Jaguaré, Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca
O distrito de Serinhaém se estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype (Maracaípe), e está perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertencia uma parte da freguesia de Ipojuca, desde os currais de Marcaype, compreendendo os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos.
O engenho Jaguaré (Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca) foi fundado por Jerônimo de Atayde. Segundo o
inventário feito
pelo Conselheiro Schott o engenho ficava localizado na região
do Rio Jagoaré, ao Sul do Rio da Jangada até o Rio Una, tinha cerca de uma
milha de terra com poucas várzeas e muitos montes. Sua moenda era movida com
água e podia produzir anualmente 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar, pagando de
imposto 02 arrobas por mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram
feitas de taipa, mas os holandeses as encontraram arruinadas e nelas nada foi
encontrado para a Companhia das Índias Ocidentais holandesas. O engenho foi
abandonado e depois confiscado pela Companhia, mas ainda não vendido, pois estava
arruinado e de fogo morto. Nota: Dos 18 engenhos de Serinhaém, 11 não moeram e 07 foram confiscados, durante a ocupação holandesa.
Ruínas da casa grande do eng. Jaguaré |
Curiosidades: O engenho Camela deu nome a povoação de Camela
– situada a 27 km de Ipojuca, que possui uma capela dedicada a Nossa Senhora da
Conceição
Das edificações existentes no engenho só restam a roda d'água, a capela e a casa grande que foi construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo de formato retangular,
assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso de tijolo e cimento com
dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é alpendrada. Tendo os beirais
superiores em madeira alpendrada. A lateral fica ao rés do chão e possui cinco
arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos escravos domésticos. A capela
tem na frente uma escadaria, planta quadrangular, bastante singela, possuindo
um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em estado regular de
conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas. Situa-se às margens
da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte. Pode-se avistar um
capoeirão de mata e o canavial.
Curiosidades:
Segundo Adriaen van Bullestrate em “Notas do que se passou na minha viagem,
desde 1641/1642, quando foi encarregado por um Alto e Secreto Conselho de
visitar “as regiões do sul desta conquista”, escreve em 29/12/1641: “Em Serinhaém está vago o engenho de ... [não
indica] que pertenceu à viúva de Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda
está vago o engenho Araquara, do qual era proprietário Vicente Campelo, que se
retirou. Deste e do outro, deve-se dispor oportunamente para venda”.
O que resta hoje das ruínas da casa grande do engenho. |
Proprietários
Encontrados
Jerônimo de
Atayde
de Albuquerque – Filho de Gaspar Dias de Athayde, que viveu em
Olinda (1580) e de D. Brites de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque e
a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde. Jerônimo de Atayde já era falecido em 1635.
Seu engenho, durante a invasão holandesa era administrado pela sua viúva D.
Catharina. Segundo Pereira da Costa não confundir Jerônimo de Ataíde com D.
Jerônimo de Ataíde, Conde de Athonguia, Governador e Capitão General do Estado
do Brasil, ou seja, o Governador Geral (1654-1657).
Curiosidades:
“Em Serinhaem está vago o engenho de... [não indica] que pertenceu à viúva de
Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda está vago o eng. Araquara, do
qual era proprietário Vicente Campelo, que se retirou. Deste e do outro,
deve-se dispor oportunamente para venda”. (José Antônio Gonçalves de Mello,
Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife,
2004, pg.)
Casamento
01: Catharina Camella.
Filhos: Gaspar de Albuquerque casado na
Bahia com Joana de Vasconcelos de Albuquerque, c.g.
Senhor dos engenhos: Jaguaré ou
Camela/Serinhaem; Jaserú, Nossa Senhora da Palma/Serinhaem.
Fontes consultadas:
Fontes consultadas:
Borges da
Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.
Anais 1903 Vol 25
PEREIRA, Levy. "Iaguâré
(engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital
da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho).
Data de acesso: 9 de novembro de 2013.Capela do engenho Jaguré |
Após
o falecimento de Jerônimo de Ataíde o engenho passou a ser administrado por sua
viúva D. Catharina Camella.
Catharina Camella – Depois que seu marido Jerônimo
de Atayde de Albuquerque faleceu (1635) ficou administrando seus engenhos. Durante
o êxodo dos senhores de engenho de Pernambuco, em 1635, fugiu com seu filho e a
sua sobrinha D. Catarina (viúva de Pedro de Albuquerque), D. Catarina Barreto
(viúva de D. Luiz de Sousa), D. Madalena (viúva de Felipe de Albuquerque) e
mais cerca de 8.000 pessoas, que deixaram para trás suas propriedades expostas
a cobiça e estrago dos holandeses.
Filhos: Antônio de Ataíde c.c. Maria
Josefa de Albuquerque; Gaspar de Albuquerque casado na Bahia com Joana de Vasconcelos
de Albuquerque, c.g.
Curiosidades: Reza a lenda que moradores do lugar encontraram uma
imagem de Santo Antônio na cachoeira do Engenho São Pedro. A imagem mede
aproximadamente, 40 cm, evidenciando o Menino Jesus no braço de Santo Antônio,
que é atualmente guardada como relíquia. D. Catarina Camella, dona do Engenho
Camelinha, ainda hoje existente, mandou construir um nicho para guardar sua
imagem. Sempre ao amanhecer, D. Catarina fazia suas orações para o Santo e, por
diversas vezes, a imagem não mais estava lá no nicho, saiam para procurar a
imagem e a encontravam de volta a cachoeira onde foi encontrado por diversos
moradores.
Um dia, D.
Catarina fez uma promessa ao Santo: se ele ficasse no nicho, ela iria chamar a
população para construir uma igreja para ele em um lugar de destaque no engenho
Camela. Quando ela chegou ao nicho na manhã seguinte, lá estava a imagem de
Santo Antônio. Exercendo influência moral e espiritual perante a comunidade,
sendo extremamente fervorosa e muito ligada à Igreja, chamou as pessoas para
construírem a capela de santo Antônio de Camela com as pedras da própria
cachoeira. Os povoadores do lugar começaram a carregar as pedras na cabeça para
edificar a Capela e assim cumprir a promessa feita pela devota Catarina de Camella:
poporcionar aos devotos um local ideal para devoção dos fiéis.
Fontes consultadas:
Borges da
Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.
Anais 1903 Vol 25
PEREIRA, Levy. "Iaguâré
(engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital
da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho).
Data de acesso: 9 de novembro de 2013.
O engenho depois aparece como sendo de propriedade de seu filho
Antônio de Ataíde de Albuquerque.
Antônio de Ataíde de Albuquerque – Filho de Jerônimo de Ataíde de Albuquerque e de D. Catharina Camella. Serviu
com muita honra nas guerra da capitania de Pernambuco. Soldado. Alferes. Seguindo
o exemplo dos familiares dos senhores de engenho confiscados pela Companhia das
Índias Ocidentais que, havendo seguido a carreira militar, regressaram a
Pernambuco como oficiais do exército restaurador. Participou da defesa de
Serinhaém nas quatro batalhas navais e nas duas do Monte Guararapes, onde foi
ferido. Pelo serviço prestado o Rei D. João IV lhe doou a propriedade do Ofício
de Juiz de Órfão da vila Formosa de Serinhaém, por provisão de 28/05/1656 (fl.
139 do livro 1º da Secretaria do Governo).
Casamento 01: Maria
Josefa de Albuquerque, parentes, filha de Luiz de Albuquerque de Mello
e D. Simoa de Albuquerque.
Filhos: Antônio de Ataíde de Albuquerque
Fontes Consultadas:
MELLO,
Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Pág.
340. Edt. 34. 3ª edição. São Paulo, 2007.
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia
Pernambucana.
Sebastião
Galvão (1908) escreveu que o povoado de Camela possuía uma capela dedicada a Nossa
Senhora da Conceição. Hoje em Camela só
existe a igreja de Santo Antônio, o
único templo católico de Camela, onde em sua fachada existem duas datas: 1907
-1968. A primeira data deve ser de uma restauração; a segunda, conforme os
paroquianos foi a de uma ampliação promovida pelo Prefeito de Ipojuca. Em 2008,
o Vigário Frei Carlos Alberto, realizou melhoramentos, deixando a Capela mais
alegre e espaçosa (foram gastos na reforma cerca de R$7.000,00 (sete mil
reais).
Roda d'água do engenho Jaguaré |
O engenho
atualmente possui uma casa grande, roda d'água e capela que fazem parte do inventário
do patrimônio cultural Região de Desenvolvimento da Mata Sul, Serinhaém.. A
casa grande foi provável construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo
de formato retangular, assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso
de tijolo e cimento com dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é
alpendrada. Tendo os beirais superiores em madeira alpendrada. A lateral fica
ao rés do chão e possui cinco arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos
escravos domésticos. A capela tem na frente uma escadaria, planta quadrangular,
bastante singela, possuindo um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em
estado regular de conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas.
Situa-se às margens da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte.
Pode-se avistar um capoeirão de mata e o canavial.
Em 1917 foi fundada a Usina Jaguaré/Sirinhaém,
no engenho do mesmo nome. Pertencia ao senhor Oscar Cardoso da Fonte, seu
fundador. Não possuía estrada de ferro, sendo o transporte da cana e lenha
feito por animais e caminhões. O açúcar e o álcool eram transportados para o
Recife por via marítima, em barcaças. Sobreviveu em mãos do senhor Oscar Cardoso da Fonte durante 26 anos.
Depois de vendida ao senhor Diniz Perilo,
permaneceu por mais cinco anos, sendo absorvida (1948/49) posteriormente pela Usina Trapiche da firma M. Lima Etc.,
Companhia, em 1950, com uma produtividade de 5.459 sacos de açúcar.
Hoje as terras do engenho pertencem a
Usina Salgado, para se chegar ao engenho pega a Pe-064 e logo na beira da
rodovia avistamos a capela e as ruínas da casa-grande, da qual só resta a parte
de baixo da residência, onde ficava a senzala.
Fontes
consultadas:
Fotos tirada do blog: thiagopovo.blogspot.com
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia
Pernambucana.
COSTA, Francisco Augusto Pereira da, Anais
Pernambucanos, Vol. 3, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife. 1983, p. 81.
GALVÃO,
Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histótico e Estatístico de
Pernambuco, Volume I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco – CEPE, Recife, 2006,
pg. 145
Gonsalves de Mello, José Antônio. 1985, pg. 193
Gonsalves de MELLO, José
Antônio. A Economia Açucareira, I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE,
Recife, 2004, p. 69
Gonsalves de MELLO, José
Antônio. Administração da Conquista ,II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco,
CEPE, Recife, 2004, pg. 157).
Panorama
Cultural, 2005. fundarpe - Diretoria
de Preservação Cultural. Governo do Estado de Pernambuco.
Pereira da Costa, Anais Pernambucanos, Vol. I, 2ª
Edição, Governo de Pernambuco, Recife, 1983, p. 214)
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