A
região onde atualmente fica o município de São Lourenço da Mata era coberta por
extensa floresta (de Mata Atlântica) e habitada por índios Tupinambás que
ofereceram grande resistência à colonização portuguesa em Pernambuco. Em 1554,
os indígenas acabaram derrotados pelos colonizadores que passaram a explorar a
região rica em madeira, sobretudo em pau-brasil, introduziram a cultura da
cana-de-açúcar, que até hoje é a principal atividade econômica da região.
Entrada do engenho Tapacurá |
No
século XVII, São Lourenço era a freguesia, sob a jurisdição de Olinda, com
maior número de engenhos, embora ficasse distante do porto do Recife. Essa
distância era compensada pela fertilidade dos solos onde brotava a cana de
açúcar, que eram reputados entre os melhores da capitania, o que tornava a
localidade muito importante para o açúcar pernambucano.
O
engenho Tapacurá, Apuepe, Nossa Senhora do Rosário ou de Monserrate/São Lourenço da
Mata foi fundado após 1609, possivelmente
por Belchior Rodrigues Covas citado
como Casa do Covas (Broeck, 1651, pg.
13), em terras situadas na margem esquerda do Riacho Jabaíra, freguesia de São
Lourenço da Mata, sob a jurisdição de Olinda, Capitania de Pernambuco. Como
moenda movida a bois e igreja.
Belchior
Rodrigues Covas – Nada mais foi encontrado.
Senhor do engenho: Covas,
depois Tapacura/São Lourenço da Mata
Fontes:
Castrioto Lusitano 1679 (1). Parte 1,
livro VI. Pág. 301.
Varnhagen,
Francisco Adolfo de (Visconde de Porto Seguro) Historia das lutas com os
Hollandezes no Brazil desde 1624 a 1654.
Typ. de Castro Irmão, 1872.
A Illustração
luso-brazileira, Vol. 3. Typ. do Panorama, 1859
PEREIRA, Levy. "Apuepe". In:
BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa.
Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Apuepe.
Data de acesso: Data de acesso: 20.02.2015.
Em
1623 pertencia a Antônio Rodrigues
Moreno, produzindo 5.700 arrobas de açúcar, pagando 10.000 réis em dinheiro
ao Donatário da Capitania. A casa de vivenda do engenho, segundo Frei Manoel
Callado (pág. 193) era a mais alterosa e
espaçosa que no sertão de Pernambuco havia.
Antônio
Rodrigues Moreno (Torto)
– Nada mais foi encontrado.
Domingos da Costa Brandão, senhor do engenho Araripe
de Baixo ou Jaracutinga/Igarassu, e sua esposa Maria Henriques Brandoa, em 1639
se encontravam na Holanda e passaram uma procuração para José de Abraão Lumbroso que viera para o Brasil,
e na falta deste a Antônio Rodrigues Moreno, para que expulsasse a lavradora Maria
da Fonseca, que ocupara do engenho na ausência do casal.
Senhor do engenho:
Tapacurá/São Lourenço da Mata
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 76, 80
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro. Anais 1919-1920 Vols 41 / 42 (2). Págç 159 Anais 1919-1920 Vols 41 /
42 (2). Pago 167
PEREIRA, Levy. "Apuepe". In:
BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa.
Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Apuepe.
Data de acesso: Data de acesso: 20.02.2015.
O
próximo proprietário encontrado foi João Rodrigues Moreno que provavelmente
herdou o engenho de Antônio Rodrigues Moreno,
João
Rodrigues Moreno
– Nada foi encontrado
Senhor do eng: Nossa
Senhora de Monserrat/São Lourenço da Mata
Fontes:
ACIOLI, Vera Lúcia Costa. Museu Virtual
Durante
o domínio holandês João Rodrigues Moreno permaneceu no engenho, que em 1636
foi saqueado por campanhistas luso-brasileiros, mas em 1637 e 1639, safrejou com
05 partidos de lavradores, no total de 100 tarefas (3.500 arrobas), sem partido
da fazenda.
Segundo
relatos feitos da coluna do Cel. Crestofle d'Artischau Arciszewski (ou
Krzysztof Arciszewski), em 04 de agosto de 1636, cedo pela manhã, chegou em tempo na aldeia de Nossa Senhora da Luz,
onde morava ainda alguma gente fiel e um padre de confiança; tinha marchado de
Muribeca até ali quatro léguas. Nessa aldeia fez provisão de víveres para uma
longa viagem e deu aos habitantes uns vales para o Conselho pagar a conta dos
animais e outras coisas que forneceram. No dia seguinte choveu forte, e não havendo
casas bastante nesta aldeia para ficarem com as suas mochilas enxutas, foram
obrigados a se porem em caminho para o engenho de Antônio Rodrigues Moreno,
cerca de uma légua da aldeia, a fim de se abrigarem da chuva.".
Em
1643, com o falecimento do proprietário, seus credores expuseram ao Governo do
Brasil holandês, o abandono em que se encontrava o engenho, propondo que fosse
repassado a
Manoel
Fernandes Cruz
que “era um indivíduo de suficientes capitais”, que se oferecera para
beneficiar o engenho e pagar os credores e a WIC nas três safras seguintes, o
que foi logo aceito.
Manoel
Fernandes Cruz –
Capitão.
Manoel Fernandes
Cruz, em seu nome e no de seus
herdeiros compareceu perante as seguintes autoridades holandesas: Pieter
Janz Bas e Joan van Ratsvelt, Conselheiros de Justiçado Brasil, por especial
designação da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) e do Assessor do Grande Conselho
Joan van Walbeek, para fazer um acordo sobre sua dívida que já era de 41.526
florins, acompanhado dos credores (Benjamim de Pina, Isaac da Costa, Joseph
Abenacar, Abraham Aboab, Symon de Valle, Gaspar Francisco e David Brandão,
Abraham de Tovaer, João Parente, João Mendonça de Muribeca, Jacob Gabay, More
de Leon, Balthasar de Fonseca, Simon Gomes de Lisboa, Bartholomeu Rodrigues,
Daniel Cardoso), igualmente devedores da WIC. Assinado o contrato entre os
credores e devedores, ficou acordado que Manoel Fernandes Cruz ficaria devedor
à WIC da soma de 60.795 florins, dos quais 19.269 florins referentes a sua dívida
perante a WIC, e o restante 41.526 florins por conta de seus credores, que
deveriam ser creditados pela WIC, na proporção dos respectivos débitos sob as
seguintes condições: que o débito total deveria ser liquidado nos 03 próximos
anos, em parcelas iguais ou de maior valor, sendo o primeiro pagamento feito em
janeiro de 1645 [...] Seus
fiadores foram: João de Mendonça que era seu cunhado e nada possuía e Manuel
Gomes de Lisboa que era um homem rico. NOTA: Segundo a “Bolsa do Brasil” Manoel Fernandes Cruz teria subornado com 10.000
florins as autoridades do Recife holandês para conseguir o acordo com o Governo
holandês.
Em 1645, Manoel Cruz
era devedor de 47.756 florins à WIC e de outros 10.070 florins contra a razo, em em 1663 sua dívida já
era de 61.160 florins.
Em junho de 1645, ao
desfechar a Insurreição luso-brasileira, João Fernandes Vieira, subindo com sua
tropa pela Ribeira do Capibaribe, deteve-se no engenho de Manoel Cruz, mas nem [...] quis comer coisa de sua casa, nem
dormir dentro dela, e se agasalhou na ermida do engenho e o levou [Cruz]
consigo, montando-lhe ruim semblante pelas grandes suspeitas que havia de que
ele avisara ao inimigo de tudo o que entre nó se passava. Porém depois,
aderiu a causa dos insurrectos e lutou com mais dois filhos, distinguindo-se
todos na guerra contra os holandeses.
Após deflagração da
Insurreição Pernambucana lutou contra os holandeses junto a seus dois filhos.
No ano de 1652, Manoel
Fernandes Cruz sugeriu a D. João IV várias medidas de incentivo à economia canavieira.
Senhor dos engenhos:
Tapacura/São Lourenço da Mata; Camaçari/Jaboatão dos Guararapes.
Casamento 01: Joanna Maria das Dores. Filha do
Capitão-mor Manoel do Carmo Inojosa e de Joanna Felícia do Espírito Santo.
Filhos: (NI)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Vicotiano.
Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1926 Vol
48 (1). Pág. 408
Johannes Nieuhof, José Honório Rodrigues
e Moacir Nascimento Vasconcelos.
Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil
Revista do
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Edições 20-27.
Pág. 183-184
Revista do Instituto Arqueológico,
Histórico e Geográfico Pernambucano. Vol. XLVIII. Recife, 1976. Pág. 161
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág.
82-83, 99
O engenho Tapacura foi
citado nos seguintes mapas coloniais: PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40
Capitania de Pharnambocqve, plotado como engenho, 'Ԑ: Tapicura', na m.e. do
Rio sem nome, afluente do 'Rº. Capauiriuÿ'; IT (IAHGP-Vingboons,
1640) #43 Capitania de I. Tamarica, plotado como engenho, 'Tapicura Ԑ', na
m.e. do Rio sem nome, afluente m.d. do 'Rº. Capauiriuÿ'; PE (Orazi,
1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'Apuepe',
na m.e. do 'Iabaira' (Riacho Jabaíra).
Casa grande do engenho Tapacurá |
Durante a guerra contra os holandeses o Sargento-mor
Antônio Dias Cardozo e todo o seu exército, seguiu para o campo do engenho
Maciape, atravessando o Rio Capibaribe, em jangadas, na altura do
engenho da Moribára-Pequena, que pertencia a Fernão Soares da Cunha. Desse
engenho seguiram para o São João, pertencente ao senhor Arnau de Holanda,
onde pernoitaram. No outro dia Arnau de Holanda e seus filhos se reuniram a
Companhia. Deste engenho, em virtude da aproximação de um corpo de
operações, ás ordens do Capitão Blaar, tendo consigo Pero Poty com uns 100
índios vindos da Paraíba, e mais uns 200 jovens voluntários holandeses,
partiram todos em direção do engenho
do Covas, que pertencia a Manuel Fernandes da Cruz. Chegando
na passagem do Rio Tapacurá, viram que teriam que atravessa-la com jangadas com
um vaivém de cipós, pois havia crescido muito devido as recentes chuvas do mês
de julho. Levou-se bastante tempo nessa travessia, de modo que não foi possível
continuar a jornada e mais 03 ou 04 léguas, e tiveram que pernoitar no engenho
cuja casa, segundo o Frei Manoel Calado, era «a mais alterosa e espaçosa que no sertão de Pernambuco havia», onde
tiveram de ficar 20 dias.
Casa grande do engenho Tapacurá |
No
ano de 1644 Manoel Fernandes Cruz fez um requerimento ao Governo holandês
reclamando dos contratadores de pau-brasil, entre eles seu amigo o Pe. Manoel
de Morais, cujos carros de bois causavam danos aos canaviais, onde dizia que o
engenho dispunha de todas suas terras,
canaviais, pastagens, matas e outras coisas a ele pertencentes, tais como: 08
caldeiras de cobre, 10 tachos e paróis, além de outras vasilhas de cobre [...],
90 escravos [...] sua casa [de vivenda] e 60 bois.
Em
1645, durante a batalha Monte das Tabocas os holandeses aproveitando-se da
escuridão e das fortes chuvas que caíam, refugiaram-se no Engenho Tapacurá, a
quatro léguas do local do confronto, seguindo depois em direção à Várzea pondo
de assalto várias casas-grandes de onde levaram o que restava de objetos de
valor, tendo sido aprisionadas algumas mulheres dos conjurados, dentre as quais
se encontrava a sogra de João Fernandes Vieira.
Em 1655 o engenho Tapacurá pagava
10 mil réis em dinheiro por todo açúcar produzido ao Donatário D. Miguel de
Portugal, mas de todo o açúcar que cabia ao dízimo real pagava a D. Maria de
Albuquerque, herdeira de Duarte de Albuquerque Coelho, pelo contratador que o
arrendava, de cada dez arrobas, uma.
(Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.
Vol. XLVIII. Recife, 1976. Pág. 161).
Em
08.01.1853 foi publicado no Diário de Pernambuco um anúncio onde dizia que - No dia primeiro de janeiro desapareceu do
engenho Tapacurá, pertencente ao Rvm. Sr. padre Félix José Moreira da Costa, um
escravo de nome Ignácio, de nação Quiçama, de idade de 40 a 45 anos, pouco mais
ou menos, com os sinais seguintes; alto, seco, pernas finas, pés regulares, e
tem do lado esquerdo abaixo da última costela uma cicatriz proveniente de uma
queimadura, o qual escravo veio da freguesia da Escada, e foi comprado há pouco
tempo nesta praça à senhora D. Flamína Maria Claudina: quem o pegar leve-o ao
engenho acima, ou à casa do seu correspondente Antônio Joaquim Ferreira de
Souza, no Pátio do Carmo, venda nº 1, que será gratificado generosamente.
Hoje suas terras são conhecidas como
Engenho Tapacurá, no município de São
Lourenço da Mata-PE (Vide mapa IBGE Geocódigo 2613701 São Lourenço da
Mata-PE), e as edificações existentes foram tombadas pela FUNDARPE.
Na Região do Rio Tapacurá, localizadas
a 35 km do Recife, foram criadas:
1975 - Estação Ecológica de
Tapacurá –
Com uma área de preservação de Mata Atlântica, com 776 ha, destinada a
pesquisas na área de Botânica, Zoologia e Ecologica, administrada pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco. No local se produz muda de espécies
frutíferas e florestais, como também abriga o lago formado pela represa do Rio
Tapacurá. A
Estação Ecológica protege cerca de 406 ha da Floresta Remanescente, estando o
Restante em mãos de particulares. Embora
a área seja relativamente próxima do litoral, a floresta e classificada como
semidecídua, justificando a presença de algumas aves típicas das Matas de Brejo
do interior. Para chegar lá é preciso pegar a BR-232 e PE-40.
1987 - Reserva Ecológica Mata do
engenho Tapacurá
– Com uma área de 316,32 há.
Fontes:
Diário na História. Há 150 anos.
Disponível em: http://www.old.pernambuco.com/diario/2003/01/08/historia.html
(Laet, 1644), Livro Décimo
Terceiro, 1636, agosto, relata os feitos da coluna do Coronel Artichau ―
Crestofle d'Artischau Arciszewski (ou Krzysztof Arciszewski) ― pg. 911-912:
A
Illustração luso-brazileira, Vol. 3. Typ. do Panorama, 1859.
http://www.birdlife.org/datazone/sitefactsheet.php?id=20198
http://brasilchannel.com.br/municipios/mostrar_municipio.asp?nome=S%E3o%20Louren%E7o%20da%20Mata&uf=PE&tipo=lazer
http://mario-historiadomunicipio.blogspot.com.br/
http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/502-artigo/8179-a-cidade-qcidade-da-copaq-um-dia-foi-a-qcidade-do-acucarq.html
http://peredescoberto.blogspot.com.br/2008/02/so-loureno-da-mata.html
Pereira, José Hygino Duarte, in (Broeck, 1651), pg.
13-14.
PEREIRA, Levy. "Apuepe".
In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa.
Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Apuepe.
Data de acesso: 20.02.2015.
Projeto Brasiliana USP-
Universidade de São Paulo. Visconde de Porto Seguro. História Geral do Brasil,
antes da sua separação e independência de Portugal. 2ª edição.
Revista
do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Edições 20-27
Varnhagen, Francisco Adolfo de (Visconde de Porto Seguro) Historia das lutas com
os Hollandezes no Brazil desde 1624 a 1654. Typ. de Castro Irmão, 1872.
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