Engenho
Aiaman de Baixo/Igarassu-PE
Em 1535, Duarte Coelho, após receber a Capitania de Pernambuco, desembarca em Igarassu, terras do grupo Tupi e passa a distribuir terras entre as pessoas que o acompanharam nessa jornada, para construção de engenhos e fazendas.
Assim a Sesmaria de Jaguaribe
foi entregue em 1540, ao Feitor e Almoxarife da Casa Real de Pernambuco Vasco Fernandes Lucena (Costa,
1983), casado com D. Brites Dias Correa, de acordo com o registro no Livro do
Tombo do mosteiro de São Bento de Olinda.
“Duarte Coelho capitam e
Governador destas terras da Nova Lusitânia ... Faço saber a quantos esta minha
Carta virem, que a mim praz e hei por bem de doar deste dia para todo o sempre
a Vasco Fernandes, Cavalheiro da Casa del Rey nosso senhor, e seu Feitor e
Almoxarife nesta dita terram a terra que tem em Jaguaribe, a qual tem uma légua
de cumprido, e outra de largo, convém a saber, que desta terra declarada dou ao
dito Vasco Fernandes para ele o quarto dela e outro quarto dou a Francisco
Fernandes seu filho e outro quarto a Sebastião Fernandes seu filho e outro
quarto dou a Clara Fernandes, todos filho do dito Vasco Fernandes, a qual terra
ali demarcada o dito Vasco Fernandes, a repartirá pelos ditos seus filho,
como verdadeiro pai, para que não tenham
nenhumas baralhas uns com os outros, e ...
Em 1548 Vasco de Lucena começa a construir
o engenho Aiamã (Inhamã), que seria citado por Duarte Coelho ao Rei de
Portugal, como um dos 05 primeiros engenhos da Capitania. Nota: O nome Inhamã é
de origem tupi e segundo Alfredo Carvalho significa água em torno, círculo
d’água.
No ano de 1555 Jerônimo de
Albuquerque escreve ao Rei de Portugal, relatando que por conta de conflitos
entre indígenas e portugueses foram destruídos: o engenho de Afonso
Gonçalves (engenho Coronel/Igarassu) e o de Diogo Fernandes e Branca
Dias, (engenho Camaragibe/Camaragibe), refere-se, ainda, a um terceiro
engenho em Igarassu que ficou danificado (Costa, 1983), podendo ter sido, segundo
José Antônio Gonçalves de Mello, o engenho Aiaman devido à sua localização
citada.
Em 23.10.1600 o cassal Antônio Jorge e Maria Farinha desmembraram
parte das terras do engenho Aiama – 800 braças em quadra, e as doam aos
jesuítas do Colégio de Olinda, que construíram nela o engenho Monjope.
Não se sabe quando o engenho Aiaman
foi dividido em dois, mas segundo o Relatório de Adriaen Van Der Dussen ao
Conselho holandês dos XIX, entre os 10 engenhos existentes em Igarassu (1640),
estavam os engenhos Aiamã “de Cima e o de Baixo”.
Entre 1593/95 o nome do engenho Aiaman
é citado, no livro das Denunciações e Confissões de Pernambuco onde existe uma
denúncia contra Pedro Álvares – carpinteiro morador em Inhamã, acusado
do crime de bigamia.
Em maio de 1623, André Coelho de Faria aparece como proprietário do engenho Aiamã de Baixo, sendo suas terras localizadas na vila antiga de Igarassu, na margem esquerda do Rio Inhamã (Arroio Caité) que foram usadas pelos holandeses, para descanso de suas tropas quando se encaminhavam para o ataque a vila de Igarassu.
Em 1637 o engenho é inventariado
como pertencente a Manuel Jácome Bezerra,
possivelmente seu rendeiro. Nessa época até os idos de 1640 a sua fábrica moía
com um partido da fazenda (16 tarefas) e com 05 lavradores, num total de 71
tarefas (3550 arrobas). Lavradores:
ü
Francisco
Coelho - 15
tarefas; João Barbosa - 10 tarefas; João d'Oliveira - 08 tarefas;
Miguel Marinho - 12 tarefas; Simão Dias Rodrigues - 10
tarefas.
Dois documentos holandeses: Breve
discurso sobre o Estado das quatro Capitanias Conquistadas (1638) e o Relatório
sobre o Estado das Capitanias Conquistadas (1639) nos apresenta a
propriedade da seguinte forma:
1- Engenho Aiama de Baixo,
sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário, pertencente a Manuel Jácome
Bezerra, que ficou conosco; é engenho d’água e mói.
2 - Engenho Aiama de Riba,
sob a invocação dos Fiéis de Deus. Pertenceu a Pero da Rocha Leitão, que foi
enforcado no arraial por ter correspondência conosco; pertence agora aos seus
herdeiros, é engenho d’água e mói.
Em 07.07.1645: Segundo Joan Nieuhof
(1682), "Hartsteyn marchou com um destacamento de 90 soldados e 30 brasileiros
das guarnições de Recife e Itamaracá para Ajama e Jaguaribe, à procura dos
rebeldes. Não encontrando, porém, nenhum revoltoso, regressou por volta do
meio-dia e, na noite seguinte, marchou em direção às tropas de Haus.".
No ano de 1646 o engenho foi evacuado
e abandonado, suas terras são colocadas em leilão e arrematadas pelo líder da
Restauração Pernambucana João Fernandes Vieira,
que o vendeu ao Licenciado Pedro Monteiro de Queiroz,
conforme cita em seu testamento.
O engenho foi citado nos seguintes
mapas:
ü
PRÆFECTURÆ
PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de ITÂMARACÂ.
ü
IT (IAHGP-Vingboons,
1640) #43 CAPITANIA DE I. TAMARICA - plotado como 'Ԑ Anjama ∂ĭ ßaxo',
na margem direita do 'R. Anjama'.
ü
IT (Orazi,
1698) PROVINCIA DI ITAMARACÁ, plotado como 'Aniana de Baxo', a margem
direita do 'R Aniana'.
ü
PE (Orazi,
1698) PROVINCIA DI PERNAMBVCO, plotado, sem nome, na margem esquerda
do rio 'Aiama'.
Após a Insurreição Pernambucana
(1663), André Coelho aparece como devedor de 16.086 florins à Companhia
das Índias Ocidentais - WIC, e Manuel Jácome Bezerra, de 4.178 florins.
Hoje não se encontra vestígios de
suas edificações e suas terras ficam localizadas numa área urbana conhecida
como Congari/Igarassú
Fontes consultadas:
Borges
da Fonseca,
Antônio Jose Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro, vol. XLVIII, 1926. Vol. II. Rio de Janeiro, 1935.
CABRAL DE MELLO,
Evaldo. O Bagaço de Cana. Pág. 74. Edt. Penguin & Companhia das Letras.. 1ª
edição. São Paulo, 2012
E-book do I
Workshop de Geomorfologia e Geoarqueologia do Nordeste. Volume I. Fabrizio
de Luiz Rosito Listo, Demétrio da Silva Mützenberg, Bruno de Azevedo Cavalcanti
Tavares (Orgs.). Recife: GEQUA, 2016. 268 f.
E-book do I
Workshop de Geomorfologia e Geoarqueologia do Nordeste. Volume I. Fabrizio
de Luiz Rosito Listo, Demétrio da Silva Mützenberg, Bruno de Azevedo Cavalcanti
Tavares (Orgs.). Recife: GEQUA, 2016. 268 f.
https://docs.google.com/document/d/1cfOTkxMD5T8hBj2XvGYA1pFiFsrypaeIzzOAEZ0-WMY/edit?hl=en_US
https://www.facebook.com/InvturPE/posts/1984400728384750
Indicação do rio
Inhamã (Aiamá) no mapa do século XVII de Visscher, Claes Jansz
(1586-1652). Cartógrafo. Perfecte caerte der gelegentheyt van Olinda
de Pharnambuco, Maurits-Stadt ende t'Reiffo / door Claes Ianss
Visscher. 1648.
Nobiliarchia
Pernambucana, de Antônio Jose Victoriano Borges da Fonseca. Anais da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro.
PEREIRA DA COSTA,
F. A. Anais Pernambucanos. 1851-1923. FUNDARPE. Pág. 1:207, 208, 210 a 212,
221. 246, 316, 363, 403, 404; 3:443
PEREIRA, Júlia da
Rocha. A Rede da Indústria do açúcar: a Construção do Território de
Igarassu-PE. IPHAN-PE. Disponível em :
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t2_rede_industria_acucar.pd
1535- Vasco Fernandes
de Lucena –
Nascido em Portugal. Cristão velho. Filho de Sebastião de Lucena e de Maria de
Vilhena. NP de Vasco Fernandes de Lucena e de (NC). NM de Diogo de Azevedo (4º
Senhor da vila de São João de Rei/Braga e terra do Douro na província do Mino)
e de Maria de Vilhena (Maria da Cunha). Todos fidalgos valorosos, de quem faz memória o Teatro Genealógico (art. 123), cuja família
é uma das mais antigas do reino.
Como Fidalgo e Cavaleiro da Casa Real recebeu um despacho régio de Feitor e Almoxarife da Fazenda Real durante o embarque para Pernambuco, em 09.03.1535, acompanhando seu primo o 1º Donatário de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, para a Capitania de Pernambuco.
1º Alcaide-mor de Olinda. Homem
versado na língua dos gentios e muito estimado e temido por eles. Um dos mais
conceituados colonos, de modo que o Donatário, em uma carta dirigida ao Rei em
22.03.1548, dizia que:
"Por já ter escrito e por outras dado conta a Vossa Alteza do que aqui passa, como por elas, Senhor, verá, não lhe dou por esta mais conta que do seu feitor e almoxarife Vasco Fernandes, que Vossa Alteza mandou comigo há treze anos, o qual me pediu que dele desse conta a Vossa Alteza e lhe fizesse saber que há treze anos que aqui o está servindo, deixando sua mulher e filhos, sem mais tornar ao Reino, e assim é verdade. Em tudo em que foi necessário e convinha a seu serviço, o fez e deu boa conta de si, e certifico a Vossa Alteza que é muito homem de bem e desejoso de o servir e que não virá ele por mal, por ser homem manso e de boa consciência, o que em todos se não acha no tempo de agora."
Versado na língua indígena
conseguiu que a tribo de sua companheira indígena que renegasse a aliança estabelecida com os
franceses, se unindo aos colonizadores portugueses. Segundo Frei Vicente
Salvador, Vasco Fernandes era um homem temido e estimado pelos indígenas.
Recebeu do Donatário uma légua de
terra situadas em Jaguaribe/Olinda, cujo documento se encontra no Livro de
Tombo do Mosteiro de São Bento de Olinda. Dessa légua, segundo o documento,
ficou com um quarto dela e as demais foram divididas igualmente com seus
filhos: Francisco Fernandes, Sebastião Fernandes e Clara Fernandes, para que
não houvesse “disputas uns com os outros”.
Senhor do engenho Aiamã/Igarassu e
do Jaguaribe/Olinda.
CURIOSIDADES: Em torno dele foi
criado uma lenda que diz: no momento da disputa pela preferência, quando os
índios cercaram os colonos, Lucena teria discursado para a tribo, pedindo a
adesão a Portugal e ameaçando os que preferiam os franceses com a morte, caso
ousassem atravessar um risco que traçou no chão com a espada. Cinco teriam
tentado e morrido fulminados por um raio. Por causa do milagre, o risco que
traçou teria sido usado como base para a construção da principal igreja de
Olinda. No lugar em que Vasco de Lucena fez o dito risco foi erguida depois a
Igreja Matriz de Olinda, hoje a Igreja da Sé.
Duarte Coelho, em uma carta
dirigida ao Rei de Portugal, em 22/03/1548, descreveu o Alcaide-mor de Olinda,
Vasco Fernandes de Lucena, como "um funcionário cumpridor dos seus
deveres, homem de bem e de boa consciência, tendo sempre dado boa conta de si".
Ainda sobre Vasco Fernandes de
Lucena encontramos honrosa menção nas cartas de brasão de armas conferidas a
dois de seus descendentes, a primeira a 06/05/1790, a Teodoro Correia de
Azevedo Coutinho, e a segunda em 20/09/1800 em favor de Manuel Correia de Faria,
ambos do Estado do Maranhão. Na primeira das referidas cartas se lê o
seguinte: "Vasco Fernandes de Azevedo Lucena, fidalgo da casa real, foi
um dos primeiros descobridores e povoadores de Pernambuco, que pelos grandes
serviços que fêz naquele Estado para estender a sua povoação, que tôda se deveu
ao seu valor e atividade, como faz memória o Padre Frei Agostinho de Santa
Maria, Santuário Mariano, Tomo IX pag. 306, se lhe fêz mercê da alcaidaria-mor
de Pernambuco”.
Conforme o historiador Cândido
Pinheiro Koren de Lima sua data de morte é incerta, mas sabe-se que
em 1573 era já falecido, uma vez que em 12 de junho deste ano ocorreu
a demarcação judicial de suas terras, a requerimento de seus herdeiros.
C01- D. Brites Dias Correa,
em Portugal – Nasceu em 1529 e faleceu em 1560, aos 31 anos. Filha de João
Correia (Senhor da Torre de Ladras Gaião) e de Leonarda Inês, filha de outro
João Correia, o Português do Ladrão do Baião, no Bispado de Leiria.
1/3- Sebastião de Lucena de Azevedo – Nasceu antes de 1535, pois nesse ano acompanhou seu pai em sua viagem para a Capitania de Pernambuco. Voltou para Portugal. Comendador de Mata de Lobos. Guarda-mor de Lisboa.
C01- Jerônima de Mesquita Mendonça – Filha de Tomé Borges de Mesquita e de Catarina Pinhel. NP de D. Pedro Annes de Mesquita (Instituidor do Morgado de Giminões) e de Leonor Borges, que era filha de Gonçalo Borges. NM de Fernão de Pinhel e de Guiomar Gil Moniz, filha de Vasco Gil Monis. (c.g.);
2/3- Francisco Fernandes de Lucena – Veio para Pernambuco com seu pai.
C01-. (NC). G.g. em 1588: Maria de Lucena c.c. Antônio da Costa Feio e Beatriz de Lucena c.c. Miguel Pires Landim, mameluco;
3/3- Clara Fernandes de Lucena – Segundo alguns historiadores natural de Pernambuco, legítima ou natural de seu pai.
C01- Cristóvão
Queijada (Cavaleiro Castelhano. Alcaide-mor de Olinda). Deles procedem a
família Queijada da Paraíba e alguns Sacerdotes do Hábito de São Pedro. (c.g.).
R01- (NC) – Segundo Frei Vicente
Salvador, Vasco de Lucena se afeiçoara a uma índia da tribo Tabajara filha de
um principal dos índios. (c.g.)
Fontes consultadas:
Borges
da Fonseca,
Antônio Jose Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro, vol. XLVIII, 1926. Vol. II. Rio de Janeiro, 1935.
Cartas de Duarte
Coelho a El Rey - Reprodução fac-similar, leitura paleográfica e versão moderna
anotada» (PDF).
htt
https://geneall.net/pt/nome/20218/vasco-fernandes-de-lucena/
https://geneall.net/pt/nome/20219/sebastiao-de-lucena-de-azevedo/
https://gw.geneanet.org/carnoso?lang=en&p=vasco+fernandes&n=de+lucena
https://peoplepill.com/people/vasco-fernandes-de-lucena-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_Fernandes_de_Lucena
https://realcasadelucena.wixsite.com/dinastia-org/hist%C3%B3riadacasadelucena
https://sites.google.com/site/portaldoslucena/
https://www.geni.com/people/Jer%C3%B4nima-de-Mendon%C3%A7a/6000000016882072785
https://www.myheritage.com/names/brites_dias%20correia#
KOREN DE LIMA,
Cândido P. "Os Lucenas". Recife: Fundação Gilberto Freyre, 2014.
PEREIRA DA COSTA,
F. A. Anais Pernambucanos. 1851-1923. FUNDARPE. Pág. 1:207, 208, 210 a 212,
221. 246, 316, 363, 403, 404; 3:443
1600 - Antônio Jorge – (nada foi encontrado)
Em 23.10.1600, Antônio Jorge e Maria Farinha, senhores do engenho, desmembraram parte das terras do Iaman – 800 braças em quadra, e as doam aos jesuítas do colégio de Olinda, que constroem no local o engenho Monjope.
Senhor
do engenho Nossa Senhora do Rosário/Igarassu.
Nota: (Câmara Cascudo, 1956), pg.
183, explana a origem do nome Maria Farinha para a praia e o rio:
"Seis dias depois, a 23.10.1600
em Aiama, terra da vila dos Santos Cosmos, em as casas e aposentos de Antônio
Jorge, estando aí presente e bem assim Maria Farinha, sua mulher, receberam
deles mesmos Padres do Colégio, de amor de graça, um pedaço de terra, etc. Pe.
Serafim Leite.
C01: Maria Farinha (nada foi encontrado) – (c.g.
desconhecida)
Fonte
consultadas:
Câmara
Cascudo,
Luís da: GEOGRAFIA DO BRASIL HOLANDES, Livraria José Olímpio Editora, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil, 1ª Edição, 1956.
http://agenda-cultural-igarassu.blogspot.com.br/2010/05/engenho-monjope.html
MELLO, Evaldo
Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguim & Companhia das Letras. 1ª
edição. São Paulo, 2012. Pág. 73
PEREIRA, Levy.
"Iaguarĩ Vulgo Maria Farinha". In: BiblioAtlas - Biblioteca de
Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Iaguar%C4%A9_Vulgo_Maria_Farinha.
Data de acesso: 27 de novembro de 2021.
1623 - André Coelho de Faria – (nada foi encontrado)
1637 - Manuel Jácome
Bezerra – Natural de Viana do
Castelo/Portugal. Filho de Antônio Bezerra Jácome com uma criada (NC). Fidalgo
Escudeiro. Almoxarife da Fazenda Real da Capitania de Itamaeacá.
C01- D. Maria Peçanha do Amaral
ou "Maria Peçanha Cafonda" – Natural de Viana do Castelo/Portugal. Filha
de Damião Dias do Amaral e de Beatriz de Andrade. Filhos:
1/4- Antônio Jácome Bezerra – Fidalgo Escudeiro. Serviu na guerra contra os holandeses. Capitão. Sargento-mor. Tenente de Mestre de Campo General. Alcaide-mor de Igarassu, por carta de 03.10.1636. Coronel de Infantaria da Ordenança de Pernambuco, com 100 cruzados de soldado por mês, patente de 21.05.1666. Mestre de Campo de Infantaria paga. Senhor do engenho Catu;
2/4- João Bezerra Jácome – Fidalgo Escudeiro. Capitão de Infantaria na guerra contra os holandeses. Após 1663 serviu no mesmo posto de Capitão de Infantaria, no Terço do Mestre de Campo D. João de Souza, por Alvará do Conde de Óbidos, de 14.10.1664.
C01- D. Maria Pessoa – Filha de Antônio Correia Calheiros e de Marai Pessoa. (c.g.);
3/4- Manoel Jácome Bezerra – Juiz de Órfãos de Igarassu (1666).
C01- D. Maria de Brito – Filha de Diogo de Miranda Brito Borges e de Custória Gomes de Abreu;
4/4- Maria Bezerra –
C01- Segunda esposa de Antônio da Rocha Bezerra, o
Moço, filho de Antônio da Rocha Bezerra, o Velho, e de Maria de Holanda. NM de
Joao Gomes de Melo, o Velho, e Ana de Holanda. Nota: Antônio foi casado em 1ª
núpcias com Isabel do Prado, filha de Geraldo do Prado Leão, lavradores do
Engenho Inhamã de Cima.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca,
Antônio Jose Victoriano. Nobiliarchia Pernambucana. Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro, Anais de 1887-88. Vol 15 pag. 30. Anais 1925 Vol 47 - Pag: 43
https://www.geni.com/people/Maria-Pe%C3%A7anha-do-Amaral/6000000081023918552
1646 - João Fernandes Vieira (Francisco de Ornelas Moniz) – Nasceu em 29.06.1596/Funchal/Ilha da Madeira-PT e faleceu em
1679/Pernambuco. Filho de Francisco de Ornelas Muniz
com Antônia Mendes.
Como não era o filho primogênito -
herdeiro de todo o legado dos pais, se viu obrigado a emigrar para o
“Além-Mar”, para adquirir fortuna, como muitos jovens portugueses da época. Com
apena 10 anos de idade (1606), imigrou para Pernambuco adotando o nome de
João Fernandes Vieira, um disfarce muito usado pelos emigrantes portugueses, para poderem trabalha em serviços braçais sem que suas origens nobres fossem reconhecidas, o
que era desonra para a época.
No principio trabalhou como :Ajudante de Mascate. Auxiliar do
Mercador do comerciante Afonso
Rodrigues Serrão, que ao falecer o deixou como único herdeiro do seu
negócio e de algumas casas na Vila de Olinda. Voluntário da guerra holandesa
(1630).
Em 1634, participou da resistência
luso-brasileira no Forte de São Jorge. Após 1635, Fernando Vieira tornou-se
muito amigo de Jacob Stachouwer (Cons. Político da Cia. das Índias Ocidentais),
de quem depois foi Feitor-mor de seus engenhos: Ilhetas (N. Sra. de
França, ou N. Sra. de Guadalupe) /Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão
dos Guararapes. NOTA: Em seu
testamento Fernandes Vieira declarou sobre sua aproximação com Stachouwer: “Declaro que no tempo dos holandeses por
remir minha vexação e viver mais seguro entre eles, tive apertada amizade com
Jacob Estacour, homem principal da nação flamenga, com diferença nos costumes,
e com ele fiz negócios de conformidade e por conta de ambos (...)”.
Fernandes Vieira era descrito como
um homem de aspecto melancólico, testa batida, feições pontudas, olhos grandes
e de poucas falas, exceto quando se ocupava de si, pois desconhecia a virtude
da modéstia. Ativo, ambicioso e inteligente. Tendo em vista sua aproximação com
os luso-brasileiros e holandeses conseguiu sua ascensão econômica e social.
Com a partida de Stachouwer e de
seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira ficou como seu Procurador e passou
a lucrar com a administração dos engenhos e dos fundos do seu amigo e
benfeitor. Logo tomou posse definitiva de todos as propriedades dos dois
sócios. (Engenho: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou N. Sra. de
França, ou N. Sra. de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão
dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo), e assumiu os débitos contraídos por Stachower e de
Ridder na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que
nunca foi pago). Logo Vieira se tonou um dos homens mais ricos da Capitania,
proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Escabino de Olinda (1639) e do
Maurícia (Recife) (07/1641 - 06/1642 -
1642/43). Contratador de dízimos de açúcar da Capitania de Pernambuco e de
Itamaracá. Representante dos luso-brasileiros da Várzea do Capibaribe na
Assembleia convocada pelo Conde Maurício de Nassau para assuntos do governo
(1640). Mestre de Campo do Terço de Infantaria de Pernambuco. Participou da
defesa do Arraial do Bom Jesus/Recife (1635), com apenas 22 anos. Fernandes
Vieira levantou em Olinda a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, hoje
conhecida por Santa Thereza, onde antigamente funcionava o Colégio das Órfãs,
antes dos Órfãos.
Embora fosse um dos mais
importantes senhores de engenho da Capitania, para ser incorporado a elite
pernambucana, em razão de sua suposta cor parda, do seu “defeito mecânico”
(trabalhos manuais) e de sua “falta de qualidade de origem”, teve que contrair
matrimônio com uma moça pertencente a uma das famílias mais importantes da
Capitania. Com o casamento Fernandes Vieira que já era Colaborador e
Conselheiro em Assuntos Brasileiros do Governo Holandês se tornaria, também um
dos homens mais importantes da Capitania, com apoio da comunidade
luso-brasileira através do seu prestígio econômico e social, e de doações para
igrejas, confrarias e pessoas necessitadas.
Após a partida do Conde Maurício de
Nassau (1644), Vieira influenciado pelo seu sogro, viu a intensificação da
insatisfação do povo pernambucano, percebendo as vantagens econômica e social a
serem alcançadas com a expulsão dos holandeses e da Companhia das Índias
Ocidentais, passou para o lado dos Insurrectos pernambucanos.
Reúne-se com várias lideranças
rurais nas matas do engenho
Santana/Jaboatão dos Guararapes, onde traçam os planos para expulsar os
holandeses do Brasil. Como contragolpe, lança a campanha de Restauração de
Pernambuco, servindo-se da mesma táctica manhosa dos inimigos e passa a
circular nos dois lados: holandeses e luso-brasileiros. Nessa mesma época os
holandeses o chamam para ser Agente de Negócios da Companhia e membro do seu
Conselho Supremo, ficando Vieira, conhecedor de todas as tramas e recursos.
João Fernandes Vieira escreve a D.
João IV pedindo-lhe licença para resgatar as Capitanias invadidas da mão dos
usurpadores, ao que o Monarca se opõe. Descobrindo os holandeses os seus
intentos, atraíram-no ao Recife, mas Vieira iludiu-os e pôs-se em campo,
levantando a bandeira da Insurreição Pernambucana – de fazenda em fazenda, de
engenho em engenho incentivando a revolução e declarando traidores os que não
seguissem a sua causa.
O Conselho holandês põe a cabeça de
Vieira em prêmio e em resposta Fernandes Vieira põe preço a cabeça dos membros
do Conselho e se torna um dos líderes da chamada Insurreição Pernambucana e um
dos heróis da Restauração de Pernambuco. NOTA: Segundo José
Antônio Gonçalves de Melo: a insurreição de 1645 foi preparada por
senhores de engenho, na sua maior parte, devedores a flamengos ou aos judeus.
Foi nitidamente um levante de elementos rurais, no qual tomaram parte, negros
escravos, lavradores, pequenos proprietários de roças, contratadores de corte
de pau-brasil, e outros.
Após a tomada do eng. Casa Forte,
Vieira voltou com seus homens ao seu engenho São João/Recife-Várzea do
Capibaribe, e de lá iniciou um sistema de estâncias militares, espécie de
fortificações onde pudessem estar seguros e guardar pólvora e munições de
guerra. Vieira participa da guerra contra os holandeses e, vence junto com sua
tropa, a Batalha das Tabocas em Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a
Batalha de Casa Forte/Recife, junto aos heróis: André Vidal de Negreiros,
Henrique Dias e Felipe Camarão, em 17/08/1645.
Com a Batalha dos Guararapes, sob o
comando do General Barreto de Meneses, em 19/04/1648 e 19/02/1649, os
holandeses são finalmente vencidos e expulsos de Pernambuco e, como recompensa
pelos serviços prestados na guerra João Fernandes Vieira é nomeado pelo Rei D.
João IV, como: de Governador da Paraíba (1655/57), Capitão General do Reino de
Angola (1658/61) e Superintendente das Fortificações de Pernambuco e das
Capitanias vizinhas, até o Ceará, (1661/81).
Depois do tratado de paz entre
Portugal e a Holanda (1661), Fernandes Vieira figurava em 2º lugar na lista de
devedores dos brasileiros à Companhia das Índias Ocidentais, com o débito de
321.756 florins, cuja dívida nunca foi paga, pois alegou no seu Testamento que
os chefes holandeses é que eram seus "devedores de mais de 100 mil cruzados (...)
de peitas e dádivas a todos os governadores (...) grandiosos banquetes que
ordinariamente lhes dava pelos trazer contentes".
Já idoso Fernandes Vieira encomenda
ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre a sua vida, exaltando seus feitos, a
exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito sobre o Conde Maurício de Nassau,
surgindo assim o Castrioto Lusitano, no qual o autor o compara ao
príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg Castrioto (herói da guerra contra
os turcos e a Sérvia pela recuperação da Albânia, que havia sido anexada à
Turquia). Vieira falece, com 85 anos de idade, em 10/01/1681-Olinda, mas só em
1886 seus restos mortais foram descobertos na capela-mor da igreja do Convento
de Olinda. Em 1942, seus ossos foram trasladados para a Igreja de Nossa
Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, sendo depositados na parede da
capela-mor, com uma inscrição comemorativa.
Senhor dos
engenhos: Abiaí/Itamaracá; Abreu/Tracunhaém; do Meio/Recife-Várzea;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas (Nossa Senhora de França, ou Nossa
Senhora de Guadalupe)/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote (Santa Luzia, depois
Sacambu)/Cabo de Santo Agostinho; Jaguaribe/Abreu e Lima; Santana/Jaboatão
dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos Guararapes - Muribeca; Santo
Antônio/Goiana; São João (antes Nossa Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho
ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho. Na Paraíba: Inhaman,
Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri
de Baixo e Tibiri de Cima.
C01: D. Maria César, em 1643 – Filha do
madeirense e senhor de engenho Francisco Berenguer de Andrade (eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa
estirpe perante o clã dos Albuquerque, e de Joana de Albuquerque. (s.g.).
Filhos
fora do casamento:
01- Manuel Fernandes Vieira – Filha como (N). Sacerdote do hábito de São Pedro com ações de algumas Mercês de seu Pai. Vigario de Itamaracá e senhor do engenho Inhaman. Perfilhado nos livros de Sua Majestade. Herdou a Comenda de Santa Eugénia Alla, que tinha pertencido ao seu pai;
02- D. María Joanna – Filha tida com D. Cosma Soares.
C01- Jeronimo Cesar de Mello (Fidalgo da Casa Real, Cavalheiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor de Maranguape ; filho de Agostinho Cesar de Andrada (Gov. do Rio Grande do Norte) e de D. Laura de Mello);
03- D. Joanna Fernandes Cesar – Filha com (N).
C01- Gaspar Achi'oli de Vasconcellos, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, filho de João Baptista Achioli e de sua mulher D. Maria de Mello. Alcaide-mor da cidade da Paraíba do Norte, e senhor do eng. Santo Andre;
04- Maria de Arruda – Filha com (N)).
Falecida ainda criança.
Fontes consultadas:
BORGES DA FONSECA,
Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902 Vol. 24; 1925
Vol. 47; 1926 Vol. 48
CALADO, Frei
Manoel. O Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São
Paulo, 1943, tomo I, p. 318 e tomo II, p. 12, 14
Diário de
Pernambuco. Os Holandeses em Pernambuco – Uma História de 24 anos. João Fernandes
Vieira. Publicado em 22.09.2003.
Fontes para
História do Brasil Holandês – 1636, Willem Schott. A Economia Açucareira.
Inventário feito pelo Conselheiro Schott Cia. CEPE, MEC/SPHAN/Fundação
Pró-Memória Local: Recife, 1981
Francisco Adolpho
de Varnhagen, E. e H. Laemmert, 1857. Historia geral do Brazil, Volume 2.
GASPAR,
Lúcia. João Fernandes Vieira. Pesquisa Escolar Online,
Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br
http://jconline.ne10.uol.com.br/busca/?q=engenho-jaguaribe Publicado em
07/10/2015, às 08h08 por Cleide Alves
http://madeiragenealogy.com/2010/06/19/joao-fernandes-vieira/
MELLO, Evaldo
Cabral de. O Bagaço de Cana: os engenhos de açúcar do Brasil holandês. Edt.
Penguim & Companhia das Letras.1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 74.
MELLO, José Antônio
Gonsalves de. Restauradores de
Pernambuco: biografias de figuras do século XVII que defenderam e
consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes Vieira. Recife: Imprensa
Universitária, 1967. 2
PEREIRA, Levy.
"Iaguarĩ (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do
Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/atlas/Iaguar%C4%A9_(engenho). Data de acesso: 9
de dezembro de 2017
Revista do
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco Volume 1, Edições 1-12
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Vol. LVI. Recife, 1981.
SANTIAGO, Diogo
Lopes, História da Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e
Artístico de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258
1646 - Pedro Monteiro de Queiroz – Licenciado. (Nada foi encontrado).