O
engenho São João Baptista, fundado por Luís
Ramires no fim do século XVI, pagava 03% de pensão ao Donatário depois do
açúcar dizimado. Sua moenda era movida a bois e sua igreja dedicada a Nossa
Senhora do Rosário. Suas terras ficavam localizadas na margem direita do Rio
Capibaribe, freguesia da Várzea, jurisdição de Olinda, Capitania de Pernambuco.
Canavial |
Por esse tempo, segundo Duarte de Albuquerque Coelho, em suas “Memórias
diárias da Guerra do Brasil”, existiam “dezesseis moinhos ou engenhos de
açúcar nas suas terras, a que se chamava Várzea do Capibaribe, extenso
território que constituía a sua paróquia, por ser torneada pelo rio do mesmo
nome”.
Luis
Ramires – Em
1635, Luis Ramires abandonou seu engenho como vários senhores de engenho que
acompanharam o General Mathias de Albuquerque e sua tropa para Alagoas e depois
para a Bahia, após a rendição do Arraial do Bom Jesus e do Parnamirim, ficando
assim o invasor holandês na posse da região conquistada e das propriedades
abandonadas. Durante a fuga foi
necessário ajuntarem-se mais de 8.000 pessoas, para se livrarem dos assaltos e
acometimentos dos holandeses, que os perseguiram até o Rio São Francisco.
Senhor
do engenho São João, antes Nossa Senhora do Rosário/Várzea do Capibaribe-Recife
(1)
Fontes:
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro. 1919-20. Vol. XLI-II. Anais 1903. Vol. 25 (1) – Pág. 114. - Anais
1919-1920 Vols 41 / 42 (2), pág. 20, 212
freimilton-ofm.blogspot.com
http://www.liber.ufpe.br/pc2/get.jsp?id=2491&year=1493&page=81&query=1493&action=previous.
Acesso em: 24/05/2014
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
1ª edição. São Paulo, 2012.Pág. 57, 58
MELLO, José Antôonio Gonslaves de. A
Economia Açucareira. Fontes Para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª edição. Recife, 2004. Pág´.28
PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos.
1795-1817. 2ª Edição. FUNDARPE. Gov. de Pernambuco. Recife, 1983. Vol. 2: 535; vol. 3: 79; vol. 7: 325
PEREIRA, Levy. "S. Iuão (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Iu%C3%A3o_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 3 de junho de 2015
Em
1623 o engenho produziu 4.019 arrobas de açúcar e sua produção foi transportada
por pequenas embarcações pelo rio Capibaribe até o porto do
Recife.
Embarcações - Pernambuco colonial |
Durante
a ocupação holandesa o engenho que tinha sido avaliado em 50.000 florins foi
alvo de um incêndio (1634) por tropas luso-brasileiras. Em 1636 o engenho São
João que ficava a 03 léguas do Arraial do Bom Jesus é novamente queimado por
tropas holandesas.
O status de senhor de engenho veio a encantar até os
holandeses recém-chegados, pois “o açúcar prometia fortunas”. Assim, logo após
a rendição do Arraial do Bom Jesus (08.06.1635), o Fiscal do Conselho holandês Jaques Hack obteve a gestão
provisória do eng. Nossa Senhora do Rosário que se encontrava destruído e
abandonado, com a promessa da preferência da compra do dito engenho mais
adiante.
Em
28.05.1637, o engenho que passou a ser chamado de Remeces, foi finalmente confiscado e vendido pela Companhia
das Índias Ocidentais holandesa-WIC, ao próprio Jaques Hack e ao seu sócio Matias
Beck, pela quantia de 32.500 florins, em 06 prestações anuais. NOTA: Em
1645, Jacques Hack e Matias Beck aparecem como devedores da WIC no montante de 43.499
florins, além da parcela de 10.273 florins; em 1663 sua dívida foi calculada em
32.500 florins.
Em
1639 o engenho se encontrava de fogo vivo e moía com 04 partidos de lavradores:
João
Peres Correia (com 15 tarefas). Simão Martins (com 15 tarefas); Jacques
Hack
(5 tarefas) e Nicolaes Hack (35 tarefas), além de 01 ou 02 partidos livres.
Jacques
Hack – Holandês.
Fiscal do Conselho holandês, um dos primeiros escabinos de Olinda (1639)
nomeado pelo Conde Maurício de Nassau. Após a rendição do Arraial do Bom Jesus,
08/06/1635, e da Fortaleza de Nazaré, obteve o Governo do Brasil holandês a
gestão provisória do engenho e a preferência na sua aquisição.
Em 05/12/1637-Recife,
a animosidade contra judeus levou os cristãos-velhos e protestantes holandeses
se unirem e formularem a primeira representação oficial endereçada ao Conselho
dos XIX pelos Escabinos da Vila de Olinda, assinado por dois holandeses, Jacques
Hack e Willem Doncker, e três portugueses, Gaspar Dias Ferreira, (provável
autor do texto), p Francisco de Brito Pereira e João Carneiro de Mariz. Esse
documento afirmava: O Cristianismo desta
conquista faz a VV.SS. uma queixa para que, com o tempo e madureza de conselho,
a mandem remediar. Esta terra se vai enchendo de judeus; que em todas as naus
passam as nações do mundo, e por serem inimigos de Cristo nosso Salvador, não
merecem nenhuma amizade, pedimos a VV.SS. proíbam desta sua conquista tão ruins
habitadores, porque nem os naturais recebem proveito de seus comércios, vendas
e mercancias, por serem gente inclinada a enganos e falências, nem os flamengos
ficam de melhor que o colhessem cristãos, que não judeus. E quando não pareça a
VVSS. proibir-lhes a passagem a estas larguezas das que têm em Holanda, nem se
lhes permitia terem vendas públicas, nem outros aproveitamentos que em Holanda
lhes são permitidas. Assim o pedimos a VVSS. por reverência do nome de Cristo
nosso Salvador. Como podemos perceber, o ódio teológico em relação aos
judeus suplanta as diferenças teológicas existentes entre católicos e
protestantes.
Rendeiro
e depois coproprietário do engenho São João, antes Nossa Senhora do
Rosário/Várzea do Capibaribe-Recife (2)
Vendeu o engenho a João
Fernandes Vieira.
Fontes:
Chagas, Eber Cimas Ribeiro Bulle das,
Raízes judaicas no Brasil. O clima de intolerância religiosa em Pernambuco.
Judaísmo e modernidade: suas múltiplas inter-relações [online]. Rio de Janeiro:
Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009. pp. 68-83. Capítulo I.
PEREIRA, Levy. "S. Iuão (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Iu%C3%A3o_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 3 de junho de 2015
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
1ª edição. São Paulo, 2012.Pág. 57, 58
MELLO, José Antôonio Gonslaves de. A
Economia Açucareira. Fontes Para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª edição. Recife, 2004. Pág´.151
______________________________ Tempo
dos Flamengos. 2ª edição. Gov. de Pernambuo e BNB. Recife, 1979. Pág. 64, 131 e
163.
Matias
Beck – Em
03.04.1649 Matias Beck aportou na enseada do Mucuripe/Ceará, com 03 iates e 02
barcos, que transportavam 298 holandeses. Explorou a costa, para escolher um
local para construir um forte que depois foi denominado de Schoonemborch (Fortaleza Nossa Senhora da Assunção), em
homenagem ao Governador da Capitania de Pernambuco e Presidente do Alto
Conselho Administrativo da Holanda no Brasil. Depois de pronto Matias ampliou e
reforçou as obras de defesa (19.08.1649.), de acordo com a planta feita pelo
engenheiro Ricardo Caar.
Senhor
do engenho São João, antes Nossa Senhora do Rosário/Várzea do Capibaribe-Recife
(3)
Fontes:
http://www.10rm.eb.mil.br/index.php?option=com_content&view=article&id=50&Itemid=102
PEREIRA, Levy. "S. Iuão (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Iu%C3%A3o_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 3 de junho de 2015
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 57, 58
Durante a ocupação
holandesa João Fernandes Vieira c.c.
D. Maria Cesar (s.g. no casamento), além de um grande militar era um senhor de
muitos engenhos (Abiaí/Itamaracá;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas/Cabo de Santo Agostinho; Jacaré/Goiana;
Meio/Recife-Várzea; Molinote, ou Santa Luzia, depois Sacambu/Cabo de
Santo Agostinho; Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de
Guadalupe/Serinhaém; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos
Guararapes - Muribeca; Santo
Antônio/Goiana; São João/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo
Agostinho. Na
Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e
São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima). Em 1642, compra o engenho a Jacques Hack, com os partidos
que foram de Filippe Moreira, e declara em seu
testamento que mesmo já tendo pagado três prestações de 8.000 cruzados, Jacques
Hack e seu filho surrupiaram do engenho: 80 escravos de serviço (cada um
valendo 100.000 réis), 50 bois (20.000 réis cada) e mais de 100 caixas de
açúcar que havia na casa de purgar, e muitas outras coisas de valor da casa de
vivenda. Ao tomar posse do engenho transforma a moenda do engenho para ser
movida à água e o passa a chamar de São João Baptista, que dotou a Capela.
NOTA: Segundo João Fernandes Vieira o engenho São João era “um dos melhores engenhos de Pernambuco”.
João Fernandes
Vieira –
Nasceu em 29/06/1596-Funchal/Ilha da Madeira/PT e faleceu em 1679. Filho do
fidalgo Francisco de Ornelas Muniz com Antônia Mendes. Seu pai era
bisneto de Tristão Vaz, o primeiro donatário de Machico. Sua mãe era bisneta de
Pedro Vieira, morgado da Ribeira de Machico; entre os seus bisavós se encontra
António Fernandes, sesmeiro nas Covas do Faial, no norte da ilha da Madeira. Em
1606, com 10 anos de idade, Fernandes Vieira imigrou para a Capitania de
Pernambuco, pois como não era o filho primogênito - herdeiro de todo o legado
dos pais, se viu obrigado a emigrar para o “Além Mar”, para adquirir fortuna,
como muitos jovens portugueses da época.
João Fernandes Vieira |
Assim que chegou a
Pernambuco trocou o seu nome de Francisco de Ornelas Moniz Júnior, para João
Fernandes Vieira, um disfarce muito usado pela corrente emigratória para o
Brasil, que queriam esconder sua origem nobre, porque trabalhariam em serviços
braçais, uma desonra para a época. Seu primeiro trabalho foi como ajudante de
mascate, em troca de comida e morada; depois foi auxiliar do mercador do
comerciante Afonso Rodrigues
Serrão, que ao falecer o deixou como único herdeiro do seu negócio e de
algumas casas na Vila de Olinda.
Em 1630, com a invasão
holandesa João Fernandes Vieira se alistou como voluntário de guerra e em1634,
participou da resistência luso-brasileira no Forte de São Jorge.
Após 1635, Fernando
Vieira tornou-se muito amigo e depois sócio do Conselheiro Político da
Companhia das Índias Ocidentais, Jacob Stachouwer, de quem depois foi
feitor-mor de seus engenhos: Ilhetas (Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora
de Guadalupe)/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes.
Nota: Em seu testamento Fernandes Vieira declarou sobre sua aproximação
com Stachouwer: “Declaro que no tempo dos holandeses por remir minha vexação e
viver mais seguro entre eles, tive apertada amizade com Jacob Estacour, homem
principal da nação flamenga, com diferença nos costumes, e com ele fiz negócios
de conformidade e por conta de ambos (...)”. Nessa época Fernandes Vieira era descrito como um homem de
aspecto melancólico, testa batida, feições pontudas, olhos grandes, mas
amortecidos, e de poucas falas, exceto quando se ocupava de si, pois
desconhecia a virtude da modéstia. Ativo, ambicioso e inteligente, durante a
trégua estabelecida entre Portugal e a Holanda, estabeleceu ligações estreitas
com os holandeses, o que lhe proporcionou ascensão econômica e social.
Com a partida de
Stachouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira passou a lucrar
com a administração dos engenhos e dos fundos do seu amigo e benfeitor
Stachouwer. Logo se apoderou das propriedades dos dois sócios: Guerra/Cabo de
Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de
Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da
Madre de Deus/Cabo de Santo, e assumiu os débitos contraídos por Stachower e de
Ridder na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que
nunca foi pago). Logo Fernandes Vieira e torou um dos homens mais ricos da
Capitania, proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Cargos e funções:
Participou da defesa do Arraial do Bom Jesus/Recife (1635), com apenas 22 anos
Escabino de Olinda (1639); Escabino de Recife (07/1641 a 06/1642,
sendo conduzido ao cargo de 1642/43). Escabino de Maurícia (Recife) de 07/1641
a 06/1642, sendo conduzido ao cargo de 1642/43. Contratador de dízimos de
açúcar da Capitania de Pernambuco e de Itamaracá. Representante dos
luso-brasileiros da Várzea do Capibaribe na Assembleia convocada pelo Conde
Maurício de Nassau para assuntos do governo (1640). Mestre de Campo do Terço de
Infantaria de Pernambuco. Construiu em Olinda a Igreja de Nossa Senhora do
Desterro, hoje Igreja de Santa Thereza, onde antigamente funcionava o Colégio
de Órfãos.
Embora fosse um dos
mais importantes senhores de engenho da Capitania, para ser incorporado à
nobreza rural de Pernambuco, em razão de sua suposta cor parda, de seu “defeito
mecânico” (trabalhos manuais) e de sua “falta de qualidade de origem”, teve que
contrair matrimônio com uma moça pertencente a uma das famílias mais
importantes da Capitania. Com o casamento Fernandes Vieira que já era
colaborador e conselheiro em assuntos brasileiros do governo holandês se
tornaria, também um dos homens mais importantes da Capitania, com apoio da
comunidade luso-brasileira através do seu prestígio econômico e social, e de
doações para igrejas, confrarias e pessoas necessitadas.
Casamento 01: D. Maria
César, em 1643 – Filha do madeirense e senhor de engenho Francisco
Berenguer de Andrade (senhor do eng. Giquiá/Recife) e de Joana de
Albuquerque. (s.g.)
Filhos fora do casamento:
01- Manuel Fernandes Vieira,
sacerdote do hábito de São Pedro com ações de algumas Mercês de seu Pai.
Vigário de Itamaracá e senhor do engenho Inhaman/Igarassu. Perfilhado
nos livros de Sua Majestade. Comendador de Santa Eugenia Alla, que vagou por
falecimento de seu Pai João Francisco; 02- D. María Joanna filha natural de João Fernandes
Vieira e de D. Cosma Soares. C.c. Jerouymo Cesar de Mello - Fidalgo da
Casa Real, Cavalheiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor de Maranguape, filho de
Agostinho Cesar de Andrada (Gov. do Rio Grande do Norte) e de D. Laura de
Mello; 03- D. Joanna Fernandes Cesar. C.c. Gaspar
Achioli de Vasconcellos, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, filho
de João Baptista Achioli e de D. Maria de Mello. Alcaide-mor da
cidade da Paraíba do Norte, e senhor do eng. Santo Andre; 04- Maria de Arruda, falecida
ainda criança.
Fernandes Vieira era
um dos maiores devedores da Companhia das Índias Ocidentais, com uma dívida
estimada em 219.854 florins, que nunca foi paga, pois alegou no seu Testamento
que os chefes holandeses "são devedores de mais de 100 mil cruzados
(...) de peitas e dádivas a todos os governadores (...) grandiosos banquetes
que ordinariamente lhes dava pelos trazer contentes".
Após a partida do
Conde Maurício de Nassau (1644) Vieira viu a intensificação da insatisfação do
povo pernambucano, influenciado pelo seu sogro e percebendo as vantagens
econômica e social a serem alcançada com a expulsão dos holandeses e da
Companhia das Índias Ocidentais passou para o lado dos Insurrectos
pernambucanos.
Reúne-se com várias
lideranças rurais nas matas do engenho Santana, onde traçam os
planos para expulsar os holandeses do Brasil. Como contragolpe, lança a
campanha de Restauração de Pernambuco, servindo-se da mesma táctica manhosa dos
inimigos e passa a circular nos dois lados: holandeses e luso-brasileiros.
Nessa mesma época os holandeses o chamam para ser Agente de Negócios da
Companhia e membro do seu Conselho Supremo, ficando Vieira, conhecedor de todas
as tramas e recursos.
João Fernandes Vieira
escreve a D. João IV pedindo-lhe licença para resgatar as Capitanias invadidas
da mão dos usurpadores, ao que o Monarca se opõe. Descobrindo os holandeses os
seus intentos, atraíram-no ao Recife, mas Vieira iludiu-os e pôs-se em campo,
levantando a bandeira da Insurreição Pernambucana – de fazenda em fazenda, de
engenho em engenho incentivando a revolução e declarando traidores os que não
seguissem a sua causa. O Conselho holandês põe a cabeça de Vieira em prêmio e
em resposta Fernandes Vieira põe preço a cabeça dos membros do Conselho e se
torna um dos líderes da chamada Insurreição Pernambucana e um dos heróis da
Restauração de Pernambuco.
NOTA:
Segundo José Antônio Gonçalves de Melo: A
insurreição de 1645 foi preparada por senhores de engenho, na sua maior parte,
devedores a flamengos ou judeus da cidade. Foi nitidamente um levante de
elementos rurais, no qual tomaram parte, negros escravos, lavradores, pequenos
proprietários de roças, contratadores de corte de pau-brasil, e outros.
Após a tomada do eng.
Casa Forte, Vieira voltou com seus homens ao seu engenho São João/Recife-Várzea
do Capibaribe, e de lá iniciou um sistema de estâncias militares, espécie
de fortificações onde pudessem estar seguros e guardar pólvora e munições de
guerra. Vieira participa da guerra contra os holandeses e, vence junto com sua
tropa, a Batalha das Tabocas em Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a
Batalha de Casa Forte/Recife, junto aos heróis: André Vidal de Negreiros,
Henrique Dias e Felipe Camarão, em 17/08/1645.
Com a Batalha dos
Guararapes, sob o comando do General Barreto de Meneses, em 19/04/1648 e
19/02/1649, os holandeses são finalmente vencidos e expulsos de Pernambuco e,
como recompensa pelos serviços prestados na guerra João Fernandes Vieira é
recompensado pelo Rei D. João IV com os cargos: de Governador da Paraíba
(1655/57), Capitão General do Reino de Angola (1658/61) e Superintendente das
Fortificações de Pernambuco e das Capitanias vizinhas, até o Ceará, (1661/81).
Depois do tratado de
paz entre Portugal e a Holanda (1661), Fernandes Vieira figurava em 2º lugar na
lista de devedores dos brasileiros à Companhia das Índias Ocidentais, com o
débito de 321.756 florins, cuja dívida nunca foi paga.
Já idoso Fernandes
Vieira encomenda ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre a sua vida, exaltando
seus feitos, a exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito sobre o conde
Maurício de Nassau, surgindo assim o Castrioto lusitano, no qual o
autor o compara ao príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg Castrioto, que
lutou intensamente contra os turcos e a Sérvia pela recuperação da Albânia, que
havia sido anexada à Turquia. Vieira falece, com 85 anos de idade, em
10/01/1681-Olinda, mas só em 1886 seus restos mortais foram descobertos na
capela-mor da igreja do Convento de Olinda. Em 1942, seus ossos foram
trasladados para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes
Guararapes, sendo depositados na parede da capela-mor, com uma inscrição
comemorativa.
Senhor
dos engenhos: Abiaí/Itamaracá;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas/Cabo de Santo Agostinho; Jacaré/Goiana;
Meio/Recife-Várzea; Molinote, ou Santa Luzia, depois Sacambu/Cabo de
Santo Agostinho; Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de
Guadalupe/Serinhaém; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos
Guararapes - Muribeca; Santo Antônio/Goiana; São João (antes Nossa
Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo
Agostinho. Na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos
Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Em 1664 o valor das contribuições dos escravos alforriados (pelas suas
várias modalidades) da finta paga pelos mestres, banqueiros e purgadores de
açúcar, era muito alta, fazenda dessas profissões uma categoria economicamente
importante, os quais às vezes se equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor
de contribuição a muitos lavradores de canaviais. Segundo documentação
encontrada no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis
avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava anualmente nas suas fazendas: Jaguaribem, Maranguape, Salinas e Forno de
Cal) o equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de
Pernambuco. Vol. LVI. Recife, 1981.
Em 1664 o valor das
contribuições dos escravos alforriados (pelas suas várias modalidades) da finta
paga pelos mestres, banqueiros e purgadores de açúcar, era muito alta, fazenda
dessas profissões uma categoria economicamente importante, os quais às vezes se
equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor de contribuição a muitos
lavradores de canaviais. Segundo documentação encontrada no Arquivo Histórico
Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava
anualmente nas suas fazendas: Jaguaribem, Maranguape, Salinas e Forno de Cal) o
equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925 Vol. 47. Anais de 1926
Vol. 48
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902 Vol. 24;
CALADO, Frei Manoel. O Valeroso
Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São Paulo, 1943, tomo I, p.
318 e tomo II, p. 12, 14
Diário de Pernambuco. Os Holandeses em
Pernambuco – Uma História de 24 anos. João Fernandes Vieira. Publicado em
22.09.2003.
Fontes para História do Brasil Holandês
– 1636, Willem Schott. A Economia Açucareira. Inventário feito pelo Conselheiro
Schott Cia. CEPE, MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória Local: Recife, 1981
Francisco Adolpho de Varnhagen, E. e H.
Laemmert, 1857. Historia geral do Brazil, Volume 2.
GASPAR, Lúcia. João Fernandes
Vieira. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de
Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
1ª edição. São Paulo, 2012.Pág. 57, 58, 74
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Restauradores
de Pernambuco: biografias de figuras do século XVII que defenderam e
consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes Vieira. Recife: Imprensa
Universitária, 1967. 2
PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais
Pernambucanos. 1795-1817. 2ª Edição. FUNDARPE. Gov. de Pernambuco. Recife,
1983. Vol. 2 - Pág. 111; Vol. 3 - Pág. 157, 232. Vol. 4 – Pág. 71
PEREIRA, Levy. "S. Iuão (engenho de
bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Iu%C3%A3o_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 3 de junho de 2015
Revista do Instituto Archeológico e
Geográphico de Pernambco. Vol. 1, Edições 1-12. Vol. LVI. Recife, 1981.
Revista do
Instituto Archeológico e Geográphico Pernambucano, Edições 20-27
SANTIAGO, Diogo Lopes, História da
Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de
Pernambuco, Recife, 1984, p. 258
Em
seu engenho São João, Fernandes Vieira tinha para o serviço religioso da igreja,
os melhores músicos que havia, formando uma capela composta de vários
instrumentos e diversos ternos de charamelas.
João
Fernandes Vieira ao tentar um novo plano para pagamento das obrigações
assumidas com a Companhia das Índias Ocidentais, alegou que entre seus débitos,
o de valor de 45.000 florins, era “por
conta de Jacques Hack e restante de seu débito pela compra de engenho de que o
mesmo Hack é devedor, em prestações a vencer nos 03 próximos anos”
O
engenho São João, antes Nossa Senhora do Rosário, foi citado nos seguintes
mapas coloniais: Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de
Itâmaracâ; PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 CAPITANIA DE
PHARNAMBOCQVE, plotado com o símbolo de engenho, sem nome, na m.d. do
'Capĩibarĩ' (Rio Cabibaribe), próximo ao engenho 'Ԑ:
St. Jeron'; IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA,
plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ. Hacq', na m.d. do
'Capĩibarĩ' (Rio Cabibaribe), próximo ao engenho 'Ԑ:
St. Jeroñ.'; PE (Orazi, 1698) PROVINCIA DI ITAMARACÁ, plotado como
engenho, 'S. Iuaõ', na m.d. do 'Capiibari' (Rio Capibaribe).
Em
08.09.1645, os principais chefes da Insurreição Pernambucana se reuniram no engenho
São João, onde ficou resolvido, depois de longa discussão, o cerco ao Recife
que estava ocupado pelos holandeses. Por
conta de João Fernandes Vieira, estabeleceu-se nas terras do engenho, a partir do
dito ano, o novo Governo dos Insurretos de Pernambuco, tendo ali funcionado a
Santa Casa de Misericórdia de Olinda, o Hospital Militar e o Senado da Câmara
de Olinda. Segundo F. A. Pereira da Costa, na Várzea “funcionou, enfim, toda a governança e o mecanismo
oficial da Capitania de Pernambuco; a povoação da Várzea foi, por assim dizer,
a sua capital durante o período da Guerra Holandesa, que se estendeu de 1645 a
1654”.
Após
a batalha do engenho Casa Forte os feridos foram levados para o eng.
Apipucos e para o São João da Várzea onde receberam todo o tratamento médico
possível. (Broeck, 1651), relatando eventos ocorridos em 17.08.1645,
relacionados a mesma batalha de Casa Forte, pg. 27-28: "Duzentas e quatro pessoas foram conduzidas
presas ao engenho Remeces (22) de João Fernandes Vieira, entre as quais o
tenente-coronel Hous, o comandante Listry, os capitães Wilt Scheut e Blaer,
três tenentes, dois alferes, três paisanos: os Srs. Jacob Dasine, Jacob
Vermeulen e eu. Todos nós, menos o Sr. tenente-coronel e seus oficiais mais
graduados, fomos encerrados e guardados na casa de purgar."
Após
o falecimento de João Fernandes Vieira o engenho passou a ser de propriedade de
sua viúva D. Maria Cesar.
Maria
César – Filha do
madeirense e senhor de engenho Francisco Berenguer de Andrade (senhor do eng. Giquiá/Recife)
e de Joana de Albuquerque. (s.g.)
Casamento 01: João
Fernandes Vieira em 1643. – Nascido em 29/06/1596-Funchal/Ilha da Madeira/PT e
faleceu em 1679. Filho do fidalgo Francisco de Ornelas Muniz
com Antônia Mendes. Embora fosse um dos mais importantes senhores de
engenho da Capitania, para ser incorporado à nobreza rural de Pernambuco, em
razão de sua suposta cor parda, de seu “defeito mecânico” (trabalhos manuais) e
de sua “falta de qualidade de origem”, teve que contrair matrimônio com uma
moça pertencente a uma das famílias mais importantes da Capitania.
Com o casamento
Fernandes Vieira que já era colaborador e conselheiro em assuntos brasileiros
do governo holandês se tornaria, também um dos homens mais importantes da
Capitania, com apoio da comunidade luso-brasileira através do seu
prestígio econômico e social, e de doações para igrejas, confrarias e pessoas
necessitadas.
Ao fim das guerras
flamengas, devido aos cabedais acumulados, , Vieira já figurava entre os
“principais” de Pernambuco, a despeito de sua suposta cor parda, seu “defeito
mecânico” e de sua “falta de qualidade de origem”.
Senhora
dos engenhos: Abiaí/Itamaracá;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas/Cabo de Santo Agostinho; Jacaré/Goiana;
Meio/Recife-Várzea; Molinote, ou Santa Luzia, depois Sacambu/Cabo de
Santo Agostinho; Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de
Guadalupe/Serinhaém; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos
Guararapes - Muribeca; Santo Antônio/Goiana; São João (antes Nossa
Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo
Agostinho. Na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos
Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Fontes:
(em
Fernandes Vieira)
http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16755/16755_3.PDF
http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Carlis_(engenho_de_bois)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Fernandes_Vieira
No ano de 1746, segundo Pereira da Costa, a Várzea do Capibaribe contava
com 11 engenho moenes, 04 de fogo morto, uma Companhia de Cavalaria com 72
praças e duas ordenanças com 151 praças, 2.998 habitantes, 482 fogos (casas ou famílias) e 18 capelas.
Bairro da Várzea - Recife |
Nessa época o engenho
São João pertencia ao português Manoel Clemente, século XVIII.
Manoel
Clemente –
Natural de Lisboa. Capitão-mor pago da Capitania de Itamaracá.
Casamento 01: D. Isabel de Almeida Catanho – Filha de
Joaquim de Almeida e de D. Luisa Catanho.
Filhos: 01- José Paulino Clemente – Cavaleiro da
Ordem de Cristo. Faleceu solteiro. (s.g.); 02- Manoel Clemente – Clérigo Presbítero; 03- Antônio Clemente de
Larraz – Tenente General da Ordenança. C.c. D. Clara Antônia Maria Correia, em
1760. Filha de Roque Antunes Correia (senhor do eng. Jiquiá/Jiquia-Recife e o
Bertioga/Ipojuca) e de D. Ignácia Rosa Thenório; 04- D. Lusia – Faleceu solteira, porque não quis casar após o falecimento
do seu noivo. (s.g.)
Senhor
do engenho São João da Várzea/Várzea-Recife
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925. Pág. 396, 398. Anais 1926
Vol 48 (1). Pág. 449
Em 1882, existia na Várzea do Capibaribe uma
povoação sempre ligada à agroindústria açucareira, em funcionamento os
engenhos: Borralho, Brum, Cova de Onça, Cumbe, Curado, do Meio, Poeta, Santo
Cosme, São Francisco, Santo Inácio, Santo Amarinho e São João que pertencia a Manuel
Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, senhor do engenho
São Cosme localizado também na Várzea.
Manuel Francisco de
Paula Cavalcanti de Albuquerque – Nasceu em 1804 e faleceu em 1894,
ambos em Pernambuco. Filho do Capitão-mor Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque e de Maria Rita de Albuquerque Melo. Irmão de Francisco de
Paula Cavalcanti de Albuquerque, visconde de Suassuna, de Antônio
Francisco de Paula Holanda Cavalcanti de Albuquerque, visconde de Albuquerque,
e de Pedro Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, visconde de
Camaragibe.
Formado em Matemática em Coimbra, em 1821. Político brasileiro.
Senhor de diversos engenhos em Pernambuco. Exerceu várias vezes o cargo
de Deputado Provincial por Pernambuco. Comendador da Ordem Militar de
Cristo. Primeiro e único Barão da Muribeca, Decreto de 14.07.1860.
Senhor dos engenhos
São Cosme e São João, ambos na Várzea-Recife
Fontes:
https://pt.wikisource.org/wiki/Archivo_nobiliarchico_brasileiro/Muribeca_(Bar%C3%A3o_de)
http://www.luizberto.com/esquina-leonardo-dantas-silva/atraves-de-sao-joao-da-Várzea
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Francisco_de_Paula_Cavalcanti
Na última década do século XIX, durante os governos
do Barão de Lucena e de seus sucessores, Correia da Silva e Barbosa Lima,
desenvolveu-se uma política de incentivo à agroindústria açucareira oferecendo
o Governo pernambucano empréstimo, que variava entre “100 e 900 contos de
réis”, para a implantação de usinas de açúcar; programa este que veio
beneficiar de início 26 empresários.
Postal do Bairro da Várzea - Recife, 1908 |
Segundo Manuel Correa de Andrade, “esses empréstimos
financiavam não só a implantação da fábrica como a aquisição de terras, a
formação de plantios, a construção de estradas de ferro ligando a usina às
ferrovias do estado ou aos portos de embarques do açúcar, ou mesmo às suas
áreas de plantação”.
Em torno de 1890, Francisco do Rego Barros de
Lacerda, senhor do engenho São Francisco da Várzea, comprou o engenho São
João e o Santo Cosme e Damião ao Dr. Manuel Francisco de Paula Cavalcanti de
Albuquerque, pois pretendia reunir as terras dos três engenhos para fundar um
engenho central (usina de pequeno porte).
Francisco do Rego
Barros de Lacerda – Nasceu em 02.08.1831/eng. Trapiche-Cabo de Santo
Agostinho. Sobrinho do Conde da Boa Vista, Francisco do Rego. Filho do Barão e
da Baronesa de Ipojuca João do Rego Barros e de D. Inácia Militana
Cavalcanti Rego de Lacerda.
Presidente da Intendência Municipal. 10° Presidente da Província nomeado
por carta Imperial de 16.10.1837. Governador de Pernambuco, 02.12.1837 a
12.05.1838, 30/10/18378 a 12.051838 (reassumiu o governo) e
03.11.1838 a 03.04.1841 (reassumiu o governo). Prefeito do Recife
(189). Formou-se na Faculdade de Direito em (1852), dedicando-se logo depois à
agricultura. Em 1859, com outros agricultores fundou o Imperial Instituto de
Agricultura, que não teve vida longa. Em 1874, melhorou a técnica de fabricação
de açucare modificou seu sistema industrial, tanto no engenho de propriedade do
Barão de Muribeca, como no engenho Mameluco, pertencente ao seu primo Antônio
Marques de Holanda Cavalcanti. Deputado Geral do Império. Senador Estadual.
Francisco do Rego Barros de Lacerda |
1878- Em 1878, implantou o sistema viário “Decauville” para fazer a
condução de canas em carros de tração animal. Deputado Geral do Império na
legislatura de 1882 a 1885. Vereador da Câmara Municipal do Recife, em
1886/1891, até o advento do regime republicano.Em 1892 foi eleito Senador
Estadual e com esse cargo terminou sua carreira política.
Casamento 01: D. Mariana do Rego Barros – Com fotografia na Col.
Francisco Rodrigues – FR 998
Senhor dos
engenhos: Guararapes/Muribeca-Jaboatão dos Guararapes; São João da Várzea
(Estabelecida uma Usina); São Cosme/Várzea-Recife; São Francisco/Várzea-Recife.
Proprietário da
Usina São João/Várzea-Recife
Fontes:
CARLI, Gileno
Dé. Açúcar no Brasil - Personalidades VIII – Francisco Rego Barros de Lacerda
Autoria – in História de uma Fotografia, Recife, 1985. Pág. 378 396 397
http://profbiuvicente.blogspot.com.br/2009/06/bairro-da-varzea.html
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=64351
http://www.luizberto.com/esquina-leonardo-dantas-silva/atraves-de-sao-joao-da-varzea
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_do_Rego_Barros_de_LacerdaFoz do Rio Capibaribe - Recife |
Para
facilitar a comunicação dos engenhos
São João e do São Francisco com os engenhos São Cosme e São João, que ficavam
localizados na margem esquerda e direita do rio Capibaribe, Francisco do Rego
Barros de Lacerda importa em 1897,
uma ponte de ferro, com 160 m. de
extensão, dividida em quatro vãos, e a instala sobre o Rio
Depois
da instalação e inauguração da Usina, começou a construir a casa-grande, ainda
hoje existente, toda de ferro e pedra, no alto de uma colina, com bela vista. “e construiu efetivamente a obra gigantesca e
mais confortável habitação do município do Recife”, diz Zeferino Galvão. A
casa tem uma área medindo 902,88 m2, com 34,2m de comprimento por 26.4 m de
largura. Existindo uma área interna, no fundo, entre duas alas com quartos, com
101,24m2, a área real construída em cada andar é de 801,63 m2. No andar térreo
há uma área adicional, construída, de 224.10 m2, constituída de cozinhas,
copas, lavanderia, sanitários e outras acomodações. Considerando toda área
construída, incluindo os terraços cobertos, a área total da casa é de 1.420,20
m2, com 47 colunas de ferro, e na parte interna 22 colunas do mesmo material. A
casa é circundada de uma parque-jardim,
projetado pelo paisagista Burle-Marx, que em 1937 criou, com o seu gênio, o
meio natural de amenizar o contraste daquela enorme e estranha casa, como que
transportada da Luiziana para as margens do velho Rio Capibaribe.
Em
1914 a Usina dispunha de 11 km de estrada de ferro, sete tanques para álcool e
uma produção de 70.000 toneladas de açúcar. Em matéria de capacidade
industrial, em 1921 a Usina São João esteve classificada em faixa de 9º lugar,
com capacidade de 200 toneladas de cana de esmagamento diário.
Em 1917 foi
inaugurada em suas terras uma olaria São João onde hoje se encontra a Cerâmica
Francisco Brennand, um dos artistas plásticos mais conceituados do Brasil.
Em 1929, com a morte do seu fundador, Francisco do
Rego Barros de Lacerda, a usina passa a ser dirigida por sua única irmã e
herdeira, D. Maria da Conceição do Rego Barros Lacerda, uma figura humana, bondosa, carinhosa, solteira e muito apegada ao seu
sobrinho e afilhado Ricardo Lacerda de Almeida Brennand.
Usina São João da Várzea |
Em 1933, a Usina apresenta uma produção de 37.853
sacas (60kg.) de açúcar. Em 1934, foi a propriedade transferida para o seu
administrador, Ricardo Lacerda de Almeida Brennand, a quem D. Maria da
Conceição do Rego Barros Lacerda transforma, por perfilhamento, em seu herdeiro
universal. A fim de dar continuidade aos trabalhos, Ricardo Lacerda de Almeida
Brennand traz para administração, anos mais tarde, o seu irmão e sócio na Usina
Santo Inácio, Antônio Luís de Almeida Brennand, criando assim o Grupo
Brennand.
Ricardo Lacerda de
Almeida Brennand – Nascido em 04.09.1897-Recife e falecido em
09.03.1982-Recife. Filho de Ricardo Monteiro Brennand e de Francisca de Paula
Cavalcanti de Albuquerque Lacerda de Almeida
Casamento 01: Olympia Padilha Nunes Coimbra – Nascida em
11.08.1903.
Filhos: 01- Antônio Luiz Coimbra Almeida Brennand – Nascido em
11.06.1926. C.c. Maria Pompéia Rodrigues Machado. (c.g.); 02- Francisco
de Paula de Almeida Brennand – Nascido em 11.06.1927. C.c. Débora de
Moura Vasconcelos. (c.g.); 03- Cornélio Coimbra de Almeida Brennand –
Nascido em 09.06.1928. C.c. Helena Carneiro da Cunha; 04- Jorge Eugênio
Coimbra de Almeida Brennad – Nascido em 01.08.1929. C.c. Maria
Cristina Berardo Loyo; 05- Tereza Maria de Jesus Coimbra de Almeida Brennand –
Nascida em 05.12.1931. C.c. Henri Jean Mieville; 06- Maria da Conceição
Coimbra de Almeida Brennand – Nascida em 14.04.1933. C.c. Murilo
Barros Costa Rêgo.
Fontes:
Fontes:
http://geneall.net/pt/nome/2156722/ricardo-lacerda-de-almeida-brennand/
Antonio Luís
Lacerda de Almeida Brennand – Nascido em 13.01.1901-Recife. Filho de Ricardo
Monteiro Brennand e de Francisca de Paula Cavalcanti de Albuquerque
Lacerda de Almeida
Casamento 01: Dulce Padilha Coimbra – Nascida em 06.05.1907.
Filhos: 01- Ricardo Coimbra de Almeida Brennand – Nascido em
27.05.1927. C.c. Graça Maria Dourado Monteiro. (c.g.); 02- Maria Dulce
Coimbra de Almeida Brennand - Nascida em 20.02.1930. (c.g.). C.c.
Luiz Carvalho Tavares da Silva; 03- Maria Tereza Coimbra de Almeida Brennand –
Nascida em 09.08.1931. C.c. Nilo de Souza Coelho. (c.g.); 04- Maria
Evangelina Coimbra de Almeida Brennand – Nascida em 27.02.1934. C.c.
José Antônio de Souza Leão. (c.g.).
Fontes:
Fontes:
http://geneall.net/pt/nome/2156727/antonio-luis-lacerda-de-almeida-brennand/
Em terras do
engenho São João, em 1917, foi fundada a Cerâmica São João, por Ricardo
Brennand. Desativada em 1945, foi reconstruída em 1971, pelo seu filho, o
artista plástico Francisco Brennand, que transformou o local em Oficina
Cerâmica.
A
Usina São João da Várzea continuou em atividade até o ano de 1943, quando veio
encerrar sua produção de açúcar e álcool, passando as suas terras destinadas a
outras atividades industriais. Naquela extensa área, antes ocupada secularmente
pelos canaviais dos primitivos engenhos e mais recentemente da primitiva usina,
foram construídas: cerâmicas, fábricas de azulejos, de porcelana, de vidros,
siderúrgica e outras unidades do Grupo Brennand, casas dos proprietários, vila
de operários, construída no final do século XIX.
Em
1990, o grupo Brennand vendeu as fábricas de cimento Atol, Paraíba
Portland, Cimepar e Goiás e com o consentimento dos
seus familiares, Ricardo Brennand, sobrinho anônimo, utilizou parte dos
recursos para fundar o Instituto Ricardo Brennand (IRB), uma sociedade sem fins
lucrativos, presidida pelo próprio empresário, situado na Alameda Antônio
Brennand, s/n, Várzea-Recife, um complexo todo edificado em estilo medieval
gótico, formado por três construções distintas – o castelo, a pinacoteca,
capela e a biblioteca. Contém, também, um auditório para 100 pessoas, com uma
área de 1.200 m2. O IRB, um empreendimento que representava o
seu grande sonho com a criação de um pólo turístico cultural local, nacional e
global de valor inestimável, foi inaugurado em 2002, em terras que no passado
pertenceram a João Fernandes Vieira. (VAINSENCHER,
Semira Adler. Instituto Ricardo
Brennand. Fundação Joaquim Nabuco,
Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/.
Acessado em: 01.07.2015).
Um comentário:
Muito orgulho de morar em uma região tão ica em história, e que possuem uma ligação tão direta com os invasores holandeses,portugal. É um verdadeiro mergulho em 4 séculos ricos de acontecimento. Obrigado aí site.
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