O engenho Santana, berço da Insurreição Pernambucana, um marco histórico do Pernambuco holandês e um dos mais antigos do município de Jaboatão dos Guararapes. Suas terras ficam localizadas no bairro de Sucupira/Jaboatão dos Guararapes, nas margens direita do Rio Jaboatão, como podemos ver no mapa PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernamb, plotado como 'S Anna', na margem direita do 'Iaucpoata' - 'Iarapóata' (Rio Jaboatão).
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Localização das edificações
do engenho
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Casa grande do eng. Santana/Jaboatão dos Guararapes |
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Conjunto de casa de moradores - Eng. Santana |
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Capela de Santana |
A capela do engenho, sob a invocação de Santa Anna, fica localizada na mesma elevação da casa grande, se destaca pela beleza de suas linhas e curvas sendo ligada a casa por um terraço lateral, que minha mãe dizia que tinha sido feito na grande e última reforma para as bodas de prata de meus avós. Na sua parede frontal existe uma placa onde se pode ler: Engenho Santana. Requisitado pelos holandeses. Adquirido por Fernandes Vieira. Pertenceu as famílias Soares Brandão, Carneiro da Cunha, Carneiro de Lacerda e em 1920 a Manoel Carneiro Leão que o deixou à sua filha D. Nita Carneiro de Novaes casada com o Senador da República Dr. Antônio de Novaes Filho (Ministro da Agricultura). 1950. (foto acima) Na sacristia existem lápides de proprietários, familiares, de “Dodô” a baba de minha mãe e dos meus tios, do meu pai Edvaldo Barreto Neves Baptista e de meu irmão Roberto Neves Baptista. NOTA: Durante o mês de maio o terço era rezado todos os dias e no fim do mês saía uma procissão em homenagem a São Joaquim e Santa Anna, acompanhada pelos moradores do engenho, visitantes e proprietários, sendo puxada por um grande andor enfeitado com flores com a imagem da Santa, que ficava depois guardado no coro na Igreja ao lado do grande sino.
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Antiga escola do engenho |
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Roda d'água que movia as moendas dos engenhos |
Rio Jaboatão - eng. Santana |
Em 24/09/1534, Duarte Coelho Pereira,
1º Donatário de Pernambuco recebeu autorização do Rei D. João III para
distribuir terras através do sistema de sesmaria, cujos sesmeiros tinha como
obrigação plantar a cana de açúcar, construir o engenho (fábrica) para
fabricação do açúcar, ou plantar lavouras de subsistência.
O sesmeiro em Pernambuco tinha a obrigação de cultivar a terra por um prazo de cinco anos, tornando-a produtiva: exploravam o pau-brasil, cultivavam a cana de açúcar ou lavouras de sustentação e, também, construíam engenhos também fazia parte de suas obrigações a administração da justiça, fora de quaisquer normas jurídica. Coletava multas e taxas locais, organizava forças militares, recrutava camponeses, exigia serviços para a conservação de estradas, pontes e fortificações, capturavam e escravizavam os indígenas. Os poderes de coação, assumidos pelos sesmeiros brasileiros, cujo maior ou menor prestígio dependia da quantidade de homens que possuía em sua sesmaria e que pudesse mobilizar a qualquer momento, fosse para o trabalho ou para a guerra. Esse tipo de poder foi acentuado em Pernambuco e na Bahia.
Em 29/05/1565, por carta de sesmaria, lavrada em Olinda, doou a 1º sesmaria da região de Sto. Amaro do Jaboatão (hoje Jaboatão dos Guararapes), a Gabriel de Amil, com 500 braças quadradas (1,1 km) de terras situadas na Ribeira do Rio Jaboatão, que foram judicialmente demarcadas em 14/09/1572.
Em 18/09/1576, Gaspar Prestes vende suas terras e mais 250 braças de largo e 500 de fundo, que tinha comprado a Jorge de Albuquerque (3º Donatário da Capitania) a Simão Falcão de Sousa que constrói o ENGENHO SANTANA/JABOATÃO DOS GUARARAPES, que começaria a moer em 1581, pagando 03% de pensão sobre o açúcar produzido.
Simão Falcão de Sousa doa em 01/09/1581 o engenho Santana para o seu genro Lopo Soares, a título de dote de casamento com sua filha Adriana Pessoa. Nota: O dote era uma forma de transmissão de riqueza para as mulheres no Brasil Colônia, e representava um adiantamento sobre a herança a que tinha direito e que seu pai lhe concedia para que ela casasse.
Em 1652 o engenho Santana pertencia a João Cavalcante de Albuquerque, que pagava 3% de todo o açúcar produzido ao Rei D. Miguel de Portugal, e a D. Maria de Albuquerque, herdeira de Duarte de Albuquerque Coelho, pelo contrato de rendeiro do engenho, o que cabia ao dízimo real (de cada dez arrobas, uma).
Após
a Insurreição Pernambucana (1655) o
engenho Santana volta a pertencer a Nicolau
Coelho de Lacerda, que era seu proprietário em 1623.
Ainda no século XVII aparece Manoel Xavier Carneiro da Cunha como rendeiro do engenho.
Em 1857 o engenho tinha uma população de 181 pessoas e segundo o censo feito nesse ano, essa população era composta de 46 brancos, 141 pardos e 04 crioulos. (PAES BARRETO, João Francisco Xavier. Uma Estatística Série de Quadros Concernentes. A Freguesia de Jaboatão. Tipografia de M. F. de Faria. 1857. Pág. 114. Engenho Santana)
http://lhs.unb.br/atlas/S._Anna