Fontes

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23/02/2015

Megaípe de Baixo (Megaípe; Megoapa; Mogaipe; Mogoaipe; Megahipe)/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca

            Engenho fundado antes de 1623 e pertencia a Luís Marreiros. Sua moenda era movida a bois e pagava 1,5% de pensão ao Donatário sob o açúcar produzido. Suas terras ficavam localizadas na margem direita do Rio Jaboatão, freguesia da Muribeca, sob a jurisdição de Olinda, Capitania de Pernambuco.
            
Casa grande do engenho Megaípe de Baixo
Luís Marreiros – Natural de Tomar (Beira Litoral)/PT. Em 1592 servia em Lisboa ao terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho, que depois o recompensou com o cargo de Tabelião do Público e Judicial de Olinda.
Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Lusia Lopes, segundo o livro velho da Sé de Olinda.
Filhos:
01- Álvaro Marreiros – Batizado em 24.01.1609/Ig. Matriz do Salvador de Olinda e foram seus padrinhos Vasco Pires e sua tia Luisa Marreiros.
02- Luís Marreiros – Batizado em 06.06.1616/Ig. Matriz do Salvador de Olinda. Em 1635 imigrou junto com seu pai para a Bahia, retornando a Pernambuco durante a Insurreição Pernambucana. Procurador da Câmara de Olinda (1644). Vereador em 1650.
C.c. Maria da Costa – Filha de Francisco da Costa Calheiros. (c.g.)
03- D. Isabel Lopes – C.c. Jerônimo de Albuquerque, Fidalgo da Casa Real. (c.g.)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana.  Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois). Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 93

            Segundo Pereira da Costa (1951, Vol. 1, ano de 1568, pág. 378) existiam dois engenhos com o mesmo nome na Muribeca/Jaboatão dos Guararapes: o Mogoaipe (Megahipe), o primeiro que é nosso objeto de estudo era mais antigo, e tomou então a denominação de "Megaipe de Baixo; o outro que constituiu um vínculo instituído pelo reverendo Dr. Lourenço Tavares Pinto Benevides, seu proprietário, que reuniu ao patrimônio quatro prédios seus situados no Recife, cujos bens passariam a Santa Casa de Misericórdia quando se extinguisse a linha dos descendentes e colaterais de um menino de nome Inácio que o instituidor tinha em seu poder, o que tudo consta do competente registro do vínculo na Secretaria do Govêrno em 12.09.1772.
A Capela do engenho Megaípe, sob a invocação de São Felipe e Santiago, era muito antiga e talvez sua construção fosse contemporânea à do engenho.
            O engenho foi citado nos seguintes mapas coloniais: Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ; PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado como engenho, 'Ԑ mogypÿ'; PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, 'Mogoai', na m.e. do 'Mogoai' (Riacho Cristina).
             Em 1623 o engenho produzia 3.453 arrobas de açúcar. em 1635, Luís Marreiros abandonou o engenho Megaípe, levando tudo o que podia ser carregado e acompanhou o General Mathias de Albuquerque durante o grande êxodo dos cidadãos pernambucanos (8.000 pessoas) que foram se exilar na Bahia.
             Em 1637, o engenho Megaípe por se encontrar abandonado, arruinado e de fogo morto. Talvez tenha sido incendiado pelo próprio Luis Marreiros, antes de fugir, ou pelos campanhistas luso-brasileiros. Em 1637, foi confiscado pela Companhia das Índias holandesa e vendido a Simão Ferreira Jácome por 24.000 florins, em três prestações anuais de igual valor.

Simão Ferreira Jácome – Em 1645 e 1663, Simão aparece como devedor de 21.000 florins à WIC. Nada mais foi encontrado.
Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Fontes:
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois). Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 93

            Em 1640, segundo o relatório de Dussen (pág 150) o engenho Megaípe pertencia a Diogo de Araújo de Azevedo.

Diogo de Araújo de Azevedo Nada mais foi encontrado.
Senhor dos engenhos: Mangue ou Mangre/Alagoas; Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Fontes:
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois). Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 93

O engenho moía sua cana de 05 partidos de lavradores, que com as do partido da fazenda (20) totalizavam 72 tarefas, ou seja, 2.520 arrobas de açúcar. Lavradores:

. Manuel Gomes de Lisboa com 20 tarefas;
. Diogo Fernandes Velho com 10 tarefas;
. Pedro Dias Paes com 06 tarefas;
. Pedro Rodrigues Carasqui com 06 tarefas;
. Domingos Gonçalves com 10 tarefas.

           Em 1655 o engenho safrejava e pertencia a Luis Marreiros (filho) pagava 1 1/2% de todo o açúcar produzido ao Donatário D. Miguel de Portugal, mas de todo o açúcar que cabia ao dízimo real pagava a D. Maria de Albuquerque, herdeira de Duarte de Albuquerque Coelho, pelo contratador que o arrendava, de cada dez arrobas, uma.

Luís Marreiros – Batizado em 06.06.1616/Ig. Matriz do Salvador de Olinda. Filho homônimo de Luís Marreiros e de Luisa Lopes. Neto paterno do fundador do engenho Megaípe. Em 1635 imigrou junto com seu pai para a Bahia, retornando a Pernambuco durante a Insurreição Pernambucana. Procurador da Câmara de Olinda (1644). Vereador em 1650.
Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Maria da Costa – Filha de Francisco da Costa Calheiros. Neta paterna de Manoel da Costa Calheiros, natural de Ponte da Barca/PT e de Catharina Rodrfigues.
Filhos:
01- Luiz Marreiros – Nasceu na Bahia. Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca. Capitão de Ordenança do Cabo de Santo Agostinho, por patente do Gov. João da Cunha Souto Maior, em 06.11.1685.
C.c. D. Juliana de Oliveira – Filha de Julião de Oliveira e de D. Maria de Abreu.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana.  Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 93

            O engenho foi herdado pelo seu filho Luiz Marreiros c.c. D. Juliana de Oliveira.

Luiz Marreiros – Nasceu na Bahia. Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca. Capitão de Ordenança do Cabo de Santo Agostinho, por patente do Gov. João da Cunha Souto Maior, em 06.11.1685.
Casamento 01: D. Juliana de Oliveira – Filha de Julião de Oliveira (Moço Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de São Bento de Aviz e Capitão de Infantaria)  e de D. Maria de Abreu. Sobrinha paterna do Bispo de Angola D. José de Oliveira.
Filhos:
01- Luis Marreiros de Sá – Capitão.
02- Álvaro Marreiros de Oliveira – Sargento-mor. Senhor do engenho Megaípe de Baixo.
03- Julião Marreiros da Silveira – Sargento-mor. C.c. D. Maria Cavalcante, filha de Manoel Cavalcante. (s.g.)
Outros filhos:
04- Antônio Marreiros – Sacerdote do Hábito de São Pedro.
05- Luiz Marreiros de Sá – C.c. D. Beatriz de Mello, filha do Mestre de Campo Marcos de Barros Correia e de D. Margarida de Mello. (c.g.)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana.  Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136

            O engenho foi herdado por Álvaro Marreiros de Oliveira, filho de Luiz Marreiros e de D. Juliana de Oliveira.

Álvaro Marreiros de Oliveira – Natural da Muribeca. Sargento-mor. Filho de Luis Marreiros e de D. Juliana de Oliveira.
Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca; São Bartolomeu/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Luisa Barretos, natural da Muribeca. Filha de Lourenço Velho Barreto e de D. Maria de Bittencourt.
Filhos:
01- Maria Josepha de Oliveira – C.c. seu primo Luiz Marreiros de Mello.
02- D. Juliana de Oliveira – C.c. o Capitão Diogo Soares de Albuquerque (s.g.) e depois c.c. Sargento-mor Custódio Álvares Martins (senhor do engenho Santo Estevão, do Sertão Rodellas e de São Pedro em Pajeu de Flores, onde instituiu uma Capela com invocação de São Pedro e a dotou.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana.  Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 137. Anais 1926 Vol 48 (3). Pág. 406

Ruínas da Casa Grande
            A casa-grande do Engenho Megaype ganhou destaque por ser uma das mais antigas casas de engenho do Estado de Pernambuco. Não se sabe sua data exata de construção, porém, as hipóteses mais pessimistas a situam como sendo do final do século XVII. Além da antiguidade, outro fator que tornava Megaípe especial era seu estilo arquitetônico, uma verdadeira casa senhorial de engenho com volumetria imponente e duas torres lateriais. Mereceu, por isso, ilustrar o livro Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre e a lamentação de Manuel Bandeira e de Júlio Belo, quando foi dinamitada. Foi destruída em 1928, pelo dono da Usina Bom Jesus, Sr. João Lopes de Siqueira Santos quando soube que a dita casa se encontrava na lista de bens históricos e artísticos que seriam tombados pelo Governo e antecipando-se à iniciativa oficial e equivocada quanto aos verdadeiros propósitos governamental, não vacilou em destruir completamente a casa que atravessara os muitos períodos da história de Pernambuco, ficando na lembrança apenas no poema de Ascenso Ferreira dedicado à Casa grande de Megaípe.
            A casa grande do engenho tinha um ar de permanência que se sentia através das paredes meio pensas e do abalcoado podre, na expressão tranquila das velhas linhas coloniais. Era um um símbolo agonizante do passado já longínquo em que os nobres senhores de engenho tinham, em seus domínios, poderes absolutos. A usina já chegara desde fins do século XIX e se firmara na região como a nova força econômica e política, e foi a Usina que derrubou a casa, como pensou e cantou Ascenso Ferreira (1988):

Há muito tempo que a Usina estava danada com ela!
A linda casa colonial cheia de assombrações...

Debalde ela, a Usina
Mostrava orgulhosa
O seu bueiro com aquela pose de girafa!

Debalde mostrava
O giro das rodas
O brilhos dos aços
O espelho dos latões...

Nada, todo mundo que lá ia
Só dizia nos jornais
Coisas bonitas da linda casa colonial cheia de assombrações...

Tentou um esforço derradeiro
Mandou Mestre Carnaúba
Fazer um samba bem marcado
A fim d’ela cantar alegre
Ao som do ganzá
De suas bombas de pressão:

“olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da Usina brasileira.
Olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da usina brasileira.

Qual! Todo mundo só fala
Na linda casa colonial cheia de assombrações...
A vaca Turina
O cavalo Cachito
O burro Manhosos
O cachorro Vulcão
Todos a uma vez, unidos repetiam:

É bom dormir naquele terraço
Prestigiado por quatro séculos de assombrações
Então a Usina não pode mais!
Mandou meter a picareta nas pedras lendárias,
Destruir os quartos mal assombrados,
Enxotar aos fantasmas de sais de seda
E capas de ermitões,
Respondendo, insolente, à falação que se levantou:

Olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da usina brasileira.

            A imprensa pernambucana não deu muita atenção à demolição da antiga casa-grande publicando, no Jornal A Província em 14.09.1928 que botaram abaixo a casa de Megahype.
            Em janeiro de 2011, a Secretaria de Cultura do município de Jaboatão dos Guararapes, esteve em visita ao local onde se encontravam as ruínas do Casarão de Megaype de Baixo. Porém, logo depois, o local foi destruído pela segunda vez sem que fosse feita nenhuma pesquisa arqueológica. Se o engenho era do século XVII, as pesquisas poderiam revelar detalhes da vida nesse período através dos resquícios arqueológicos encontrados.

Local onde existiu a casa grande do engenho



Fontes:
http://jaboataodosguararapes.blogspot.com.br/2012/01/aqui-jaz-megaipe-de-baixo-segunda.html
http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/473.html
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª edição. Recife, 2004
PEREIRA DA COSTA. Pergunte a Pereira da Costa. Vol. 7. Ano de 1812. Pág. 379. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/pc2/get.jsp?id=286&year=1812&page=380&query=1812&action=previous
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois). Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
GOMES, Geraldo. Engenhos e Arquitetura. FUNDAJ. Edt. Massangana. Recife, 2007. Pág: 139-44, 146-147, 149, 151, 196
Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Vol. XLVIII. Recife, 1976. Pág. 164

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