasão de armas.
Senhor dos engenhos: Pintos/Moreno; Água Fria/São Lourenço da Mata; Maciape (Massiape)/São Lourenço da Mata (vendido pelos holandeses para Elbert Chrispynsen, em 28.05.1637, juntamente com a casa de Francisco do Rego Barros em Olinda, por 70.000 florins). Proprietário do sítio das Salinas de Santo Amaro no Recife.
Senhor dos engenhos: Pintos/Moreno; Água Fria/São Lourenço da Mata; Maciape (Massiape)/São Lourenço da Mata (vendido pelos holandeses para Elbert Chrispynsen, em 28.05.1637, juntamente com a casa de Francisco do Rego Barros em Olinda, por 70.000 florins). Proprietário do sítio das Salinas de Santo Amaro no Recife.
Casamento
01: D. Arcângela da Silveira de Moraes, em 08/05/1623. Nascida e falecida em Olinda, sendo
sepultada no Convento da Ordem de São Francisco. Filha de Domingos da Silveira
((natural de Viana. Procurador da Fazenda Real de Pernambuco, onde vivia em
1636. Instituidor do Morgado do Salvador do Mundo, na Santa Casa da
Misericórdia, que fundou com 11 contos de réis, em 06.12.1639) e de Margarida
Gomes da Silva, ambos naturais de Viena/PT. Neta paterna de Pedro Alves da
Silveira e de Margarida Gomes Bezerra.
Vista aérea da Ig. São Francisco de Olinda |
Filhos (06)
encontrados: 01- Luís do Rego Barros que
construiu (1681) uma capela sob a invocação de Santo Amaro, o protetor de seu
pai, sobre as ruínas do Forte das Salinas; 02- João do Rego Barros – Falecido em 27.10.1697. Fidalgo da Casa
Real. Comendador da Ordem de Cristo. Governador da Paraíba (1668 a 1670).
Proprietário do ofício de Provedor da Fazenda Real de Pernambuco, por carta
régia de 13.07.1675 até o dia de seu falecimento, e que depois foi passado para
o seu 3º neto. Em 22.04.1654, depois da Guerra da Restauração, recebeu uma
licença para ir à Bahia buscar a sua mãe. Procedeu da mesma forma que seu irmão
Luís do Rego Barros, quando mandou erguer a Igreja de Nossa Senhora do Pilar
sobre os alicerces do Forte de São Jorge; 02- Domingos da Anunciação – Frei Capucho; 03- Mateus da Anunciação – Frei; 04- Maria da Silveira (II); 05- D. Margarida (de Brito) Barreto – C.c. João
de Barros Rego, filho de André de Barros Rego e de Adriana de Almeida
Wanderley.
Fontes:
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Anais 1903 Vol 25 (1), pág: 50. Anais de 1906 Vol 28 (2) pág: 480.
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Anais de Anais de 1925 Vol 47 (17), pág: 481, 491, 492. Anais de 1926 Vol 48
(5), pág: 301.
http://familiasdebaturite.blogspot.com.br/2008/06/familia-silveira.html
http://gw.geneanet.org/gilenob?lang=es;p=joao+do+rego+de;n=barros
http://lhs.unb.br/biblioatlas/Nicas_(engenho_de_bois)
http://www.araujo.eti.br/familia.asp?numPessoa=40476&dir=genxdir/
http://www.araujo.eti.br/familia.asp?numPessoa=40511&dir=genxdir/
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=3279&cat=Ensaios
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penquim & Companhia das Letras. 2ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
82, 83
PEREIRA, Levy. "Nicas (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Nicas_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 15 de fevereiro de 2015.
Pinto, Zilma Ferreira. A Saga dos
Cristãos-Novos na Paraiba. Edt. Idéia. João Pessoa/2006.
Revista do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano. Vol. XLVIII. Recife, 1976. Pág. 161
Em 1633, no princípio da invasão holandesa Francisco do Rego Barros abandona suas propriedades e refugia-se no Arraial do Bom Jesus trazendo consigo todos os mantimentos que podia levar, em 06 carros, mais 40 escravos e 30 homens armados que pode juntar. Após a rendição do Arraial, Francisco retorna ao engenho Maciape/São Lourenço da Mata, onde residia.
Ruínas do Arraial do Bom Jesus - Recife |
Em
1635, devido aos constantes ataques dos holandeses e muitas vezes dos
campanhistas luso-brasileiros, Francisco do Rego Barros com toda a sua família
resolvem fugir para a Bahia, acompanhando o General Mathias de Albuquerque,
durante o grande êxodo da população pernambucana (8.000 pessoas) que fugiam da
invasão holandesa, levando tudo o que podia ser carregado.
Após
o falecimento de Francisco do Rego Barros e a perda das propriedades deixadas
em Pernambuco que “importava muitos mil cruzados”, sua viúva D. Arcângela da
Silveira e filhos, passaram a viver de empréstimos, “cujo pagamento ficou reservado para quando se restaurasse a Capitania”
de Pernambuco.
Em
1655 D. Arcângela, que já havia retornado a Pernambuco, conseguiu reaver as
propriedades de sua família e junto ao seu filho João de Barros Rego começou a
reerguer seus engenhos.
Reconstruído
o engenho Nicas, seus proprietários passaram a pagar 01 ½ % ao Donatário D.
Miguel de Portugal. Mas, de todo o açúcar que cabia ao dízimo real, era pago a
D. Maria de Albuquerque, herdeira de Duarte de Albuquerque Coelho, pelo
contratador que o arrendava, de cada dez arrobas, uma. (Revista do Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Vol. XLVIII. Recife, 1976.
Pág. 161)
Devido
ao montante devido para a reconstrução dos seus engenhos, D. Arcângela da
Silveira requereu ao Conselho Ultramarino a mora de 03 anos para o pagamento de
todas as suas dívidas, como também a que incorrera quando ainda morava na Bahia
e precisou tirar empréstimos para sobreviver junto com seu filho. O pedido foi
atendido com a condição de que satisfizesse em cada ano a 5ª parte do total.
Após o falecimento de D. Arcângela, seu
filho João do Rego Barros toma posse
definitiva do engenho.
João do Rego Barros – Nasceu em 1625/Olinda e
faleceu em 27.10.1697/Recife, com 72 anos de idade. Filho do Capitão-mor Francisco do Rego Barros
e de D. Arcângela Josefa da Silveira. Neto materno de Domingos da Silveira. Homem de
prestigio e de grande influencia na Capitania. Seguiu sua família
durante o exílio na Bahia (1635) e depois regressou a Pernambuco como oficial,
onde lutou na Guerra da Restauração.
Juiz Ordinário (1691). Fidalgo da Casa Real.
Comendador da Ordem de Cristo. Serviu por 30 anos em guerras em Pernambuco, com
Alferes e Capitão-mor. Gov.
da Praça do Recife. Capitão-mor e Governador a Paraíba de 1663 a 1670. No Reino foi
proprietário do ofício de Provedor da Fazenda Real (20.12.1675). Durante da
Guerra dos Mascates acabou preso em 05/1712. Morreu na prisão em
28/12/1712/Fortaleza do Brum/Recife. Em torno de 1681, mandou erguer a
Igreja de Nossa Senhora do Pilar sobre os alicerces do Forte de São Jorge.
Senhor dos engenhos: Pintos/Moreno; Água Fria/São Lourenço da Mata; Maciape/São Lourenço da Mata (que restaurou depois da Restauração Pernambucana; Três Reis Magos/Paraíba (eng. comprado após a Guerra da Restauração, um dos melhores da Paraíba, que restaurou)
Senhor dos engenhos: Pintos/Moreno; Água Fria/São Lourenço da Mata; Maciape/São Lourenço da Mata (que restaurou depois da Restauração Pernambucana; Três Reis Magos/Paraíba (eng. comprado após a Guerra da Restauração, um dos melhores da Paraíba, que restaurou)
Casamento 01: Catharina
Theodora Valcacer. Filha do Cap. Francisco Camelo Valcacer (Cavaleiro da
Ordem de Cristo, Capitão de Infantaria e senhor do eng. dos Reis/Paraíba que
trocou pelo eng. Camaratuba/Paraíba) e de D. Catharina de Vasconcellos. Neta
paterna de Francisco Camello e de Anna da Silveira. Neta materna de Arnau de
Hollanda de Albuquerque e de D. Maria Lins, casados em , em 17.08.1611.
Filhos encontrados: 01- Francisco do Rego
Barros (II) que nasceu em Recife. Fidalgo da Casa Real. Comendador
da Ordem de Cristo. Sucessor de seu pai no ofício de Provedor da Fazenda Real.
c.c. Mônica Josefa Pessoa de Barros; 02-João
Gomes do Rego Barros c.c. Ângela Castelo Branco de Mesquita e
depois com Maria do Monte Serrate Castelo Branco . (c.g. nos dois
casamentos)
Fontes:
ALMEIDA, Horácio de. História
da Paraíba, volume 2. [S.l.]: Editora Universitária – UFPB & Conselho
Estadual de Cultura, 1997.
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (1). Pág. 481. Anais
1926 Vol 48 (10). Pág. 08.
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1903 Vol 25 (2), pág. 57; 1925,
Vol. 47 (3). Pág. 492.
http://gw.geneanet.org/gilenob?lang=es;p=francisco+do+rego+4;n=barros
http://gw.geneanet.org/gilenob?lang=es;p=joao+do+rego+de;n=barros
MELLO, Antonio Joaquim
de. Biographia de João do Rego Barros. [S.l.]: Typographia de M. Figueiroa
de Faria & filho, 1896.
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda
Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. 3ª edição definitiva.
Edt. 34. Rio de Janeiro, 2007. Pág. 109, 340
Nada mais foi encontrado sobre outros proprietários do engenho
que há muito tempo foi destruído ou incorporado as terras do eng. Maciape
(Massiape)/São Lourenço da Mata, que era seu vizinho e que foi vendido
pelos holandeses para Elbert Chrispynsen, em 28.05.1637, juntamente com a casa
de Francisco do Rego Barros em Olinda, por 70.000 florins).
Fontes
consultadas:
MELLO, Evaldo
Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquim & Cia. das Letras. 2ª edição. São
Paulo, 2012. Pág. 82, 83
PEREIRA, Levy.
"Nicas (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de
Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Nicas_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 09.04.2014
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