Distrito de Serinhaém: O distrito de Serinhaém se estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype, e está perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertencia uma parte da freguesia de Ipojuca, desde os currais de Marcaype, compreendendo os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos. Dos 18 engenhos de Serinhaém, 11 não moerão e 07 foram confiscado, durante a ocupação holandesa.
O engenho Cocaupe, depois Cucau era movido à
água e possuía uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Penha de França. Suas
terras ficam localizadas na margem direita do Córrego Lava Mão ou Rio Dois
Braços, a três milhas em direção às matas, ao oeste do engenho Camaragibe; sob
a jurisdição da Vila Formosa de Serinhaém. Tinha cerca de uma milha de terra, da qual a maior parte eram
matas. As várzeas estavam plantadas com canas e podia produzir 3.000 a 4.000
arrobas de açúcar, pagando duas arrobas de branco por milhar, depois de
dizimado; sua moenda era movida com água de um açude razoável, mas muitas vezes
faltava água de modo que o engenho não pode moer. No inverno dificilmente os
açúcares podiam ser transportados, porque as estradas ficam intransitáveis; pagando
de recognição 02 arrobas em cada mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras
eram de taipa.
Nomes históricos: Macucaguĩ (Macucagui); Cocaú (Cocaupe, Coucaupe); Nossa Senhora da Penha de França. Nome atual: Usina Cucaú Rio Formoso.
Engenho Brasil colonial |
Nomes históricos: Macucaguĩ (Macucagui); Cocaú (Cocaupe, Coucaupe); Nossa Senhora da Penha de França. Nome atual: Usina Cucaú Rio Formoso.
Seu proprietário
durante a invasão holandesa era D. Francisco de Moura, que
residia em Portugal ou nas Índias, a serviço do rei da Espanha. O engenho foi
queimado e ficou destruído, estava abandonado e sem moradores.
Francisco de Moura (Dom) – Filho de Francisco de Moura e de D. Genebra de Albuquerque. Neto
materno de Felipe Cavalcante e de D. Catarina de Albuquerque. Bisneto materno
de Jerônimo de Albuquerque, o Torto, e de D. Maria Arcoverde. Governador de
Pernambuco (1603/1615). Capitão-mor. Viajou para a Europa onde foi servir ao
Reis em Flandres e na Índia, ocupando vários postos relevantes. Governador de
Cabo Verde.
Escreve Evaldo Cabral de Mello (Olinda Restaurada,
pag. 333): D. Francisco foi a verdadeira eminência parda da armada do Conde da
Torre, de ordem do monarca espanhol: devido à experiência militar e
conhecimento da terra, o Conde deveria consulta-lo nas grandes decisões,
ajustando-se a seu parecer e cultivando-pessoalmente. O Conde dobrou-se às ordens, que tinham a
vantagem de lhe permitir responsabilidades pelo eventual insucesso da armada.
Já por ocasião do Conselho de Guerra levado a efeito em Cabo Verde, ele invocou
sua experiência militar exclusivamente norte-africanas para transferir a D.
Francisco a decisão sobre se deveria atacar Pernambuco diretamente, como
previsto, ou navegar para a Bahia. Ao rumar contra o Brasil holandês, o Conde
reivindicou todo o mérito da empresa, escrevendo ao Duque de Vila Hermosa: “porque D. Francisco de Moura, que o Senhor
Conde-Duque me deu por companheiro, não tem talento nem ação de homem mais que
só aquela aparência.... e como cá na (Bahia) deu com suas irmãs e tia”, refugiadas pernambucanas, “não tratou mais que de as visitar e
regalar, fazendo novenas em sua casa e erguendo-se ao meio dia”. Após o fiasco da expedição, o Conde confessará
haver temido “mais as malícias e cautelas de D. Francisco de moura e do Conde
de Óbidos que aos holandeses com quem pelejei”.
Participou do primeiro socorro a restauração da
Bahia (1624), acompanhado por seu sobrinho Felipe de Moura e Albuquerque.
Governador da Bahia (1624/26), comandando 03 caravelas, das quais ele
capitaneava a sua, e as outras duas: Jerônimo Serrão e Francisco Pereira
Vargas, aos quais se juntaram em Pernambuco ao Capitão-mor do Para, Manoel de
Sousa de Sá, Feliciano Coelho de Carvalho, filho do Governador do Maranhão, e o
Governador Matias de Albuquerque que lhes deu 06 caravelas, aonde se meteu todo
o socorro, e 80.000 cruzados para provimento. Recebeu 04 comendas. Senhor da
Ilha Graciosa e do Conselho do Estado. Faleceu solteiro sem sucessão, em 1664.
Casamento 01: Maria de Albuquerque, filha
única de Duarte de Sá.
Filhos: Luís de Moura, sem sucessão; João de Albuquerque, sem sucessão; Alexandre de Moura e Albuquerque, sem sucessão; Felipa de Sá, religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa; Maria de Albuquerque, religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa; e (?), religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa
Nota: Seus três filhos seguiram a carreira
militar e o celibato. Um deles faleceu com o pai no célebre naufrágio da armada
de D. Manuel de Menezes (1627) no litoral da Galiza; outro, no desastre da nau
capitania de Tristão de Mendonça Furtado (1644) em Cascais; e o terceiro,
Alexandre de Moura, escapou do fado trágico-marítimo dos parentes, participando
da guerra contra a Espanha e o Alentejo e contra os holandeses em Pernambuco, e
governando a Ilha da Madeira.
Senhor do engenho Cocaupe, depois Cucau/Serinhaém
Fontes consultadas:
Borges
da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.
MELLO,
Evaldo Cabral de. O Nome e o Sangue. Uma parábola familiar no Pernambuco
colonial. Edt. Topbooks. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2000.
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda
Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Edt. 34. 3ª edição
definitiva. São Paulo, 2007.
MELLO, José Antônio Gonsalves. A
Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª
edição. Recife, 2003
"Planta da Restituição da Bahia"Atlas Estado do Brasil, João Teixeira Albernaz, o Velho, 1631. |
Quando os holandeses chegaram ao engenho
encontraram na casa de purgar e na das caldeiras, para a Companhia das Índias
Ocidentais: 04 caldeiras grandes, 04 tachos novos, 04 escumadeiras, 02 ditas
pequenas, 04 pombas, 02 reminhóis, 02 repartideiras, 02 tachas velhas, 08 bois,
02 vacas, 02 novilhos e, mais 06 escravos homens, 06 escravas mulheres e 06
crianças.
Como este engenho tinha muito pessoal e
seus canaviais se encontravam maduros, foi permitido ao feitor-mor Paulo Carvalho (nada foi encontrado) que o fizesse novamente moer e fielmente
administrar este engenho, como o fez antes, em proveito da Companhia e para
comodidade dos lavradores. Por isso ser-lhe-á concedido certo salário quando
prestar honestamente contas, e sob essas condições o referido engenho já
começou a moer para a Companhia, fazendo uma quantidade razoavelmente grande de
açúcar
Em 1640 segundo Dussen (pág. 159) o
engenho tinha sido incendiado e destruído e seus moradores fugidos.
Escravos fugitivos e capturados |
Curiosidades:
Publicado no Diário de Pernambuco no dia 06/03/1848: Escravos
Fugidos. - Fugiram, no dia 21 do próximo passado, do engenho Cucaú, comarca do
Rio Formoso, dois pardos, um de nome Patrício, quase aça, ou gazio, de estatura
regular, de 16 a 20 anos, cabelos pixaim e um tanto vermelho; e outro de nome
Agostinho, quase cabra negro acaboclado, cabelo um tanto corridos e crescidos,
de estatura baixa, cheio do corpo, olhos pequenos e um tanto avermelhados, fala
branda; não tem barba e se a tem é muito pouca; representa 25 a 30 anos.
Roga-se a todas as autoridades e pessoas particulares, que os apreendam e
levem-nos ao escritório do Sr. Manoel Gonçalves da Silva, na rua da Cadeia do
Recife, ou no mesmo engenho Cucaú, que serão bem recompensados pelo Sr.
Francisco da Silva Santiago, senhor dos ditos escravos.
José da Costa - Português. Fugiu de Portugal em circunstancias dramáticas e pitorescas.
Perseguido por agentes de justiça, com ordens de arrastá-lo vivo ou morto – por
ter jogado uma pedra a esmo, numa Praça de Restelo, que teria atingido a cabeça
de um cortesão ou de um clérigo poderoso - escapou em desabalada carreira pelas
ruas de Lisboa, alcançando um navio que se preparava para partir, no qual se
meteu com a roupa do corpo, sem saber para onde ia, até que os marinheiros o
despejassem, afinal, nas praias do Recife.
Casamento 01: Maria
da Silva.
Senhor dos engenhos: Burarema, Cabuçu, Catuama, Conceição,
Cucaú, Limão Doce/Amaraji, Maçaranduba/Timbauba, Mato Grosso /Água Preta,
Oncinha/Barreiros, Santo Antônio/Palmares e outros.
Atualmente o engenho se
transformou na Usina Cucau que foi edificada, em 1895, pela
Companhia de Melhoramentos em Pernambuco. Muitas figuras ilustres fizeram parte
como acionistas e diretores da Companhia, entre os quais: Manoel Borba e José
Rufino Bezerra Cavalcanti, ambos governadores de Pernambuco, Arthur de Siqueira Cavalcanti Filho, Barão de Águas Claras, Oscar Bernardo Carneiro da Cunha, coronel Júlio de Araújo, João Cardoso Ayres. Atualmente a usina
pertence ao Grupo Armando de Queiroz
Monteiro e integra, junto com a usina Laranjeiras, a Companhia
Geral de Melhoramentos em Pernambuco. A fase de expansão da empresa teve início
em 1944, quando o controle acionário da usina foi adquirido por Armando de
Queiroz Monteiro que assumiu sua presidência, transformou a antiga usina
através da modernização e incorporação de outras usinas, como a Tinoco,
Aipibú e Laranjeiras. A usina Cucaú conta atualmente com 29.733 hectares,
sendo 5.400 hectares de área mecanizada.
A
Usina possui 49 engenhos, entre os municípios de Rio Formoso, Ribeirão,
Gameleira e Serinhaém, 36 escolas, serviços de assistência à saúde e política
habitacional para seus operários. Há uma preocupação permanente dos seus
dirigentes com a qualidade e atualização dos equipamentos, implantação de novas
tecnologias e automação dos controles. O primeiro difusor para extração do
caldo instalado no Brasil foi adquirido pela empresa e instalado na usina
Cucaú, no final do século XIX.
Fontes
consultadas:
ANDRADE,
Manuel Correia de. História das usinas de açúcar de Pernambuco.
Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
GONÇALVES
& SILVA, O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife:
[s.n.], 1929. 90 p.
GONSALVES
DE MELLO, José Antônio. A Economia Açucareira. Fontes para a história do Brasil
Holandês. 2ª edição. Governo do Estado de Pernambuco. CEPE. Recife, 2004
MOURA,
Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco.
Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal
17).
PEREIRA,
Levy. "Macucaguĩ (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas -
Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Macucagu
%C4%A9_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 28/10/2013
http://www.dpnet.com.br/anteriores/1998/03/06/historia1.html