Engenho fundado antes de 1623 e
pertencia a Luís Marreiros. Sua moenda
era movida a bois e pagava 1,5% de pensão ao Donatário sob o açúcar produzido. Suas
terras ficavam localizadas na margem direita do Rio Jaboatão, freguesia da
Muribeca, sob a jurisdição de Olinda, Capitania de Pernambuco.
Casa grande do engenho Megaípe de Baixo |
Luís
Marreiros –
Natural de Tomar (Beira Litoral)/PT. Em 1592 servia em Lisboa ao terceiro
donatário da Capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho, que depois o
recompensou com o cargo de Tabelião do Público e Judicial de Olinda.
Senhor do engenho
Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Lusia Lopes, segundo o livro velho da
Sé de Olinda.
Filhos:
01- Álvaro Marreiros – Batizado em
24.01.1609/Ig. Matriz do Salvador de Olinda e foram seus padrinhos Vasco Pires
e sua tia Luisa Marreiros.
02- Luís Marreiros – Batizado em
06.06.1616/Ig. Matriz do Salvador de Olinda. Em 1635 imigrou junto com seu pai
para a Bahia, retornando a Pernambuco durante a Insurreição Pernambucana. Procurador
da Câmara de Olinda (1644). Vereador em 1650.
C.c. Maria da Costa –
Filha de Francisco da Costa Calheiros. (c.g.)
03- D. Isabel Lopes – C.c. Jerônimo de
Albuquerque, Fidalgo da Casa Real. (c.g.)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano.
Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925
Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço
de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
93
Segundo Pereira da Costa (1951, Vol.
1, ano de 1568, pág. 378) existiam dois engenhos com o mesmo nome na
Muribeca/Jaboatão dos Guararapes: o Mogoaipe (Megahipe), o primeiro que é nosso
objeto de estudo era mais antigo, e tomou então a denominação de "Megaipe
de Baixo; o outro que constituiu um vínculo instituído pelo reverendo Dr.
Lourenço Tavares Pinto Benevides, seu proprietário, que reuniu ao patrimônio
quatro prédios seus situados no Recife, cujos bens passariam a Santa Casa de
Misericórdia quando se extinguisse a linha dos descendentes e colaterais de um
menino de nome Inácio que o instituidor tinha em seu poder, o que tudo consta
do competente registro do vínculo na Secretaria do Govêrno em 12.09.1772.
A
Capela do engenho Megaípe, sob a invocação de São Felipe e Santiago, era muito
antiga e talvez sua construção fosse contemporânea à do engenho.
O engenho foi citado nos seguintes
mapas coloniais: Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ;
PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, plotado
como engenho, 'Ԑ mogypÿ'; PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO,
plotado, 'Mogoai', na m.e. do 'Mogoai' (Riacho Cristina).
Em
1623 o engenho produzia 3.453 arrobas de açúcar. em 1635, Luís Marreiros
abandonou o engenho Megaípe, levando tudo o que podia ser carregado e
acompanhou o General Mathias de Albuquerque durante o grande êxodo dos cidadãos
pernambucanos (8.000 pessoas) que foram se exilar na Bahia.
Em
1637, o engenho Megaípe por se encontrar abandonado, arruinado e de fogo morto.
Talvez tenha sido incendiado pelo próprio Luis Marreiros, antes de fugir, ou
pelos campanhistas luso-brasileiros. Em 1637, foi confiscado pela Companhia das
Índias holandesa e vendido a Simão
Ferreira Jácome por 24.000 florins, em três prestações anuais de igual
valor.
Simão
Ferreira Jácome – Em
1645 e 1663, Simão aparece como devedor de 21.000 florins à WIC. Nada mais foi encontrado.
Senhor do engenho
Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Fontes:
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço
de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
93
Em 1640, segundo o relatório de
Dussen (pág 150) o engenho Megaípe pertencia a Diogo de Araújo de Azevedo.
Diogo
de Araújo de Azevedo –
Nada mais foi encontrado.
Senhor dos engenhos: Mangue
ou Mangre/Alagoas; Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Fontes:
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço
de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
93
O
engenho moía sua cana de 05 partidos de lavradores, que com as do partido da
fazenda (20) totalizavam 72 tarefas, ou seja, 2.520 arrobas de açúcar. Lavradores:
. Manuel
Gomes de Lisboa com 20 tarefas;
. Diogo
Fernandes Velho com 10 tarefas;
. Pedro
Dias Paes com 06 tarefas;
. Pedro
Rodrigues Carasqui com 06 tarefas;
. Domingos
Gonçalves com 10 tarefas.
Em 1655 o engenho safrejava e pertencia a Luis Marreiros (filho) pagava 1 1/2% de todo o açúcar
produzido ao Donatário D. Miguel de Portugal, mas de todo o açúcar que cabia ao
dízimo real pagava a D. Maria de Albuquerque, herdeira de Duarte de Albuquerque
Coelho, pelo contratador que o arrendava, de cada dez arrobas, uma.
Luís
Marreiros – Batizado
em 06.06.1616/Ig. Matriz do Salvador de Olinda. Filho homônimo de Luís Marreiros
e de Luisa Lopes. Neto paterno do fundador do engenho Megaípe. Em 1635 imigrou
junto com seu pai para a Bahia, retornando a Pernambuco durante a Insurreição
Pernambucana. Procurador da Câmara de Olinda (1644). Vereador em 1650.
Senhor do engenho
Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Maria da Costa – Filha de Francisco da
Costa Calheiros. Neta paterna de Manoel da Costa Calheiros, natural de Ponte da
Barca/PT e de Catharina Rodrfigues.
Filhos:
01- Luiz Marreiros – Nasceu na Bahia. Senhor
do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca. Capitão de
Ordenança do Cabo de Santo Agostinho, por patente do Gov. João da Cunha Souto
Maior, em 06.11.1685.
C.c. D. Juliana de Oliveira – Filha de Julião
de Oliveira e de D. Maria de Abreu.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano.
Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925
Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136
MELLO, Evaldo Cabral de Mello. O Bagaço
de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
93
O engenho foi herdado pelo seu filho
Luiz Marreiros c.c. D. Juliana de
Oliveira.
Luiz
Marreiros –
Nasceu na Bahia. Senhor do engenho Megaípe de Baixo/Jaboatão dos
Guararapes-Muribeca. Capitão de Ordenança do Cabo de Santo Agostinho, por
patente do Gov. João da Cunha Souto Maior, em 06.11.1685.
Casamento 01: D. Juliana de Oliveira – Filha de Julião
de Oliveira (Moço Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de São Bento de Aviz
e Capitão de Infantaria) e de D. Maria de
Abreu. Sobrinha paterna do Bispo de Angola D. José de Oliveira.
Filhos:
01- Luis Marreiros de Sá – Capitão.
02- Álvaro Marreiros de Oliveira –
Sargento-mor. Senhor do engenho Megaípe de Baixo.
03- Julião Marreiros da Silveira –
Sargento-mor. C.c. D. Maria Cavalcante, filha de Manoel Cavalcante. (s.g.)
Outros filhos:
04- Antônio Marreiros – Sacerdote do Hábito
de São Pedro.
05- Luiz Marreiros de Sá – C.c. D. Beatriz
de Mello, filha do Mestre de Campo Marcos de Barros Correia e de D. Margarida
de Mello. (c.g.)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano.
Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925
Vol 47 (8). Pág. 82 Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 136
O engenho foi herdado por Álvaro Marreiros
de Oliveira, filho de Luiz Marreiros e de D. Juliana de Oliveira.
Álvaro
Marreiros de Oliveira
– Natural da Muribeca. Sargento-mor. Filho de Luis Marreiros e de D. Juliana de
Oliveira.
Senhor do engenho
Megaípe de Baixo/Jaboatão dos Guararapes-Muribeca; São Bartolomeu/Jaboatão dos
Guararapes-Muribeca
Casamento 01: Luisa Barretos, natural da Muribeca. Filha
de Lourenço Velho Barreto e de D. Maria de Bittencourt.
Filhos:
01- Maria Josepha de Oliveira – C.c. seu primo Luiz Marreiros de Mello.
02- D. Juliana de Oliveira – C.c. o Capitão
Diogo Soares de Albuquerque (s.g.) e depois c.c. Sargento-mor Custódio Álvares
Martins (senhor do engenho Santo Estevão, do Sertão Rodellas e de São Pedro em
Pajeu de Flores, onde instituiu uma Capela com invocação de São Pedro e a
dotou.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano.
Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925
Vol 47 (8). Pág. 137. Anais 1926 Vol
48 (3). Pág. 406
Ruínas da Casa Grande |
A
casa-grande do Engenho Megaype ganhou destaque por ser uma das mais antigas
casas de engenho do Estado de Pernambuco. Não se sabe sua data exata de
construção, porém, as hipóteses mais pessimistas a situam como sendo do final
do século XVII. Além da antiguidade, outro fator que tornava Megaípe especial
era seu estilo arquitetônico, uma verdadeira casa senhorial de engenho com
volumetria imponente e duas torres lateriais. Mereceu, por isso, ilustrar o
livro Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre e a lamentação de Manuel
Bandeira e de Júlio Belo, quando foi dinamitada. Foi destruída em 1928, pelo
dono da Usina Bom Jesus, Sr. João
Lopes de Siqueira Santos quando soube que a dita casa se encontrava na lista de
bens históricos e artísticos que seriam tombados pelo Governo e antecipando-se à
iniciativa oficial e equivocada quanto aos verdadeiros propósitos governamental,
não vacilou em destruir completamente a casa que atravessara os muitos períodos
da história de Pernambuco, ficando na lembrança apenas no poema de Ascenso
Ferreira dedicado à Casa grande de Megaípe.
A
casa grande do engenho tinha um ar de permanência que se sentia através das
paredes meio pensas e do abalcoado podre, na expressão tranquila das velhas
linhas coloniais. Era um um símbolo agonizante do passado já longínquo em que
os nobres senhores de engenho tinham, em seus domínios, poderes absolutos. A
usina já chegara desde fins do século XIX e se firmara na região como a nova
força econômica e política, e foi a Usina que derrubou a casa, como pensou e
cantou Ascenso Ferreira (1988):
Há muito tempo que a Usina estava
danada com ela!
A linda casa colonial cheia de
assombrações...
Debalde ela, a Usina
Mostrava orgulhosa
O seu bueiro com aquela pose de
girafa!
Debalde mostrava
O giro das rodas
O brilhos dos aços
O espelho dos latões...
Nada, todo mundo que lá ia
Só dizia nos jornais
Coisas bonitas da linda casa
colonial cheia de assombrações...
Tentou um esforço derradeiro
Mandou Mestre Carnaúba
Fazer um samba bem marcado
A fim d’ela cantar alegre
Ao som do ganzá
De suas bombas de pressão:
“olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da Usina brasileira.
Olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da usina brasileira.
Qual! Todo mundo só fala
Na linda casa colonial cheia de
assombrações...
A vaca Turina
O cavalo Cachito
O burro Manhosos
O cachorro Vulcão
Todos a uma vez, unidos repetiam:
É bom dormir naquele terraço
Prestigiado por quatro séculos de
assombrações
Então a Usina não pode mais!
Mandou meter a picareta nas
pedras lendárias,
Destruir os quartos mal
assombrados,
Enxotar aos fantasmas de sais de
seda
E capas de ermitões,
Respondendo, insolente, à falação
que se levantou:
Olha a volta da turbina
Da turbina, da turbina
Da turbina da Usina
Da usina brasileira.
A imprensa pernambucana não deu
muita atenção à demolição da antiga casa-grande publicando, no Jornal A
Província em 14.09.1928 que botaram
abaixo a casa de Megahype.
Em
janeiro de 2011, a Secretaria de Cultura do município de Jaboatão dos
Guararapes, esteve em visita ao local onde se encontravam as ruínas do Casarão
de Megaype de Baixo. Porém, logo depois, o local foi destruído pela segunda vez
sem que fosse feita nenhuma pesquisa arqueológica. Se o engenho era do século
XVII, as pesquisas poderiam revelar detalhes da vida nesse período através dos
resquícios arqueológicos encontrados.
Local onde existiu a casa grande do engenho |
Fontes:
http://jaboataodosguararapes.blogspot.com.br/2012/01/aqui-jaz-megaipe-de-baixo-segunda.html
http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/473.html
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A
Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª
edição. Recife, 2004
PEREIRA DA COSTA. Pergunte a
Pereira da Costa. Vol. 7. Ano de 1812. Pág. 379. Disponível em: http://www.liber.ufpe.br/pc2/get.jsp?id=286&year=1812&page=380&query=1812&action=previous
PEREIRA, Levy. "Mogoaĩ
(engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas
Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Mogoa%C4%A9_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 23 de fevereiro de 2015.
GOMES, Geraldo. Engenhos e
Arquitetura. FUNDAJ. Edt. Massangana. Recife, 2007. Pág: 139-44, 146-147, 149,
151, 196
Revista do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano. Vol. XLVIII. Recife, 1976. Pág. 164
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