Nomes históricos: São Carlos (S. Carlis); do
Meio; de Carlos Francisco.
Engenho
situado na margem direita do Rio Capibaribe, freguesia da Várzea, jurisdição de
Olinda e capitania de Pernambuco. Com moenda movida a bois, com Igreja sob a
invocação de Nossa Senhora da Ajuda, pagando 02% de pensão ao Donatário.
Citado no mapa
PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'S.
Carlis', na várzea entre o 'Capiibari' (Rio Capibaribe) e o 'Tajiibipio' -
'Teubipí' (Rio Tejipió).
O primeiro
proprietário encontrado foi Álvaro Velho
Barreto que chegou a Pernambuco como sócio de parentes ricos de Vianna/PT,
como ele mesmo declarou a dois jesuítas que foram vê-lo em busca de donativos
para o Colégio de Olinda. Em Pernambuco c.c. a cristã-nova Luisa Nunes e
adquiriu o engenho do Meio, que ao falecer deixou à família.
Álvaro
Velho Barreto
Nascido em torno de 1546/ Viana
Foz de Lima, arcebispado de Braga /PT. Cristão-velho. Filho de Tristão
Velho e de Isabel Pais. Neto de Vasco Velho que era abade de muitas igrejas
pelo Rio Lima/PT acima, que teve um filho com Inês Nunes Barreto; e de João Vaz
da Cunha, abade de Anha e Daque, que teve sua mãe em uma mulher chamada Fulana Pais.
Álvaro Velho Barreto chegou a
Pernambuco como sócio de parentes ricos de Vianna/PT, como ele mesmo declarou a
dois jesuítas que foram vê-lo em busca de donativos para o Colégio de Olinda. Em
Pernambuco adquiriu dois engenhos de açúcar na Várzea do Capibaribe. Participou
da conquista da Paraíba como um dos comandantes da esquadra formada por 03 naus
mercantes e 02 bons caravelões ou zabras, que foram a pique na baía da Traição,
juntamente com Pero de Albuquerque, Lopo Soares, Thomé Rocha, Pero Lopes.
Capitão-mor da gente de cavalo de Pernambuco.
Fidalgo de geração e da
governança da Capitania de Pernambuco, confirmado por vários testemunhos
durante o processo que o Visitador lhe moveu por blasfêmia durante a primeira
visitação do Santo Ofício (Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processo
nº 8475). Álvaro foi preso em 19.11.1593 e teve como sentença: auto-da-fé
privado de 30/06/1595. Abjuração de leve, penitências espirituais, pagamento de
dez cruzados para despesas dos Santos Oficio, pagamento de custas.
Segundo João Peretti na Várzea do
Capibaribe ficava localizado os alegres engenhos de Bento Dias Santiago, de
Ambrósio Brandão e de Álvaro Velho Barreto, todos contribuindo para existência
de uma sociedade muito animada nas vizinhanças de Camaragibe.
Casamento 01: Luisa Nunes, cristã-nova. Filha de
Domingos Mendes Pereira e de Marcella de Araujo.
Filhos encontrados: (NI)
Senhor dos engenhos: do
Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea; (NI) /Recife-Várzea (1578).
Fontes:
http://pt.wikisource.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Brasil_%28Frei_Vicente_do_Salvador%29/IV/XIII
Anais
da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1885-1886, Vol 13 (1), Pág. 160.
Anais 1926, Vol 48 (2), Pág. 142, 148.
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=2308595
http://geneall.net/pt/nome/235587/joao-vaz-da-cunha-abade-de-anha-e-darque/
http://geneall.net/pt/nome/240613/vasco-velho-barreto/
http://sephardic-brazil.blogspot.com.br/2006/01/lista-dos-engenhos-nas-denunciaes.html
MELLO,
Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
Pág. 61
MELLO,
Evaldo Cabral dee. O nome e o sangue. Companhia de bolso. São Paulo, 2009. Pág.
64
PERETTI,
João. Camaragibe Terra das
Sinagogas, pp. 17-25, in Novos Ensaios, Recife: Imprensa Oficial, 1956.
Revista trimensal do Instituto Histórico,
Geográphico e e Etnográphico do Brazil. Volume 36. Instituto Histórico, Geográphico
e Etnográphico do Brazil (Rio de Janeiro). Pág. 66
Em 1609 o
engenho do Meio pertencia a viúva D. Luisa
Nunes e filhos. Em 1623 o engenho produziu 4.634 arrobas de açúcar.
Luísa
Nunes
Cristã-nova. Após o falecimento
de seu marido D. Luísa assumiu o engenho do Meio, juntamente com seus filhos.
Em 1625. D. Luisa e demais herdeiros impossibilitados de pagar seus credores e
vendeu a propriedade a Carlos Francisco Drago.
Casamento 01: Álvaro Velho Barreto (ver dados acima).
Filha de Domingos Mendes Pereira
e de Marcella de Araujo.
Senhora dos engenhos: do
Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea
Fontes:
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=2308595
Anais
da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1926 Vol 48 (2). Pág. 142, 148
MELLO,
Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras.
Pág. 61
MELLO,
Evaldo Cabral dee. O nome e o sangue. Companhia de bolso. São Paulo, 2009. Pág.
64
Em 1625, D.
Luiza e filhos declararam que estavam impossibilitados de pagarem aos seus
credores e venderam o engenho a Carlos
Francisco Drago, que faleceu antes da invasão holandesa ficando o engenho
nas mãos de seus herdeiros.
Carlos
Francisco Drago
Falecido em 1630. (nada mais foi
encontrado_
Senhor do engenho Moreno/Moreno; do
Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea
Fontes:
PEREIRA, Levy. "S. Carlis
(engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas
Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Carlis_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 2 de dezembro de 2014
Em 1637 o
engenho é confiscado pela Companhia das Índias Ocidentais e vendido a Jacob Stachouwer, alto funcionário do
governo holandês no Recife, pelo montante de 62.000 florins em 06 prestações
anuais a partir de 27.05.1637.
Jacob
Stachouwer (Estacour )
Judeu. Nasceu em 1596. Capitão da
Cavalaria holandesa. Segundo José Antônio Gonsalves de Mello, Jacob Stachhouwer
chegou ao Recife em 08/05/1634, atuando como Conselheiro Político e
acompanhando as operações militares de conquistas. Foi um dos principais homens
durante a invasão holandesa. Governador da Capitania, juntamente com: Servaes
Carpentier, Willen Schott, Bartazar Wyntgens e Ippo Eysens
(1634). Participou da tomada do Arraial do Bom Jesus/Recife e, através de
seu amigo Fernandes Vieira, conseguiu saber as pessoas ricas que estavam presas
e da soma que cada um poderia pagar, extorquindo valores (dinheiro e joias) dos
lusos brasileiros em troca de liberdade.
Stachouwer era um homem de
baixa moral, vendo que o status de senhor de engenho lhe traria mais prestígio
e dinheiro, pois "o açúcar prometia fortunas”, logo após a rendição do
Arraial do Bom Jesus (1635), começou a comprar alguns engenhos confiscados
através de empréstimo junto a Companhia das Índias e se apossar de outros. Mas,
como não tinha experiência contratou seu amigo João Fernandes Vieira como
feitor-mor de seus três primeiros engenhos: Santana/Jaboatão dos
Guararapes, Meio/Recife (adquirido em 27.05.1637, por 62.000 florins a
WIC, em 06 prestações anuais) e do Ilhetas/Sirinhaém (adquirido
em 06.05.1638, por 27.000 florins).
Nota: Jacob Stachower
morava no Recife em duas casas por ele edificadas, localizadas na Rua do Bom
Jesus, nº 62-64, antes Rua da Cruz. Essas casas passaram a pertencer a João
Fernandes Vieira durante a Insurreição Pernambucana, assim como quase todos os
seus bens “porque de muito lhe era credor”. Ainda hoje existem esses dois
sobrados, que constituíam um só prédio, onde existe uma laje de pedra mulatinha
(grés parto de Pernambuco), com 01m de altura sobre ½m de largura, onde se vê
insculpida em alto relevo uma figura vestida de túnica, empunhando um bastão na
mão direita, que dizem os historiadores que era do próprio Jacob, abaixo dela
uma inscrição em holandês, já bastante apagada pelo tempo: ‘Jacob bem id
genaemt’.
Senhor
dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de
França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão
dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho.
Fontes:
BORGES
DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
cvc.instituto-camoes.pt/.../2422-joao-fernandes-vieira-mestre-de-campo
OLIVEIRA, Márcio
Amêndola de. O trato dos escravos na América Colonial: da ‘mercadoria’
à condição ‘humana’ Universidade de São Paulo – FFLCH –
Curso De História. Disciplina: Brasil Colonial I – 1º Semestre Noturno (2007)
Os
Holandeses em Pernambuco - Uma história de 24 anos. O Senhor de Engenho. Publicado
no Diário de Pernambuco. Edição de Segunda-Feira, 22 de Setembro de 2003.
PEREIRA,
Levy. "N S. de Guadalupe (engenho de bois)". In: BiblioAtlas -
Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_S._
de_Guadalupe_(engenho_de_bois). Data de acesso: 11/11/2013
PEREIRA,
Levy. "S. Anna (engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas -
Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Anna
_(engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 11/11/2013
www.delanocarvalho.com/Pages/dholandes.aspx
O engenho do
Meio moía em 1637 e 1639, com três partidos de lavradores e o partido da
fazenda (50), além de alguns partidos livres, fazendo 6.750 arrobas de açúcar. Seus
lavradores eram: Allaert Holl (10 tarefas), Antônio Pereira (40 tarefas) e Hugo
Graswinckel (35 tarefas), que depois aparece como coproprietário de engenho Cunhaú/RN
(1640).
Em 1637 após a
partida de Stachower para a Holanda o engenho ficou sob os cuidados de seu amigo,
feitor e bastante Procurador João
Fernandes Vieira c.c. D. Maria César, juntamente com os engenhos: Santana e
Ilhetas, que também foram adquiridos a WIC.
João
Fernandes Vieira
Nasceu em 29/06/1596-Funchal/Ilha
da Madeira/PT, filho de Francisco de Ornelas Muniz e
de Antônia Mendes. Seu pai era bisneto de Tristão Vaz, o primeiro
donatário de Machico. Sua mãe era bisneta de Pedro Vieira, morgado da Ribeira
de Machico; entre os seus bisavós se conta António Fernandes, sesmeiro nas
Covas do Faial, no norte da ilha da Madeira.
Em 1606, imigrou para a Capitania
de Pernambuco, pois como não era o filho primogênito, herdeiro de todo o legado
dos pais, não tinha como se sustentar. Fernandes Vieira se viu obrigado a
emigrar para o “Além Mar”, para adquirir fortuna, como muitos jovens
portugueses. Assim que chegou a Pernambuco trocou o seu nome de Francisco de Ornelas
Moniz Júnior, para João Fernandes Vieira, um disfarce muito usado pela corrente
emigratória para o Brasil, que queriam esconder sua origem nobre, porque
trabalhariam em serviços braçais, uma desonra para a época.
Em Pernambuco trabalhou
primeiramente como ajudante de mascate, em troca de comida e morada. Auxiliar
do Mercador Afonso Rodrigues Serrão, que ao falecer o deixou como
único herdeiro do seu negócio e de algumas casas em Olinda. Durante a ocupação
holandesa (1630), se alistou como voluntário de guerra. Em 1634, participou da
resistência luso-brasileira no Forte de São Jorge.
Era Fernandes Vieira um homem de
aspecto melancólico, testa batida, feições pontudas, olhos grandes, mas
amortecidos, e de poucas falas, exceto quando se ocupava de si, pois desconhecia
a virtude da modéstia. Ativo, ambicioso e inteligente, durante o cerco ao
Arraial do Bom Jesus/Recife estabeleceu ligações estreitas com os holandeses, o
que lhe proporcionou ascensão econômica e social. Trabalhou como Feitor-mor do
judeu e Conselheiro Político da Companhia das Índias Ocidentais, Jacob
Satchhouwer, nos engenhos: Ilhetas ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora
de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes.
Nota: Em seu testamento Fernandes Vieira declarou sobre sua aproximação
com Satchhouwer: “Declaro que no tempo dos holandeses por remir minha
vexação e viver mais seguro entre eles, tive apertada amizade com Jacob
Estacour (Satchhouwer), homem principal da nação flamenga, com
diferença nos costumes, e com ele fiz negócios de conformidade e por conta de
ambos (...)
Com a partida de Satchhouwer e de
seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira, que era procurador bastante dos
dois sócios, passou a lucrar com a administração de todos os bens deixados e
dos fundos do seu amigo e benfeitor Stachouwer. Logo se apoderou dos engenhos:
Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa
Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e
Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho, assumindo os débitos
contraídos pelos dois sócios na compra das propriedades à Companhia das Índias
Ocidentais (débito que nunca foi pago). Se tornando depois um dos homens mais
ricos da Capitania, proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Cargos e funções:
Escabino de Olinda (1639); Escabino de Recife (07/1641 a 06/1642,
sendo conduzido ao cargo de 1642/43). Contratador de dízimos de açúcar da
Capitania de Pernambuco e de Itamaracá. Representante dos
luso-brasileiros da Várzea do Capibaribe na Assembleia convocada pelo Conde
Maurício de Nassau para assuntos do governo (1640). Mestre de Campo do Terço de
Infantaria de Pernambuco. Participou da defesa do Arraial do Bom Jesus/Recife
(1635), com apenas 22 anos.
Embora fosse um dos homens mais
importantes da Capitania, para ser incorporado à nobreza rural de Pernambuco,
em razão de sua suposta cor parda, de seu “defeito mecânico” (trabalhos
manuais) e de sua “falta de qualidade de origem”, teve que contrair matrimônio
para poder ascender na sociedade luso-brasileira.
NOTA: João Fernandes
Vieira levantou em Olinda a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, hoje
conhecida por Santa Thereza, onde antigamente funcionava o Colégio das Órfãs,
antes dos Órfãos.
Casamento 01(1643): D. Maria
César, filha do madeirense Francisco Berenguer de Andrade
(um dos principais líderes da Insurreição pernambucana e senhor do eng. Giquiá/Recife),
pessoa de boa estirpe perante o clã dos Albuquerque, e de Joana de Albuquerque.
Filhos encontrados: (s.g.)
Filhos fora do casamento:
01- Manuel Fernandes Vieira, sacerdote do hábito de São
Pedro com ações de algumas Mercês de seu Pai. Vigario de Itamaracá e senhor
do engenho Inhaman. Perfilhado nos livros de Sua Magestade.
Comendador de Santa Eugénia Alla, que vagou por falecimento de seu Pai João
Francisco;
02- D. María Joanna
filha natural de João Fernandes Vieira e de D. Cosma Soares.
C.c. Jerouymo Cesar de Mello Fidalgo da Casa Real, Cavalheiro da Ordem de
Cristo e Capitão-mor de Maranguape ; filho de Agostinho Cesar de Andrada (Gov.
do Rio Grande do Norte) e de D. Laura de Mello;
03- D. Joaurza Fernandes Cesar.
C.c. Gaspar Achi'oli de Vasconcellos, Fidalgo Cavalleiro da Casa Real, filho
de João Baptista Achioli e de sua mulher D. Maria de Mello.
Alcaide-mor da cidade da Paraíba do Norte, e senhor do eng.
Santo Andre;
04- Maria de Arruda,
falecida ainda criança.
Fernandes Vieira era um dos
maiores devedores da Companhia das Índias Ocidentais, com uma dívida estimada
em 219.854 florins, que nunca foi paga, pois alegou no seu Testamento que os
chefes holandeses "são devedores de mais de 100 mil cruzados (...) de
peitas e dádivas a todos os governadores (...) grandiosos banquetes que
ordinariamente lhes dava pelos trazer contentes".
Após a partida do Conde Maurício de
Nassau (1644) Vieira viu a intensificação da insatisfação do povo pernambucano,
influenciado pelo seu sogro e percebendo as vantagens econômica e social a
serem alcançada com a expulsão dos holandeses e da Companhia das Índias
Ocidentais passou para o lado dos Insurrectos pernambucanos.
Reúne-se com várias lideranças
rurais nas matas do engenho Santana, onde traçam os planos para
expulsar os holandeses do Brasil. Como contragolpe, lança a campanha de
Restauração de Pernambuco, servindo-se da mesma táctica manhosa dos inimigos e
passa a circular nos dois lados: holandeses e luso-brasileiros. Nessa mesma
época os holandeses o chamam para ser Agente de Negócios da Companhia e membro
do seu Conselho Supremo, ficando Vieira, conhecedor de todas as tramas e recursos.
João Fernandes Vieira escreve a
D. João IV pedindo-lhe licença para resgatar as Capitanias invadidas da mão dos
usurpadores, ao que o Monarca se opõe. Descobrindo os holandeses os seus
intentos, atraíram-no ao Recife, mas Vieira iludiu-os e pôs-se em campo,
levantando a bandeira da Insurreição Pernambucana – de fazenda em fazenda, de
engenho em engenho incentivando a revolução e declarando traidores os que não
seguissem a sua causa. O Conselho holandês põe a cabeça de Vieira em prêmio e
em resposta Fernandes Vieira põe preço a cabeça dos membros do Conselho e se
torna um dos líderes da chamada Insurreição Pernambucana e um dos heróis da
Restauração de Pernambuco.
NOTA: Segundo José
Antônio Gonçalves de Melo: A insurreição de 1645 foi
preparada por senhores de engenho, na sua maior parte, devedores a flamengos ou
judeus da cidade. Foi nitidamente um levante de elementos rurais, no qual
tomaram parte, negros escravos, lavradores, pequenos proprietários de roças,
contratadores de corte de pau-brasil, e outros.
Após a tomada do eng. Casa Forte,
Vieira voltou com seus homens ao seu engenho São João/Recife-Várzea do
Capibaribe, e de lá iniciou um sistema de estâncias militares, espécie de
fortificações onde pudessem estar seguros e guardar pólvora e munições de
guerra. Vieira participa da guerra contra os holandeses e, vence junto com sua
tropa, a Batalha das Tabocas em Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a
Batalha de Casa Forte/Recife, junto aos heróis: André Vidal de Negreiros,
Henrique Dias e Felipe Camarão, em 17/08/1645.
Com a Batalha dos Guararapes, sob
o comando do General Barreto de Meneses, em 19/04/1648 e 19/02/1649, os
holandeses são finalmente vencidos e expulsos de Pernambuco e, como recompensa
pelos serviços prestados na guerra João Fernandes Vieira é recompensado pelo
Rei D. João IV com os cargos: de Governador da Paraíba (1655/57), Capitão
General do Reino de Angola (1658/61) e Superintendente das Fortificações de
Pernambuco e das Capitanias vizinhas, até o Ceará, (1661/81).
Depois do tratado de paz entre
Portugal e a Holanda (1661), Fernandes Vieira figurava em 2º lugar na lista de
devedores dos brasileiros à Companhia das Índias Ocidentais, com o débito de
321.756 florins, cuja dívida nunca foi paga.
Já idoso Fernandes Vieira
encomenda ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre a sua vida, exaltando seus
feitos, a exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito sobre o conde Maurício de
Nassau, surgindo assim o Castrioto lusitano, no qual o autor o
compara ao príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg Castrioto, que lutou
intensamente contra os turcos e a Sérvia pela recuperação da Albânia, que havia
sido anexada à Turquia. Vieira falece, com 85 anos de idade, em
10/01/1681-Olinda, mas só em 1886 seus restos mortais foram descobertos na
capela-mor da igreja do Convento de Olinda. Em 1942, seus ossos foram
trasladados para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes
Guararapes, sendo depositados na parede da capela-mor, com uma inscrição
comemorativa.
Senhor dos engenhos: Abiaí/Itamaracá; do Meio/Recife-Várzea;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas, Nossa Senhora de França, ou Nossa
Senhora de Guadalupe/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote, ou Santa Luzia, depois
Sacambu/Cabo de Santo Agostinho; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão
dos Guararapes - Muribeca; Santo
Antônio/Goiana; São João (antes Nossa Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho
ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho. Na Paraíba:
Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São
Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Em
1664 o valor das contribuições dos escravos alforriados (pelas suas várias
modalidades) da finta paga pelos mestres, banqueiros e purgadores de açúcar,
era muito alta, fazenda dessas profissões uma categoria economicamente
importante, os quais às vezes se equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor
de contribuição a muitos lavradores de canaviais. Segundo documentação
encontrada no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis
avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava anualmente nas suas fazendas: Jaguaribem,
Maranguape, Salinas e Forno de Cal) o equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Revista
do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Vol. LVI.
Recife, 1981.
Em 1664 o valor das contribuições
dos escravos alforriados (pelas suas várias modalidades) da finta paga pelos
mestres, banqueiros e purgadores de açúcar, era muito alta, fazenda dessas
profissões uma categoria economicamente importante, os quais às vezes se
equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor de contribuição a muitos
lavradores de canaviais. Segundo documentação encontrada no Arquivo Histórico
Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava anualmente
nas suas fazendas: Jaguaribem, Maranguape, Salinas e Forno de Cal) o
equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José
Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902 Vol. 24; 1925 Vol. 47; 1926
Vol. 48
CALADO, Frei Manoel. O
Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São Paulo, 1943,
tomo I, p. 318 e tomo II, p. 12, 14
Diário de Pernambuco. Os
Holandeses em Pernambuco – Uma História de 24 anos. João Fernandes Vieira.
Publicado em 22.09.2003.
Fontes para História do Brasil
Holandês – 1636, Willem Schott. A Economia Açucareira. Inventário feito pelo
Conselheiro Schott Cia. CEPE, MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória Local: Recife,
1981
Francisco Adolpho de Varnhagen,
E. e H. Laemmert, 1857. Historia geral do Brazil, Volume 2.
GASPAR, Lúcia. João
Fernandes Vieira. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim
Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br
MELLO, José Antônio Gonsalves
de. Restauradores de Pernambuco: biografias de figuras do
século XVII que defenderam e consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes
Vieira. Recife: Imprensa Universitária, 1967. 2
Revista do Instituto
Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Vol. LVI. Recife, 1981.
Revista do Instituto Archeológico
e Geográphico de Pernambco. Volume 1, Edições 1-12
SANTIAGO, Diogo Lopes,
História da Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico
de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258
Com a partida
de Stachouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira, que era
procurador bastante dos dois holandeses, passou a lucrar com a administração de
todos os bens deixados e dos fundos do seu amigo e benfeitor Stachouwer. Logo
se apoderou dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa
Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife,
Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo
Agostinho, assumindo os débitos contraídos pelos dois sócios na compra das
propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que nunca foi pago). Se
tornando depois um dos homens mais ricos da Capitania, proprietário de 16
engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Em 1642, Vieira
declarou devedor de 541.610 florins em função da arrematação de contratos de
cobrança de impostos e da compra de três engenhos, Vieira conseguiu reescalonar
a dívida ao longo de três safras seguintes, oferecendo a garantia de seus bens.
Àquela altura Stachouwer devia à WIC uma parcela de 56.999 florins conjunta com
Nicolaas de Ridder; e outra parcela de 88.612 florins.
Após a
Restauração Pernambucana Fernandes Vieira comprou o engenho do Meio aos
herdeiros de Carlos Francisco Drago, que residiam em Castela.
NOTA: Em 1663, os herdeiros de Stachouwer
deviam integralmente à WIC o montante do engenho; e Fernandes Vieira, segundo
maior devedor da Companhia, a soma de 321.756 florins.
Em 1686, o
engenho do Meio pertencia a D. Maria
César, viúva de João Fernandes Vieira.
D. Maria César.
Filha do madeirense Francisco
Berenguer de Andrade (um dos principais líderes da Insurreição pernambucana e
senhor do eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa estirpe perante o clã
dos Albuquerque, e de Joana de Albuquerque.
Casamento 01: João Fernandes
Vieira (dados acima)
Filhos encontrados: (s.g.)
Senhora dos engenhos: Abiaí/Itamaracá; do Meio/Recife-Várzea;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas, Nossa Senhora de França, ou Nossa
Senhora de Guadalupe/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote, ou Santa Luzia, depois
Sacambu/Cabo de Santo Agostinho; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão
dos Guararapes - Muribeca; Santo
Antônio/Goiana; São João (antes Nossa Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho
ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho. Na Paraíba:
Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São
Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Fontes:
Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (2). Pág. 464. Anais 1926 Vol 48 (7).
Pág. 224.
No fim do
século XVII ou no começo do XVIII o engenho pertencia a João Carneiro da Cunha.
João
Carneiro da Cunha
Filho de Manoel Carneiro de Mariz
e de D. Anna Carneiro de Mesquita (sobrinha pelo lado de sua mãe de seu
marido). Neto paterno de João Carneiro de Mariz. Neto materno de Paulo Carvalho
de Mesquita e de D. Úrsula Carneiro de Matiz. Irmão de Manuel Carneiro da Cunha
que foi senhor do engenho Brum Brum/Recife. Vereador de Olinda (1657). Juiz
Ordinário (1688 e 1702). Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Olinda
(1704).
Casamento 01: D. Anna de Mesquita, sua prima, filha de
Paulo de Carvalho de Mesquita e de D. Úrsula Carneiro.
Filhos encontrados:
01- Pedro da Cunha de Andrade, falecido criança;
02- Manoel Carneiro da Cunha a quem seu pai mandou para a Índia por
querer se casar contra a sua vontade. Capitão de Infantaria;
03- José Carneiro da Cunha, sucessor no engenho do Meio. C.c. D. Cosma da Cunha, filha de Manoel
Carneiro da Cunha e de D Sebastiana de Carvalho. (c.g.)
04- Paulo Carneiro da Cunha, falecido solteiro e sem deixar geração;
05- Pedro da Cunha de Andrada, Clérigo Presbítero;
06- Antônio Carneiro da Cunha, Jesuíta. Depois abandonou a Ordem.
Faleceu solteiro e s.g.
07- D. Joanna Carneiro primeira esposa de Francisco de Moura Rolim – Fidalgo da Casa Real, Mestre de Campo de
Auxiliares. Filho de Felipe de Moura (Fidalgo Cavaleiro da Casa Real,
Comendador de São Miguel da Ribeira Oto na Ordem de Cristo e Alcaide-mor de
Olinda) e de D. Margarida Accioly. (s.g.)
08- D. Anna Carneiro de Mesquita segunda esposa de João Baptista Accioly de Moura – Fidalgo Cavaleiro da Casa Real e
Alcaide-mor de Olinda. Irmão de Felipe de Moura Rodlim casado com sua cunhada.
(c.g.);
09- D. Úrsula Carneiro c.c. Manoel Garcia de Moura Rolim, em 1701. Fidalgo
Cavaleiro da Casa Real (1677). Senhor do eng. do Salgado/Ipojuca. Nascido em
1677. Filho de Antônio de Moura Rolim (Fidalgo da Casa Real) e de D. Mécia de
Moura. (s.g.);
10- D. Cosma da Cunha. Falecida solteira e s.g.
Senhor do eng. do
Meio/Recife-Várzea
Fontes:
http://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/viewFile/14/8
http://www.arquivojudaicope.org.br/museu_virtual_autores_detalhe.php?id=6
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364351603_ARQUIVO_DOC.pdf
Anais da Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (7). Pág. 199, 429, 476
Após
o falecimento de João Carneiro da Cunha o engenho passou a pertencer ao seu
filho: José Carneiro da Cunha.
José
Carneiro da Cunha
Filho de João Carneiro da Cunha
(senhor do eng. do Meio/Recife-Várzea) no engenho do Meio.
Casamento 01: D. Cosma da Cunha, filha de Manoel
Carneiro da Cunha e de D Sebastiana de Carvalho. (c.g.)
Filhos encontrados:
01- José Manoel Carneiro da Cunha – Por muitos anos foi julgado na
Relação do Porto o Morgado de São Roque e Horta Grande da Vila do Conde, pela
clausula da sua instituição exclusiva de fêmeas em que havia recaído. Solteiro
e com pouca saúde;
02- D. Anna Carneiro da Cunha, solteira;
03- D. Úrsula Carneiro Maris, soleira;
04- D. Antônia da Cunha c.c. Jacinto
de Freitas da Silva (casou depois com (NI) mas sem geração) – Batizado em
16.03.1680/Sé de Olinda. falecido em 24.12.1757. Fidalgo Cavaleiro da Casa
Real. Tenente Coronel de um dos três Regimentos de Auxiliares de Pernambuco,
chamado de Volante e que foi extinto em 1739 por conta da criação Real dos
Terços com Mestres de Campo. Vereador de Olinda (1715, 1729 e 1744).
Provedor da Santa Casa da Misericórdia
(1732). Sucessor de seu irmão mais velho no senhorio do eng. Casa
Forte/Recife-Casa Forte. (c.g.
04- D.
Isabel Bernarda de Freitas da Silva
c.c. Antônio da Silva Santiago –
Estudou em Coimbra. Filho de
Senhor do eng. do
Meio/Recife-Várzea
Fontes:
Anais da Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (7). Pág. 199
Anais da Biblioteca Nacional do
Rio de Janeiro. Anais 1926 Vol 48 (8). Pág. 173, 174
Hoje suas terras
foram reocupadas pelo bairro do Engenho
do Meio com uma área de 90,8 ha, que surgiu de uma povoação que se formou
em torno do antigo engenho, e que integra a 4ª região político-administrativa
do Recife, fazendo limites com os bairros de Torrões, Cordeiro, Iputinga, Cidade
Universitária e Curado. Possui 02 praças: a Praça do Bom Pastor e a
Praça do Engenho do Meio. O principal logradouro do bairro é a Rua Antonio
Curado
No local onde existiu a casa grande
do engenho há uma estátua de João Fernandes Vieira, que, segundo a sua placa
alusiva, foi um de seus proprietários.
Fontes:
Acioli, Vera Lúcia Costa. Disponível em: http://www.arquivojudaicope.org.br/museu_virtual_autores_detalhe.php?id=6
Fernando Pio, "Cinco Documentos
para a História dos Engenhos em Pernambuco".
http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_S._%C4%91_Candas_%28Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_do_Meio
http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1089:engenho-do-meio&catid=57&Itemid=176
Mello, Evaldo Cabral de. O Bagaço da
Cana. 1ª edição. Edt. Penguin Classics Companhia das Letras. São Paulo, 2012.
Pág. 61, 62.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana: os engenhos de açúcar do
Brasil. 1ª edição. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012.
Pág. 61-62
MELLO, José Antônio Gonçalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a
História do Brasil Holandês. 2ª edição. CEPE, 20004. Pág. 152
PEREIRA, Levy. "S. Carlis (engenho
de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da
América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Carlis_(engenho_de_bois).
Data de acesso: 13 de dezembro de 2014.
Revista do Museu do
Açúcar. Vol. 2. Recife, 1969. pp. 26-31.
Um comentário:
Bom dia, Maria de Lourdes. Você sabe se existe alguma imagem histórica (foto, mapa, etc.) do Engenho do Meio? Se sim, poderia entrar em contato comigo pelo e-mail fariasg@outlook.com? Estou desenvolvendo uma pesquisa sobre esse engenho e seria de grande ajuda se houvesse algo visual para mostrar.
Grato desde já.
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